terça-feira, 4 de junho de 2019

CARTA ABERTA AOS PRESIDENTES DOS GRUPOS PARLAMENTARES


CARTA ABERTA AOS PRESIDENTES DOS GRUPOS PARLAMENTARES
DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA




Exmºs Senhores

Líderes Parlamentares dos Partidos
Partido Social Democrata - Fernando Negrão
Partido Socialista – Carlos César
Bloco de Esquerda – Pedro Filipe Soares
Partido Popular/CDS – Nuno Magalhães
Partido Comunista Português – João Oliveira
Partido Ecologista os Verdes – Heloísa Apolónia
Partido Animais e Natureza – André Silva
                                                                                 
Data: 2019-06-02

Exmºs. Senhores,

No exercício da minha cidadania e liberdade de expressão, permitam-me Vªs. Exªs. que me dirija desta forma, para em nome estritamente individual e pessoal, mas sem retirar a importância que atribuo de pertencer à Classe Profissional de Enfermagem, portanto sou ENFERMEIRO, de colocar várias questões e solicitar a intervenção, que ao abrigo da Constituição Portuguesa e do Regimento da Assembleia da República possam produzir a devida apreciação Parlamentar à Carreira de Enfermagem.

O presente Governo aprovou recentemente a nova “Carreira de Enfermagem”, publicada pelo decreto-Lei nº. 71/2019 de 27 de Maio de 2019, que altera o regime da Carreira Especial de Enfermagem e o Regime da Carreira de Enfermagem, nas entidades públicas empresariais e nas parcerias em Saúde.

A Carreira agora publicada, que apenas introduz pequenas alterações à anterior, continua a ser redutora, não satisfaz, não traz valorização aos Enfermeiros e ainda por cima, não dignifica nem a própria carreira, nem a profissão. E através dela, os Enfermeiros sofrem a mais desagradável desvalorização remuneratória, profissional e até social. Para além disso, não dá resposta às inúmeras reivindicações dos Enfermeiros e necessidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As consequências da visão limitada e ancestral do Governo vão fazer-se sentir.

Aquando da consulta pública, a Ordem dos Enfermeiros, Sindicatos, Movimentos e Enfermeiros e nome individual, fizeram as suas sugestões, propondo modificações adequadas com vista à sua alteração, daí, precisamente, a razão de ser uma consulta pública, introduzindo-se melhorias ao documento. Mas o Ministério da Saúde e o Governo, fizeram destas sugestões, tábua rasa e aprovaram a carreira em Conselho de Ministros a 28 de Março, sem alteração alguma decorrente da “consulta pública”!

Apesar dos inúmeros contributos da Ordem dos Enfermeiros e dos Sindicatos, este Governo, manteve sempre, através dos dois Ministros da Saúde e do Ministro das Finanças uma diminuição da acuidade auditiva face às propostas, negociações e exigências dos Enfermeiros, para benefício também do próprio SNS. As lacunas são imensas! Desde a progressão, à desvalorização económica, à redução para apenas 25% de Enfermeiros Especialistas nos serviços, contrariando até percentagens e exigências de outros diplomas de aplicação inequívoca em Unidades, tais como USF’s, Serviços de Obstetrícia e blocos de partos/Maternidades, etc.

Para além da perfídia por parte da Srª. Ministra da Saúde, que envolveu todo este processo de negociação e publicação da nova Carreira, há inúmeros episódios ao longo deste tempo que fizeram desacreditar todo este percurso, um dos quais, em que o Sr. Primeiro-Ministro Dr. António Costa prometeu que os Enfermeiros seriam os mais valorizados no descongelamento de carreiras e progressões, o que efectivamente não veio a acontecer nem a concretizar-se. Portanto a “palavra dada não foi honrada”.

Verificamos que toda esta negociação por parte do Governo e Ministério da Saúde, foi gerida numa agenda de mentiras e adiamentos falaciosos para com os Sindicatos, por forma a arrastar todo o processo, face ao calendário eleitoral. A comunicação social foi manipulada. A Sociedade foi enganada, tentando lançar o odioso para o lado dos Enfermeiros Portugueses.

Apesar do Dec.-Lei 71/2019, vir repor novamente a categoria de Enfermeiro Especialista, e ser uma carreira pluricategorial (tricategorial), encontramos ainda muitos constrangimentos desta “nova” Carreira de Enfermagem:
  • Há claramente um condicionamento enorme na progressão para outras categorias;
  • Há, paralelamente, um constrangimento enorme para que possa acontecer uma progressão remuneratória;
  • A tabela salarial e remuneratória é desajustada à realidade, responsabilidade e habilitações profissionais e académicas que hoje os Enfermeiros possuem, o que se traduz numa desmotivação e não valorização destes profissionais;
  • As grandes lacunas e desigualdades criadas, ou melhor, mantidas e continuadas, da diferenciação em CIT e CTFP, infelizmente estão bem presentes;
  • A contagem de tempo de serviço e a forma preconizada é outro revés e constrangimento, traduzido em inúmeros obstáculos para uma efectiva progressão na Carreira de Enfermagem;


Assim, pelo exposto, que apenas é uma parte das inúmeras lacunas, iniquidades, obstáculos e desproporcional dificuldade que cria aos Enfermeiros Portugueses, face às reivindicações, reconhecimento e mérito e à real necessidade existente para bem do SNS, solicito a Vªs. Exªs. que no tempo que ainda resta da presente legislatura, concretizem a necessária Apreciação Parlamentar, com a celeridade que o assunto merece, da nova Carreira de Enfermagem/Decreto-Lei 71/2019 de 27 de Maio.

Com os melhores cumprimentos

Humberto José Pereira Domingues
Enf. Especialista em Saúde Comunitária

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