sábado, 23 de abril de 2022

QUE LIBERDADES E VALORES DO 25 DE ABRIL, QUEREMOS?

 QUE LIBERDADES E VALORES DO 25 DE ABRIL, QUEREMOS?


Estamos perto de comemorar os 50 anos da “Revolução de Abril”. Temos até Já, mais tempo de democracia do que os anos de ditadura.Com o 25 de abril construiu-se a ideia romântica da conquista da liberdade e direitos “iguais para Todos”!

E eis que, precisamente na preparação destes 50 anos do 25 de Abril de 1974, o responsável por esta preparação e organização cerimoniosa é o que expõe uma das muitas desigualdades que a democracia nos trouxe, ao auferir um vencimento de vários milhares de euros (4.500€/mês). Este vencimento é atribuído ao “Comissário” (do PS) Executivo das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, com início destas comemorações a 24 de Março de 2022, terminando a 31 de Dezembro/2026. Entretanto, este mesmo “Comissário” é nomeado Ministro da Cultura, no XXIII Governo Constitucional.

Quantos Cidadãos auferem este vencimento mensal? Quantas pessoas têm como reforma este valor? Quantos cidadãos têm como rendimento 4.500€ anuais, até? Incompreensíveis estas “igualdades” de Abril!

Apesar da melhoria da qualidade de vida, que é indiscutível, acesso à educação, à saúde e à segurança social, hoje estamos, em certa medida e em relação a momentos já vividos, em regressão a esses valores e condições de vida, desta jovem democracia.

As condições de trabalho são medianas, os vencimentos e remunerações são baixos. Um salário mínimo baixo e o salário médio que se esbate em achatamento, na aproximação ao mínimo e não, na progressão idêntica à valorização do salário mínimo.

Apesar do direito à saúde ser uma conquista importante e a existência de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) inquestionável, o acesso aos cuidados de saúde é francamente desigual, desequilibrado e sem equidade. Faltam profissionais de saúde, nomeadamente Enfermeiros, para dar uma cabal resposta às necessidades reais de cuidados de saúde aos cidadãos doentes.

A política não actua de forma igual, na defesa e expressão livre dos cidadãos, servindo antes, interesses partidários e opções menos claras e transparentes, em favor de uma reduzida “casta”. O Estado não protege, não compensa, nem repõe como devia, o património dos Cidadãos, que cabia ao Estado proteger. Muitos partem desta vida terrena, sem verem os seus bens e direitos repostos, em tempo e com justiça: veja-se os casos dos incêndios de Pedrogão, indemnizações a bombeiros feridos e queimados, a polícias agredidos e mortos no desempenho de funções, enfermeiros, médicos e professores agredidos, quando ao serviço dos Cidadãos, etc.!

Cidadãos que trabalham uma vida, cheia de sacrifícios e pagamento de exorbitantes impostos, auferem míseras reformas, muitas delas andando nas escassas três centenas de euros, muito inferiores aos subsídios de muitos que não querem trabalhar (Rendimento Social de Inserção) ou então de imigrantes e/ou refugiados (não estou a falar nos de agora-Ucrânia) subsidiados pela UE.

Vemos estádios de futebol cheios de pessoas, de agressões e impropérios, mas “ocos” de riquezas de outra cultura ou valores!

Vemos a exigência de muitos direitos, mas o contributo para os deveres com a Sociedade, sempre adiados.

Vemos um Estado gastador e capturado pelas clientelas partidárias, onde impera na ocupação dos lugares e boas colocações, a afinidade com o cartão de militância (hoje mais do que nunca), em desfavor da competência, da capacidade de trabalho e de gestão de recursos e do serviço prestado aos Cidadãos.

Vemos uma imprensa (não toda) sem isenção, vergada ao poder político vigente, que influencia, que deturpa, com grandes lacunas de rigor e de erros ortográficos, de escrita e de informação tendenciosa, diária e permanente. Esta Imprensa, hoje, capturada por subsídios governamentais – aqueles 15 milhões, lembram-se?

Vemos uma Sociedade acomodada, pouco exigente, pouco empreendedora e manifestamente tolerante com a perda de direitos. Uma Sociedade acantonada no nada e assustada, maquiavelicamente manipulada!

Como alguns dizem, rostos e valores de Abril esquecidos ou que se tentam fazer esquecer. Desvalorização de um 25 de Novembro/75, onde verdadeiramente se estabilizou a democracia representativa em Portugal.

E precisamente, um dos grandes obreiros da estabilidade e do equilíbrio democrático, General Ramalho Eanes, o primeiro Presidente da República eleito, que nas comemorações dos 40 anos das Eleições Presidenciais em democracia, profere uma frase provocatória, filosófica e real: “A República de Abril oferece todas as liberdades, mas esqueceu-se que é necessário criar cidadãos, sobretudo através da educação. Pouco se fez para que a cidadania adulta, exigente e participativa existisse.” Isto foi em 2016. Hoje, em 2022, mais evidente e mais sentido faz esta frase.

Temos uma Justiça lenta, desigual, cara e que, quando julga, muitas vezes não se faz justiça, face ao lapso de tempo entre o início e a sentença transitada em julgado. Assim… não há justiça, justa!

Chegados aqui, interessa perguntar:

Que liberdades, que igualdades, que oportunidades, que pensamento crítico, que Abril nos quis trazer e quais os que ainda existem? Quais os que a Sociedade deve rejeitar, promover e fortalecer? Quais os que deve recusar, logo?

Quais os desígnios que a Sociedade Portuguesa vai querer manter, contra atropelos e complexos ideológicos?

Quais os que deve afirmar e defender num País e numa Europa pluralista?

Terá a Nossa Sociedade capacidade, sem fundamentalismos, nem preconceitos, para se insurgir contra a tentativa do apagamento de um passado glorioso, conquistador e corajoso? E que coragem lhe restará hoje, para combater as ditaduras (ainda que encapotadas), os radicalismos de esquerda ou direita, e defender o pluralismo e os direitos do Homem, com princípios e valores humanistas e de respeito pelas diferenças e minorias?

Humberto Domingues

Enf. Espec. Saúde Comunitária

2022.04.20

sábado, 9 de abril de 2022

VI CONGRESSO DOS ENFERMEIROS

 VI CONGRESSO DOS ENFERMEIROS


Já está disponível o programa completo do VI Congresso dos Enfermeiros, que decorre de 5 a 7 de Maio, em Braga. 

Conheça os oradores, os temas e informe-se sobre todas as sessões que vão decorrer no Grande Auditório, Pequeno Auditório e Consultórios. Contamos com todos!

Link:
https://www.congressodosenfermeiros.com/programa/programa-resumo?rooms=Grande+Audit%C3%B3rio&days=05+Maio
Fonte: Ordem dos Enfermeiros 

GOVERNO NOVO, PROBLEMAS VELHOS!

 GOVERNO NOVO, PROBLEMAS VELHOS!

 


No passado dia 30 de Março, tomou posse, perante Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, o XXIII Governo Constitucional, liderado pelo Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa. Governo este suportado pela expressiva votação que lhe deu maioria absoluta.

É um Governo novo, mas com muitos Ministros e Secretários de Estado que transitaram o anterior executivo, como é o caso da Sr. Ministra da Saúde, Doutora Marta Temido. Para além de ser um Governo novo, trás consigo problemas velhos, que vêm de anteriores Governos do Partido Socialista e de outros, também!

Assim, com um novo Governo que mereceu a concordância do Sr. Presidente da República e com a larga maioria absoluta no respaldo do plenário da Assembleia da República, não há desculpas, nem com a “Pandemia”, nem com a “guerra” nem com falta de apoio político, para que o Governo não faça e não corrija as desigualdades, as injustiças e os erros do passado, nomeadamente no SNS e com os Profissionais de Saúde, onde sobressaem, os Enfermeiros.

Podemos dizer que chegou o momento da verdade!

Sendo certo que, com a apresentação do Programa do Governo e aprovado o Orçamento de Estado, com 6 meses do ano já decorrido, pouco haverá a fazer, mas há sempre tempo para iniciar o cumprimento de promessas eleitorais, como por exemplo a reposição dos pontos de contagem de tempo aos Enfermeiros, em 2022, como afirmou o Sr. Primeiro-Ministro, se o Governo não tivesse “caído”, o Orçamento chumbado e a Assembleia da República dissolvida.

·        Reconhecimento da Profissão de Enfermagem como de desgaste rápido e atribuição de subsídio de risco;

·        Atribuição da reforma aos 60 anos de idade;

·        Abertura de concursos para Enfermeiros Especialistas e Enfermeiros Gestores;

·        Colmatar as faltas de Enfermeiros nas diferentes Regiões do País, nos Hospitais, Centros de Saúde e Unidades Funcionais;

E será o momento da verdade também, para:

·        Posicionamento dos diferentes Grupos Parlamentares, face às propostas do Governo, nomeadamente, para o SNS e para a Carreira de Enfermagem, e contagem dos pontos de tempo de serviço;

·        Postura dos Sindicatos dos Enfermeiros, dos Médicos e da Função Pública;

·        Daqui para a frente,  o que dirá, o que fará e que autoridade usará Sua Excelência O Presidente da República, Prof Doutor Marcelo Rebelo de Sousa?

Como cidadão e como Enfermeiro, que acredito plenamente no SNS e nas suas virtudes, desejo à Srª. Ministra, as melhores felicidades e um bom mandato do seu ministério, ao serviço da Nação. Desejar as melhores felicidades à Srª. Ministra da Saúde é desejar que passe a escutar, respeitar e dialogar com os Enfermeiros, como Classe mais numerosa do SNS e resolva as injustiças que perpetrou até agora, numa luta política nunca antes vista. É desejar que sejam cumpridas as dotações seguras nos serviços, para bem dos Cidadãos doentes e dos profissionais, também. É desejar que deixe de haver urgências e serviços de Pediatria encerrados por falta de médicos. É desejar que as grávidas possam dar à luz nas suas regiões e não tenham que fazer 200 e mais quilómetros, para os hospitais de Lisboa, por falta de Equipas nos seus hospitais de referência. É desejar que as listas de espera de cirurgias e primeiras consultas de especialidades não sejam adulteradas e efectivamente se reduza o tempo de espera.

Permita-me Srª. Ministra lembrar-lhe que, os políticos passam e o seu poder é efémero, mas as instituições ficam. O SNS é uma instituição, já com mais de 40 anos, que merece todo o respeito, assim como os Enfermeiros e todos os outros Profissionais de Saúde, porque estes serão sempre técnicos, e são eles, que asseguram a qualidade dos cuidados prestados ao Cidadão e, por isso mesmo, merecem o seu maior respeito. É tempo de abrir o diálogo, conversações, negociações e trabalho conjunto profícuo, deixando para trás as desconfianças, os insultos, a perseguição e as difamações. Este seria o momento certo de pacificação e diálogo que aconteceria, com a responsabilidade política aumentada da Srª. Ministra da Saúde, sendo certo que esta responsabilidade política é também repartida em grande medida, para o bem e para o mal, com o Sr. Primeiro-Ministro, Dr. António Costa.

Assim, sem sofismas nem cinismo, desejo que a Srª. Ministra da Saúde possa (re)entrar, agora, com o “pé direito” no seu Ministério, e que o período de campanha eleitoral e eleições lhe tenham dado um pouco de humildade, aumentado a capacidade de ouvir e escutar os Enfermeiros e respeitar as diferenças, para uma sadia convivência democrática, em favor do cidadão que merece ser cuidado, tratado e atendido na sua dimensão holística, com um SNS à altura dos seus desígnios constitucionais. E também, porque a 7 de Março se comemora o “Dia Internacional da Saúde”.

Humberto Domingues

Enf. Espec. Saúde Comunitária

2022.04.07

quinta-feira, 7 de abril de 2022

DIA MUNDIAL DA SAÚDE-7 DE ABRIL

 DIA MUNDIAL DA SAÚDE-7 DE ABRIL

“Nosso planeta, nossa saúde” é o tema deste ano do Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 7 de Abril desde 1950. Todos os dias os Enfermeiros ajudam a construir um mundo mais saudável! Este dia também é vosso #ordemenfermeiros #ninguemestasozinho #oms #worldhealthyday

Fonte Ordem dos Enfermeiros 

Humberto Domingues 

Enf. Espec. Saúde Comunitária 

2022.04.07

DESAFIOS PARA A MINISTRA DA SAÚDE E SNS

DESAFIOS PARA A MINISTRA DA SAÚDE E SNS Nas diferentes épocas sazonais, como é o caso do Verão, o Ministério da Saúde está sempre sob “pro...