quinta-feira, 8 de agosto de 2019

SERÁ NECESSÁRIO REFUNDAR O PAÍS E A DEMOCRACIA EM PORTUGAL?


SERÁ NECESSÁRIO REFUNDAR O PAÍS E A DEMOCRACIA EM PORTUGAL?


No seguimento de acontecimentos que estão a ferir, no meu humilde ponto de vista, os direitos de trabalhadores e da Sociedade no seu todo, em particular os Cidadãos mais desfavorecidos. Coloco a pergunta: Será necessário refundar o País e a Democracia em Portugal?

Vivemos uma legislatura (2015/2019), onde o Partido Socialista (PS) governou com apoio parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), do Partido Comunista Português (PCP e Verdes) e do Partido Animais e Natureza (PAN), fazendo assim maioria absoluta na Assembleia da República. Apesar de ser um Governo da “Geringonça e das Esquerdas”, os trabalhadores, na sua maioria, viram os seus direitos afectados, diminuídos e pervertidos por esta maioria governativa. E os que se dizem “grandes defensores” dos direitos dos trabalhadores não estiveram sempre do lado destes!

Na Saúde, à custa de deficits zero e outras vontades (dos mais variados quadrantes políticos), houve congelamentos e cativações de vária ordem e uma baixa taxa/ou inexistente investimento, com uma despesa pública na Saúde a rondar os 6,0% do PIB, em 2018. Muito baixo, portanto.

À custa deste baixo investimento e despesa, aconteceram inúmeras peripécias, de forma estrutural, neste baluarte, conquistado com a democracia, que foi a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a oferta, “tendencialmente gratuita” dos cuidados de saúde, aos Cidadãos. Mas hoje, as listas de espera para cirurgias e primeiras consultas de especialidades foram-se avolumando, tornando-se intermináveis, apesar de adulteradas pela actual Ministra da Saúde, ao tempo, Presidente da ACSS. Falta de camas nos serviços e nas urgências, falta de roupa e material hoteleiro em todos os serviços, falta de material de consumo clínico, encerramento de serviços e maternidades, transferências de grávidas a fazerem 200 e 300 quilómetros, mortes ocorridas que poderiam ter sido evitadas, etc.

Para além destas questões descritas, acresce a falta dos Recursos Humanos: Enfermeiros, Médicos, Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, Assistentes Técnicos e Operacionais.

Os Enfermeiros sentiram, e de que maneira, toda esta afronta e falta de investimento, não revalorização da Carreira e perseguição, com as mais impensadas falácias que o Governo e as “Esquerdas” construíram, para não valorizar a Classe Profissional, publicando o Governo, uma Carreira que nada tem a ver com as reivindicações dos Enfermeiros e com as reais necessidades e exigências do SNS, para cuidar e tratar das Pessoas.

A perseguição foi de tal forma, que até a Srª. Ministra da Saúde se “disponibilizou” para insultar os Enfermeiros, decretar uma sindicância à Ordem dos Enfermeiros, numa arrogância nunca vista, contra a Sua Bastonária e numa afronta toda montada em manipulações e de inverdades, usando a Comunicação Social ao seu serviço para “envenenar” a opinião pública e virá-la contra os Enfermeiros.

Mas, não foram só os Enfermeiros, Os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica e os Médicos também sofreram este desgoverno, a mentira e as manipulações do Ministério da Saúde.

Os Professores foram outra Classe Profissional, onde o Governo também usou e abusou da mentira e da manipulação, não reconhecendo o tempo de serviço. A afronta foi de tal forma, que até o líder da “Fenprof” foi também usado e armadilhado pelo próprio partido (PCP/CGTP).

Os Polícias e a GNR, forças de segurança, foram também “actores” de inúmeras manifestações, deixando sempre presente o muito descontentamento que reina nestas forças, com as limitações de instalações, viaturas e fardamento.

Os Camionistas de combustíveis e matérias perigosas deixaram o País e o Governo em suspenso, pela dureza das suas greves e a implicação na economia Portuguesa.

Os Estivadores foram outra classe profissional que desafiou o Governo, tendo sofrido também carga policial, nas suas manifestações e greves.


Quanto ao Governo e Deputados, os casos foram mais que muitos. Viagens pagas por entidades privadas a deputados e membros do governo, contrariando os estatutos e as leis. Financiamento de IPSS (caso raríssimas e outras) à custa dos orçamentos de ministérios. O nepotismo no Governo que atravessou fronteiras em notícias dos jornais principais de Espanha e França (ABC e Le Monde). Negócios de familiares de membros do governo e deputados com o Estado, proibidos por Lei. Falsas presenças de Deputados no parlamento e, residência declarada não condizente com a residência efectiva, com vista ao recebimento de subsídios. Roubo de armamento militar de Tancos.

Mas os casos mais violentos foram os incêndios de 2017, 2018 e 2019, com inúmeras mortes, casas, muitas delas, primeiras habitações, que até hoje, ainda não foram reconstruídas. Contratos e aquisições de helicópteros parados, golas de fumo e outras despesas da Protecção Civil e Ministério da Administração Interna por explicar. Ministro da Administração Interna, uma nulidade!

Perante tanto descalabro, o falhanço permanente do Estado em defender os seus Cidadãos, sinais evidentes e constatados de corrupção, inoperacionalidade dos meios de socorro às Populações e Cidadãos – Caso do INEM, Protecção Civil – Sua Excelência o Sr. Presidente da República, nada diz, nada faz, contorcendo-se entre os pingos da chuva, para assegurar um mandato sem conflitos com a “Geringonça Governativa” e colhendo o apoio para um segundo mandato, traindo a sua “família política” e o mais humilde e indefeso cidadão.

Por último, os Sindicatos! Sempre que movimentos de cidadãos, das diferentes profissões saíram da alçada, dos ditames e das orientações partidárias das suas centrais, viram as grandes centrais sindicais traírem a defesa dos direitos dos cidadãos trabalhadores, pondo-se ao lado do Governo e dos patrões, porque deixaram de ter voz sobre quem lhes paga as quotas mensais para a sua sobrevivência. E aqui temos mais uma vez exemplos claros, como os movimentos inorgânicos de Enfermeiros, os dois novos Sindicatos de Enfermagem e o/os Sindicatos dos Camionistas.

Com o Governo das “esquerdas geringonçadas”, os direitos dos trabalhadores foram espezinhados, quartados, e descontextualizados, mas nada se passou. O POVO viu, sentiu e comeu em silêncio!


Com a cereja no cimo do bolo, e para manter uma Classe Profissional do agrado do Poder Político, Sua Excelência o Presidente da República promulga o aumento de mais 700€ para os Juízes, proposta esta do Governo. Dizer que muitos milhares de Portugueses não ganham por mês estes 700€ e têm que governar uma Família, com filhos em idade escolar, à custa do sacrifício de uma vida.

Por onde param os fundadores, realizadores e executores do 25 de Abril que queriam instalar uma democracia, que não trouxesse ditaduras nem de direita nem de esquerda? Por onde andam os Militares que têm obrigação de defender a Nação e o POVO dos desmandos dos políticos? Por onde anda todo um POVO, que no passado dobou cabos das tormentas transformando-o em cabo da boa esperança, conquistando o Mundo e agora, sem voz, sem estatuto, triste e cabisbaixo vota silenciosa e a favor de quem lhe retira todos os dias a sua pequena e humilde “riqueza pecuniária” fruto de horas e horas de trabalho, anos e anos de serviço, onde a reforma só é atingida aos mais de 66 anos, quando estes mesmos que decretam estes limites, legislam para as suas reformas bem mais cedo, englobando todo o tipo de subvenções, muitas delas livres de tributação fiscal!

Acorda meu POVO! Que amanhã pode ser tarde!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.08.08 – 22h00

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