PERANTE O MARKETING ENGANADOR, Questões
que se colocam…
O marketing enganador
do Governo e do Ministério da Saúde, começou a funcionar, para relativizar o
número de cirurgias adiadas, devido à “Greve Cirúrgica” dos ENFERMEIROS dos
cinco blocos operatórios de centros hospitalares e universitários.
Veja-se a notícia
do Jornal “O Público”:
“Os números do
Ministério da Saúde enviados à agência Lusa mostram que foram realizadas até 13
de Janeiro um total de 2291 operações das mais de 7500 canceladas entre 22 de
Novembro e 31 de Dezembro, período durante o qual durou a greve dos enfermeiros
em blocos operatórios em cinco grandes centros hospitalares.” Fonte: Público –
2019-01-24
Algumas questões
se levantam e merecem reflexão:
- Se neste curto espaço de tempo (que duvido e quem conhece o sistema, tal como eu, deve duvidar), foram repostas 30% das cirurgias adiadas com a “GREVE CIRÚRGICA”, então porque há listas de espera, do passado, tão grandes?
- Foram adiadas, cerca de 10.000 ou mais cirurgias. Como é que, consideram agora, só 7.500?
- Mas para serem repostas estas cirurgias – 2291 cirurgias (?) – também se fizeram as que estavam já em lista de espera, anteriormente? E essas continuam em lista de espera? Como é possível?
- Ou estas cirurgias que foram adiadas, foram feitas a todo o vapor, agora em “SIGICs” ou contratualizadas com o privado?
- Então, nesta resposta tão célere às cirurgias adiadas, se for usado o mesmo critério, não há razão para haver listas de espera de vários anos, como se verificava e verifica! Haja decoro!
Podem ser verdadeiros
os números que o Ministério da Saúde publicou. Mas, eu como cidadão, igual a
tantos outros, tenho o direito de duvidar desta “performance”, sabendo e
conhecendo nós as dificuldades que existem com a falta de recursos humanos,
nomeadamente ENFERMEIROS e Anestesistas no SNS.
Depois, não se
podem fabricar tempos de bloco operatório. E a vaga e disponibilidade de camas
também é limitada, porque há doentes internados. Isto são circunstâncias reais
e limitantes.
Perante estas
notícias e números, as cirurgias adiadas, ou eram cirurgias de ambulatório, em
que a convalescença é feita no domicílio do doente. Ou foram enviadas para as
convenções, as tais que dão bom dinheiro a ganhar ao sector privado, e por isso,
esta “rapidez” no agendamento e execução! E se foi este segundo caso, quanto
custou ao erário público?
Esta notícia,
para mim, enferma de vieses graves e não passa de marketing enganador, na
tentativa de limitar e cercear a “GREVE
CIRÚRGICA 2”, que irá avançar, caso no dia 30 de Janeiro, o Ministério da
Saúde não apresente propostas válidas aos ENFERMEIROS PORTUGUESES,
representados pelos Sindicatos ASPE e SINDEPOR.
Para além disso,
é preciso fazer uma leitura política da questão, e o Governo não está
interessado na agitação social, particularmente na Saúde, provocada pelos
ENFERMEIROS PORTUGUESES, num período e num ano de eleições Europeias (Maio de
2019) e Legislativas (Outubro de 2019). Portanto, há que passar para a opinião
pública, a tentativa de uma gestão, que é enganosa, para demonstrar o inverso
do que se está a passar. E também, manipular a opinião pública e a Sociedade,
para lançar o odioso para os ENFERMEIROS. Mas isso, com todas as manobras que houve
durante a “GREVE CIRÚRGICA 1”, não resultou na culpabilização desta Classe
Profissional.
Julgo ser dever,
da Comunicação Social, fazer o contraditório das informações e notícias e
investigar pelos seus próprios meios, a demagogia, a inverdade e as cortinas de
fumo que se lançam, tentando maquilhar a realidade.
Aos ENFERMEIROS
PORTUGUESES resta-lhes serenidade, lealdade, cumprimento dos princípios éticos e
deontológicos e defesa do SNS e dos direitos dos cidadãos, neste âmbito. Aos
Sindicatos, que verdadeiramente representam e defendem os direitos da Classe
Profissional, exige-se afirmação dos princípios reivindicativos, defesa da
verdade e lealdade com os seus representados. As negociações não podem nivelar
por baixo, só ao gosto e desejo de uma das partes, porque isso é uma má negociação.
Se for imposição, também não é negociação!
Os ENFERMEIROS
PORTUGUESES estão numa postura e linha de força de, não recuo!
JUNTOS SOMOS MAIS
FORTES! Assim o saibamos e queiramos sê-lo!
Humberto
Domingues
Enf. Espec. Saúde
Comunitária
2019.01.24 – 07H30
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