Mais um ano
lectivo que se vai iniciar. Novos alunos, novos professores em alguns casos,
novos desafios e implementação de novos e/ou já conhecidos projectos.
As escolas de
hoje encontram-se confrontadas com novos desafios, muitas exigências e
reduzidos recursos, tal como na Saúde, para dar resposta a todas as exigências
que alunos, pais e encarregados de Educação e a Sociedade em geral colocam.
Numa Sociedade
moderna e em permanente ebulição e com
algumas transformações, a Saúde, na sua dimensão holística, é um parceiro
imprescindível, de presença obrigatória, nas Escolas de hoje e do futuro.
Fazemos Saúde
Escolar há muitos anos e o balanço que fazemos destes anos todos é francamente
positivo.
A Saúde Escolar
evoluiu muito na forma e no conteúdo de abordagem e implementação de projectos,
processos e parcerias, com presença cada vez maior nas Escolas.
As
Escolas/Agrupamentos, uns mais que outros, têm sensibilidade e começam a
disponibilizar espaços que facilitem a instalação do “Gabinete de Informação
ao Aluno” (GIA), gabinete este que
adopta nomes variados nas diversas escolas, mas em locais fora de possíveis
olhares ou controle de acesso. Estes “GIAs”, cuja função essencial é
proporcionar um espaço de aconselhamento e de apoio de forma transversal ao
aluno e, particularmente, nas áreas da educação para a saúde e educação sexual
(Lei 60/2009 de 6 de Agosto.
Pela experiência
que já vivemos ao longo de muitos anos a fazer Saúde Escolar, estes espaços
(GIA), são de muita utilidade nas Escolas/Agrupamentos, desde que efectivamente
tenham presença de profissionais, particularmente de Saúde/Enfermeiro e que a
sua divulgação junto do corpo docente, não docente e discente, seja frequente e
seja incentivador da sua utilização.
Assim e neste particular a
intervenção nas Escolas, através da Saúde Escolar, ganha uma prioridade
visível, aceite e aceitável por todos os parceiros.
Nas Escolas está uma larga
franja da população do nosso território e da nossa Comunidade. Por isso é
importante pensar e nunca dissociar esta Escola da Sua Comunidade e a
intervenção da Saúde no seu universo. Se “pensarmos” dentro desta Escola a
saúde dos seus alunos, estaremos concerteza e inequivocamente a pensar, a
intervir, a tratar/cuidar/prevenir da Saúde Comunitária e do seu Universo de
Comunidade. E estas Escolas/Agrupamentos, que às vezes até podem ser de uma
mesma cidade, têm universos/comunidades obrigatoriamente diferentes.
A escola de hoje é o encontro
de multiculturalidades, face à globalização que vivemos, porque:
·
É
o (re)encontro/descoberta(s) de valores, referências e saberes;
·
É
integradora, enquanto receptadora de alunos de várias culturas, civilizações e
formas de agir e pensar;
·
É
socializadora e socializante para/e da sua Comunidade;
·
É
educadora enquanto disponibiliza e oferece conhecimento, experiência e
oportunidade/possibilidade da cultura do eu, o eu diferente e o eu social;
Assim a ESCOLA, tal como a
SAÚDE, têm de ser + abertas, + integradoras, + actualizadas, + modernas.
Julgamos ser estas variáveis muito importantes para poder acompanhar e intervir
nestas realidades comunitárias actuais;
A Escola enquanto micro
universo de uma Comunidade é um local/espaço privilegiado para a construção da
personalidade, da socialização e do espaço para a manifestação de muitos
afectos, tem que ter a capacidade e a flexibilidade de compreender inúmeros
fenómenos que se conjugam em acontecimentos culturais, sociais e políticos, mas
também, antropológicos, biográficos e biológicos. Por isso a parceria com a
Saúde é crucial e indispensável, numa intervenção comunitária responsável e
conhecedora.
Entendemos que a intervenção e
parceria da saúde na escola potencializa:
·
A
importância da literacia em Saúde;
·
A
Prevenção – Os ganhos em saúde verificam-se essencialmente pela mudança de
comportamentos e adopção de hábitos e estilos de vida saudáveis;
·
E
aqui a Prevenção como vector importante, criará a sustentabilidade do SNS.
E por isso, entre muitas outras
intervenções em Saúde Escolar, é preciso:
·
Potencializar
as competências sócio-emocionais;
·
Potencializar
a Saúde Oral e prevenção de cáries dentárias, a fim de evitar que seja uma
porta de entrada para futuras patologias;
·
Potencializar
os afectos e a sexualidade enquanto disciplina major de intervenção;
·
Valorização
da auto-estima e a capacitação de dizer “NÃO”
às pressões de grupo, ou outras;
·
Potencializar
os hábitos de sono e repouso;
·
Prevenir
comportamentos aditivos e alertas para o malefício destes, quando instalados;
·
Prevenção
e luta contra os hábitos tabágicos e consumo de álcool, particularmente bebidas
brancas e shots;
·
Prevenção
de acidentes escolares e peri-escolares.
É este um campo enormíssimo e
infindável de trabalho. Não podemos ser líricos perante esta realidade, mas
também não podemos ignora-la. Assim, entendemos que há investimento a fazer:
·
Investimento
na investigação em Saúde Escolar promovida pelas Unidades de Saúde em parceria
com as Escolas;
·
Fomentar
a qualificação, mas a idoneidade também, para uma intervenção capaz, abrangente
e selectiva nas Escolas;
·
Articulação
conjugada com as diferentes entidades do terreno (Autarquias, redes sociais,
IPSS);
·
Pensar
na importância do Enfermeiro nas Escolas, tal como existe o psicólogo e amanhã,
talvez, o Assistente Social.
Em nossa
modesta opinião, tudo o que a Saúde quiser trabalhar no âmbito da “Prevenção” e
no desmistificar de “muros e barreiras” que possam parecer intransponíveis,
terá que ser trabalhado a nível da Saúde Escolar onde tudo, me parece, é mais
fácil, oportuno, económico e no contributo para a “construção” de cidadãos mais
conscientes, conhecedores e praticantes da sã cidadania.
Bom
ano lectivo!
Humberto
Domingues
Enfº.
Especialista Saúde Comunitária
Setembro
de 2018
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