quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

PERANTE O MARKETING ENGANADOR, Questões que se colocam...


PERANTE O MARKETING ENGANADOR, Questões que se colocam…

O marketing enganador do Governo e do Ministério da Saúde, começou a funcionar, para relativizar o número de cirurgias adiadas, devido à “Greve Cirúrgica” dos ENFERMEIROS dos cinco blocos operatórios de centros hospitalares e universitários.

Veja-se a notícia do Jornal “O Público”:
“Os números do Ministério da Saúde enviados à agência Lusa mostram que foram realizadas até 13 de Janeiro um total de 2291 operações das mais de 7500 canceladas entre 22 de Novembro e 31 de Dezembro, período durante o qual durou a greve dos enfermeiros em blocos operatórios em cinco grandes centros hospitalares.” Fonte: Público – 2019-01-24

Algumas questões se levantam e merecem reflexão:
  • Se neste curto espaço de tempo (que duvido e quem conhece o sistema, tal como eu, deve duvidar), foram repostas 30% das cirurgias adiadas com a “GREVE CIRÚRGICA”, então porque há listas de espera, do passado, tão grandes?
  • Foram adiadas, cerca de 10.000 ou mais cirurgias. Como é que, consideram agora, só 7.500?
  • Mas para serem repostas estas cirurgias – 2291 cirurgias (?) – também se fizeram as que estavam já em lista de espera, anteriormente? E essas continuam em lista de espera? Como é possível?
  • Ou estas cirurgias que foram adiadas, foram feitas a todo o vapor, agora em “SIGICs” ou contratualizadas com o privado?
  • Então, nesta resposta tão célere às cirurgias adiadas, se for usado o mesmo critério, não há razão para haver listas de espera de vários anos, como se verificava e verifica! Haja decoro!

Podem ser verdadeiros os números que o Ministério da Saúde publicou. Mas, eu como cidadão, igual a tantos outros, tenho o direito de duvidar desta “performance”, sabendo e conhecendo nós as dificuldades que existem com a falta de recursos humanos, nomeadamente ENFERMEIROS e Anestesistas no SNS.
Depois, não se podem fabricar tempos de bloco operatório. E a vaga e disponibilidade de camas também é limitada, porque há doentes internados. Isto são circunstâncias reais e limitantes.

Perante estas notícias e números, as cirurgias adiadas, ou eram cirurgias de ambulatório, em que a convalescença é feita no domicílio do doente. Ou foram enviadas para as convenções, as tais que dão bom dinheiro a ganhar ao sector privado, e por isso, esta “rapidez” no agendamento e execução! E se foi este segundo caso, quanto custou ao erário público?

Esta notícia, para mim, enferma de vieses graves e não passa de marketing enganador, na tentativa de limitar e cercear a “GREVE CIRÚRGICA 2”, que irá avançar, caso no dia 30 de Janeiro, o Ministério da Saúde não apresente propostas válidas aos ENFERMEIROS PORTUGUESES, representados pelos Sindicatos ASPE e SINDEPOR.

Para além disso, é preciso fazer uma leitura política da questão, e o Governo não está interessado na agitação social, particularmente na Saúde, provocada pelos ENFERMEIROS PORTUGUESES, num período e num ano de eleições Europeias (Maio de 2019) e Legislativas (Outubro de 2019). Portanto, há que passar para a opinião pública, a tentativa de uma gestão, que é enganosa, para demonstrar o inverso do que se está a passar. E também, manipular a opinião pública e a Sociedade, para lançar o odioso para os ENFERMEIROS. Mas isso, com todas as manobras que houve durante a “GREVE CIRÚRGICA 1”, não resultou na culpabilização desta Classe Profissional.

Julgo ser dever, da Comunicação Social, fazer o contraditório das informações e notícias e investigar pelos seus próprios meios, a demagogia, a inverdade e as cortinas de fumo que se lançam, tentando maquilhar a realidade.

Aos ENFERMEIROS PORTUGUESES resta-lhes serenidade, lealdade, cumprimento dos princípios éticos e deontológicos e defesa do SNS e dos direitos dos cidadãos, neste âmbito. Aos Sindicatos, que verdadeiramente representam e defendem os direitos da Classe Profissional, exige-se afirmação dos princípios reivindicativos, defesa da verdade e lealdade com os seus representados. As negociações não podem nivelar por baixo, só ao gosto e desejo de uma das partes, porque isso é uma má negociação. Se for imposição, também não é negociação!

Os ENFERMEIROS PORTUGUESES estão numa postura e linha de força de, não recuo!

JUNTOS SOMOS MAIS FORTES! Assim o saibamos e queiramos sê-lo!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.01.24 – 07H30

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