quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

EPÍLOGO DESGASTANTE. GOVERNO EMPURRA ENFERMEIROS PORTUGUESES PARA A LUTA!


EPÍLOGO DESGASTANTE. GOVERNO EMPURRA ENFERMEIROS PORTUGUESES PARA A LUTA!


Após muitos meses de negociações, umas a fazer de conta, outras, mais recentes, verdadeiras negociações, chegam ao seu epílogo sem acordo do Ministério da Saúde/Governo com os Sindicatos dos ENFERMEIROS PORTUGUESES.

De certa maneira, sem surpresa mas com tristeza, vejo as negociações, espartilhadas ao longo de imenso tempo (mais recente: uma legislatura) a desaguar num terreno infértil, numa praia deserta e inóspita, num terreno minado e armadilhado pelos “inimigos e vendilhões do templo”.

Não faltam responsáveis, que seriam facilmente apontáveis, por este culminar, e por onde levaram e trouxeram a ENFERMAGEM, escolhendo caminhos errôneos, sem estratégia nem dignidade, ao longo de anos e anos, degradando e destruindo carreiras, remunerações, estatutos e vulgarizando a Classe de Enfermagem, a que também pertencem.

Já por inúmeros autores, editoriais, artigos e opiniões foi dito e escrito que os ENFERMEIROS PORTUGUESES estão desmotivados, exaustos e em “burnout”. Têm o orgulho ferido! No entanto e responsavelmente, continuam a assegurar o funcionamento do SNS.

Ao longo destes últimos anos, década e meia, para ser mais preciso, viram as suas carreiras congeladas e depois destruídas, não progrediram, e ainda ser reduzido o valor/custo das penosas horas suplementares, e por via disso, uma desvalorização sistemática da ENFERMAGEM.

Chegados ao dia de hoje, depois de manifestações, como nunca foram feitas, a inovação de uma forma de greve – GREVE CIRÚRGICA, a recolha de fundos nunca vista para financiar esta greve, a REVOLUÇÃO DOS CRAVOS BRANCOS, testemunhos na primeira pessoa, brilhantes, reais e comoventes, deixados em debates da televisão, nos jornais e na rádio, deparámo-nos ultimamente com dois Ministros da Saúde, Prof. Doutor Adalberto Campos Fernandes e Profª. Doutora Marta Temido, a insultarem os ENFERMEIROS PORTUGUESES. Para além de insultarem, a obrigar os ENFERMEIROS, em nome da dignidade que têm, a ir para a luta.

Mas, há também responsabilidades entre a própria Classe. Não vale a pena recuar muito no tempo. Durante a GREVE CIRÚRGICA, segundo relatos deixados, houve quem nunca deixasse de fazer CIGICs. Houve quem, pelos procedimentos que teve, demonstrasse que estava e está satisfeito com a carreira ou falta dela, e o que auferem ao fim do mês. Continua a ver-se divisão dos sindicatos e a cada um puxar para seu lado, parecendo até que há mais do que uma Classe de ENFERMAGEM. E aqui, honra seja feita aos Sindicatos ASPE e SINDEPOR, que assumiram as questões de fundo dos ENFERMEIROS PORTUGUESES, apoiaram a GREVE CIRÚRGICA 1, e mantém o apoio à GREVE CIRÚRGICA 2. A ORDEM DOS ENFERMEIROS foi um baluarte de apoio permanente às causas da Classe.

Mas sejamos coerentes connosco mesmos, e digam-me, que acordo se pretende quando há essencialmente 4 Sindicatos e estes não conseguem objectivar e uniformizar meia dúzia de princípios comuns a todos eles, em favor dos ENFERMEIROS PORTUGUESES. Temos declarações patetas às televisões de presidentes de Sindicatos, que em vez de defender a Classe, ainda a tenta descredibilizar mais. Nos serviços, vemos Colegas que não se movem, nem para se valorizar, nem para engrossar a luta da sua Classe, dando-se ao comodismo de criticar tudo e todos, mas depois querendo usufruir dos benefícios que outros, lutando, fizeram acontecer e conseguiram. Inúmeras crónicas poderiam por aqui ser descritas. Mas o nosso foco não é esse!

Foi dada oportunidade ao Governo, por parte dos ENFERMEIROS, através dos Sindicatos, para negociar. O Ministério da Saúde e o Governo, na sua postura autista e cristalizada, viraram as costas aos ENFERMEIROS PORTUGUESES. Voltaram a empurrar esta Classe para a luta. Portanto, as tréguas acabaram!

Caros Colegas ENFERMEIROS PORTUGUESES, somos uma Classe Profissional, temos dignidade, temos valor, aquele que nos reconhecemos e o que nos quiserem dar, mas não podemos vergar. Conforme escrito por tantos “mais vale morrer de pé, do que viver de joelhos”.

Alguns princípios a partir de agora, na minha modesta opinião, devem ser adoptados:
  • Não deve haver interrupção de greve nenhuma, no caso de novas negociações com o Ministério da Saúde e o Governo. 
  • Aos Sindicatos, um pedido: não nivelem por baixo em nenhuma reivindicação em favor da Classe de ENFERMAGEM. 
  • Desencadeiem a angariação para a GREVE CIRÚRGICA 3, mas ampliem a abrangência de Centros Hospitalares e Blocos Operatórios. Associado aos Blocos Operatórios Centrais, os ambulatórios também e interrupção dos SIGIC’s; 
  • Desencadeiem uma Greve nos Cuidados de Saúde Primários, nas diversas unidades funcionais: USF’s, UCSP’s;


Há linhas vermelhas, pela dignidade de toda uma Classe Profissional, que não podem ser pisadas, muito menos ultrapassadas.

ENFERMEIROS PORTUGUESES, unamo-nos pela nossa Carreira, pelo nosso futuro, pela nossa dignidade, que muitos querem por em causa e enlameá-la! Não esqueçam, por favor, uma frase lapidar de Martin Luther King e que hoje, para a ENFERMAGEM E ENFERMEIROS PORTUGUESES, tem um valor inquestionável, concerteza: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Não sejamos coniventes com estes silêncios!

“Juntos venceremos, divididos cairemos”(Esopo). JUNTOS SOMOS MAIS FORTES. Assim o queiramos e saibamos sê-lo!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.01.30 – 21h00

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