EPÍLOGO
DESGASTANTE. GOVERNO EMPURRA ENFERMEIROS PORTUGUESES PARA A LUTA!
Após
muitos meses de negociações, umas a fazer de conta, outras, mais recentes,
verdadeiras negociações, chegam ao seu epílogo sem acordo do Ministério da
Saúde/Governo com os Sindicatos dos ENFERMEIROS PORTUGUESES.
De
certa maneira, sem surpresa mas com tristeza, vejo as negociações,
espartilhadas ao longo de imenso tempo (mais recente: uma legislatura) a
desaguar num terreno infértil, numa praia deserta e inóspita, num terreno
minado e armadilhado pelos “inimigos e vendilhões do templo”.
Não
faltam responsáveis, que seriam facilmente apontáveis, por este culminar, e por
onde levaram e trouxeram a ENFERMAGEM, escolhendo caminhos errôneos, sem
estratégia nem dignidade, ao longo de anos e anos, degradando e destruindo
carreiras, remunerações, estatutos e vulgarizando a Classe de Enfermagem, a que
também pertencem.
Já
por inúmeros autores, editoriais, artigos e opiniões foi dito e escrito que os
ENFERMEIROS PORTUGUESES estão desmotivados, exaustos e em “burnout”. Têm o
orgulho ferido! No entanto e responsavelmente, continuam a assegurar o
funcionamento do SNS.
Ao
longo destes últimos anos, década e meia, para ser mais preciso, viram as suas
carreiras congeladas e depois destruídas, não progrediram, e ainda ser reduzido
o valor/custo das penosas horas suplementares, e por via disso, uma
desvalorização sistemática da ENFERMAGEM.
Chegados
ao dia de hoje, depois de manifestações, como nunca foram feitas, a inovação de
uma forma de greve – GREVE CIRÚRGICA, a recolha de fundos nunca vista para
financiar esta greve, a REVOLUÇÃO DOS CRAVOS BRANCOS, testemunhos na primeira
pessoa, brilhantes, reais e comoventes, deixados em debates da televisão, nos
jornais e na rádio, deparámo-nos ultimamente com dois Ministros da Saúde, Prof.
Doutor Adalberto Campos Fernandes e Profª. Doutora Marta Temido, a insultarem
os ENFERMEIROS PORTUGUESES. Para além de insultarem, a obrigar os ENFERMEIROS,
em nome da dignidade que têm, a ir para a luta.
Mas,
há também responsabilidades entre a própria Classe. Não vale a pena recuar
muito no tempo. Durante a GREVE CIRÚRGICA, segundo relatos deixados, houve quem
nunca deixasse de fazer CIGICs. Houve quem, pelos procedimentos que teve,
demonstrasse que estava e está satisfeito com a carreira ou falta dela, e o que
auferem ao fim do mês. Continua a ver-se divisão dos sindicatos e a cada um
puxar para seu lado, parecendo até que há mais do que uma Classe de ENFERMAGEM.
E aqui, honra seja feita aos Sindicatos ASPE e SINDEPOR, que assumiram as
questões de fundo dos ENFERMEIROS PORTUGUESES, apoiaram a GREVE CIRÚRGICA 1, e mantém
o apoio à GREVE CIRÚRGICA 2. A ORDEM DOS ENFERMEIROS foi um baluarte de apoio
permanente às causas da Classe.
Mas
sejamos coerentes connosco mesmos, e digam-me, que acordo se pretende quando há
essencialmente 4 Sindicatos e estes não conseguem objectivar e uniformizar meia
dúzia de princípios comuns a todos eles, em favor dos ENFERMEIROS PORTUGUESES.
Temos declarações patetas às televisões de presidentes de Sindicatos, que em
vez de defender a Classe, ainda a tenta descredibilizar mais. Nos serviços,
vemos Colegas que não se movem, nem para se valorizar, nem para engrossar a
luta da sua Classe, dando-se ao comodismo de criticar tudo e todos, mas depois
querendo usufruir dos benefícios que outros, lutando, fizeram acontecer e
conseguiram. Inúmeras crónicas poderiam por aqui ser descritas. Mas o nosso
foco não é esse!
Foi
dada oportunidade ao Governo, por parte dos ENFERMEIROS, através dos
Sindicatos, para negociar. O Ministério da Saúde e o Governo, na sua postura
autista e cristalizada, viraram as costas aos ENFERMEIROS PORTUGUESES. Voltaram
a empurrar esta Classe para a luta. Portanto, as tréguas acabaram!
Caros
Colegas ENFERMEIROS PORTUGUESES, somos uma Classe Profissional, temos dignidade,
temos valor, aquele que nos reconhecemos e o que nos quiserem dar, mas não
podemos vergar. Conforme escrito por tantos “mais vale morrer de pé, do que
viver de joelhos”.
Alguns
princípios a partir de agora, na minha modesta opinião, devem ser adoptados:
- Não deve haver interrupção de greve nenhuma, no caso de novas negociações com o Ministério da Saúde e o Governo.
- Aos Sindicatos, um pedido: não nivelem por baixo em nenhuma reivindicação em favor da Classe de ENFERMAGEM.
- Desencadeiem a angariação para a GREVE CIRÚRGICA 3, mas ampliem a abrangência de Centros Hospitalares e Blocos Operatórios. Associado aos Blocos Operatórios Centrais, os ambulatórios também e interrupção dos SIGIC’s;
- Desencadeiem uma Greve nos Cuidados de Saúde Primários, nas diversas unidades funcionais: USF’s, UCSP’s;
Há
linhas vermelhas, pela dignidade de toda uma Classe Profissional, que não podem
ser pisadas, muito menos ultrapassadas.
ENFERMEIROS
PORTUGUESES, unamo-nos pela nossa Carreira, pelo nosso futuro, pela nossa
dignidade, que muitos querem por em causa e enlameá-la! Não esqueçam, por
favor, uma frase lapidar de Martin Luther King e que hoje, para a ENFERMAGEM E
ENFERMEIROS PORTUGUESES, tem um valor inquestionável, concerteza: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o
silêncio dos bons”. Não sejamos
coniventes com estes silêncios!
“Juntos venceremos, divididos cairemos”(Esopo). JUNTOS
SOMOS MAIS FORTES. Assim o queiramos e saibamos sê-lo!
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.01.30 – 21h00
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