ENFERMEIROS PORTUGUESES
ORGANIZADOS COMO NUNCA, DESTEMIDOS COMO SEMPRE!
O Serviço
Nacional de Saúde (SNS) está no centro do furacão político, económico,
financeiro e de grandes opções, face a todos os condicionalismos, cativações,
falta de recursos e dívidas que vem acumulando de dia para dia. Segundo uma
auditoria do Tribunal de Contas, esta dívida do SNS a fornecedores e credores,
representa um aumento de 51,6% em 2017, face a 2014, totalizando agora um valor
de 2,9 mil milhões de euros, em que neste espaço de tempo aumentou mais de mil
milhões de euros (até 2017). Uma exorbitância! No entanto os ENFERMEIROS PORTUGUESES
continuam a ser mal pagos pelo trabalho que realizam – Cuidar e tratar de Pessoas.
Foram os
ENFERMEIROS PORTUGUESES que emitiram os alertas para situações e condições de
assistência indigna a que os cidadãos ficam sujeitos. Avisos, trazidos pela
Ordem dos Enfermeiros, Movimentos e Sindicatos da Classe. Esta Classe
Profissional colocou a nu, não só as suas condições e reivindicações
profissionais e de carreira, mas também lançou a discussão e defesa do SNS, em
que denunciaram falta de recursos humanos, materiais, condições indignas de
acolhimento e tratamento dos cidadãos, Serviços de Urgência saturados e
esgotados, despesas exageradas em “algo” que não se vê e desinvestimento. Isso
é inequívoco! Foram os ENFERMEIROS PORTUGUESES que coloraram na agenda política
e na ordem do dia muita desta discussão e questões em torno do SNS.
Perante estas
realidades, 2017 e 2018 e continuando no presente ano, os ENFERMEIROS
PORTUGUESES, de forma espontânea ou através de movimentos da Classe,
organizaram-se e confrontaram o governo, o poder político e a Sociedade, indignando-se
e repudiando as degradantes condições de exercício profissional, sem carreira,
sem progressões, sem avaliação de desempenho dignas e ajustadas e sem justa e
condigna remuneração salarial.
Face à surdez, ao
silêncio imoral e eticamente reprovável do governo. Depois de anos e anos sem
resposta e adequada defesa dos direitos e regalias desta Classe, por parte dos
sindicatos de então, e uma Ordem dos Enfermeiros de antanho, silenciosa e
inoperante, os ENFERMEIROS PORTUGUESES organizaram-se em movimentos e tomaram
nas próprias mãos a sua defesa e reivindicação. O gigante acordava de um sono
letárgico, enganado, amordaçado e desestruturado. Uma nova Ordem dos
Enfermeiros tinha sido eleita, mais dinâmica, mais interventiva e assertiva.
Uma Bastonária presente e mediática. Abriu-se um espaço enorme, onde surgiram dois
novos Sindicatos.
Chegados aqui, eclode
uma nova forma de fazer greve – GREVE CIRÚRGICA – (os ENFERMEIROS voltaram a
inovar) que muitos não acreditavam ser possível. Criou-se um fundo de
crowdfunding para financiar esta GREVE CIRÚRGICA 1 e já há fundo de mais de
400.000€ para a edição 2. O poder político ficou apavorado, desnorteado e
incrédulo. A nova Ministra da Saúde, Profª. Doutora Marta Temido, questionou a
greve e a sua legalidade, outros quadrantes políticos e legalistas questionaram
o fundo e até o PCP, “voz insuspeita”, portanto, também questionou este
financiamento da greve dos ENFERMEIROS PORTUGUESES, como se “dentro de casa”
não tivesse assuntos de financiamento, bem mais preocupantes.
Todos e tantos,
perderam tempo a questionar a “GREVE CIRÚRGICA 1” e, a 2, que virá a caminho,
caso o Governo e Ministérios da Saúde e das Finanças se mantenham surdos e
insensíveis a estas reivindicações.
Mas alguém dos
responsáveis atrás descritos se questionaram alguma vez sobre:
- O estado de desinvestimento e abandono do SNS?
- A situação de carreira dos ENFERMEIROS PORTUGUESES?
- As cativações, dívidas e degradação das instalações e acesso ao SNS?
- As listas de espera às cirurgias, mas também para as várias consultas de especialidade e 1ªs. consultas?
- E um sem número de outras questões em torno do SNS?
Apesar da
insatisfação reinante, os ENFERMEIROS PORTUGUESES, através dos Sindicatos ASPE
e SINDEPOR, deram tréguas ao Governo, suspendendo até ao dia 30 de Janeiro a “GREVE
CIRÚRGICA 2”, mostrando elevação, capacidade e abertura negocial, preocupação
com o SNS, mas nunca desligados ou distraídos com os ruídos, propositadamente
colocados a circular na envolvente das negociações, do financiamento da greve
ou de outros interesses que não os dos ENFERMEIROS PORTUGUESES, porque esta
Classe Profissional continua focada nas reais reivindicações: Uma carreira nova
e digna para todos, remunerações ajustadas às exigências do desempenho da
profissão e contagem de tempo de serviço para aposentação, face ao desgaste,
risco e penosidade de desempenho profissional.
O momento é de
gestão de silêncios, apesar das provocações, umas mais explícitas, outras mais
encapotadas e disfarçadas de boas intenções, vindas até de alguns sectores
extremistas dentro da própria classe e de algum sindicato que perdeu espaço,
capacidade reivindicativa e se foca agora na tentativa de agitação laboral, e
desvalorização de alguma afirmação por lugar conquistado por outros, com
ignóbeis aproximações às actuais exigências e reivindicações dos ENFERMEIROS
PORTUGUESES, quando num passado não muito longínquo, nivelaram sempre por baixo
as exigências para esta classe.
Destemidos como
sempre foram, OS ENFERMEIROS PORTUGUESES não receiam o futuro, porque esse será
sempre de luta por melhores condições de carreira e de desempenho profissional,
de defesa do SNS e da reivindicação de mais e melhor espaço para cuidar de quem
efectivamente precisa, que são os cidadãos e os doentes.
Não negamos que
lutamos por melhores condições remuneratórias da nossa Classe Profissional, mas
também não deixaremos de defender o SNS e de denunciar quem nos afrontar,
quiser calar ou enganar a Sociedade. Como prova disso, podemos ouvir as
declarações desta semana, em audição parlamentar a Srª. Bastonária da Ordem dos
Enfermeiros, Enfª. Ana Rita Cavaco, bem como a Enfª. Lúcia Leite e o Enf.
Carlos Ramalho, na Assembleia da República. (Deixo o link da intervenção da
Srª. Bastonária na audição).
Um forte apelo, aos
Sindicatos ASPE E SINDEPOR, para que não baixem a guarda, nem nivelem por
baixo, relativamente às exigências e reivindicações junto da tutela. Estamos moderadamente
optimistas, mas atentos. Temos em mão um potencial enorme de força, que é,
neste momento a “GREVE CIRÚRGICA”, seja em que edição for. Mas acima de tudo,
estamos unidos. Os ENFERMEIROS dos Blocos Operatórios deram uma imagem disso
mesmo. Foram enormes, nestes dois últimos meses.
Aos ENFERMEIROS
PORTUGUESES um pedido e um apelo, de confiança, de moderação de linguagem, de
visão alargada e estratégica. Há algo muito importante que neste momento está
em causa. Não deitemos tudo a perder. Os ventos e o futuro, a curto prazo,
são-nos de feição. Sejamos inteligentes, frios e racionais, sem nunca por em
causa princípios deontológicos, éticos e legais. Porque outros farão esses papéis!
Não esqueçamos a
máxima: “Unidos venceremos. Divididos
cairemos.” Esopo
Humberto
Domingues
Enf.
Espec. Saúde Comunitária
2019.01.19
– 14h00
Sem comentários:
Enviar um comentário