RTP-1 - PROGRAMA PRÓS E CONTRAS – “PROGNÓSTICO RESERVADO” - 2019.11.25
A minha apreciação ao presente programa deste dia é de um saldo negativo, face ao estado do SNS e ao que foi debatido neste programa.
A saber:
• Então os Serviços de Urgência é que são o grande foco de pressão, segundo a Srª. Ministra?
• Estranho que num debate destes, a Srª. Ministra estando presente, recusou a presença das Ordens Profissionais, nomeadamente as Ordens dos Enfermeiros e dos Médicos;
• Estranho também o alinhamento de discurso dos elementos Médicos do painel, face às queixas que vem sendo registadas, e em particular o Director de um Serviço de Obstetrícia. O Vosso discurso contraria em tudo o que o Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos e Directores de Serviço de tantos Hospitais vêem dizendo;
• Admirei o discurso, a frontalidade sem medo e a colocar o dedo na ferida, da Srª. Enfª. Chefe Maria Luísa Ximenez. Infelizmente, como não interessava, pouco tempo de antena lhe foi dado;
• Claro que não estranhei a falta de tempo e o corte do discurso que a Jornalista Fátima Campos Ferreira fez, quando a Enfª. Ximenez falou/falava. Acresce a tudo isto a falta de preparação para um debate destes da referida Jornalista;
• Lamento profundamente que para se discutir o SNS só se fale maioritariamente nos Hospitais e Cuidados Hospitalares e se ignore quase por completo os Cuidados de Saúde Primários, face à importância que têm e que são a porta de entrada no SNS;
Porque quando falamos/ou devemos falar do actual SNS:
• Estamos a falar que os serviços são mantidos a funcionar à custa de trabalho extraordinário, principalmente dos Enfermeiros, em que, muitos milhares destas horas, depois não são pagas;
• Se não fosse o recurso diário ao trabalho extraordinário, o SNS já tinha colapsado;
• Estamos a falar de serviços superlotados com rácios de pessoal inferior ao mínimo de dotações seguras e por isso a por em causa a qualidade e a segurança dos cuidados;
• Estamos a falar de um SNS subfinanciado;
• Estamos a falar de um SNS depauperado;
• Estamos a falar de Profissionais de Saúde (Enfermeiros e outros) em burnout, esgotados, desmotivados e mau remunerados;
• Estamos a falar de listas de espera para cirurgias e consultas de especialidades com alguns anos de lista de espera;
• Estamos a falar no desinvestimento da prevenção, não se fazendo contas aos ganhos em saúde e ganhos económicos com a intervenção dos cuidados de Enfermagem;
• Estamos a concentrar a intervenção apenas no trabalho do médico e nos seus actos. E ou outros actos e consultas de Enfermagem e de outros Técnicos? Não devem ser considerados? Não são quantificáveis?
• Essencialmente, estamos a falar de falta de coragem para encerrar camas, face aos rácios diminutos de Enfermeiros por Serviço.
Depois deste programa, falado e aberto para o país, depois desta postura da Srª. Ministra da Saúde que contrasta com a realidade que se vive no terreno, com as queixas que profissionais e utentes todos os dias fazem, pergunto, qual vai ser a estrategia (Sindicatos e Ordens) para desmontar esta possível ideia de que parece que está tudo bem e afinal a pressão é só nos Serviços de Urgência?
Não tendo sido frontais a colocar os problemas como a Srª. Enfª. Chefe Ximenez o fez, de que é que se vão queixar a seguir, os Médicos, os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica e os Assistentes Operacionais? Parece que tudo corre bem! Até trabalhavam, mesmo que não lhes pagassem! Querem reivindicar depois o quê?
“Unidos venceremos. Divididos cairemos.” (Esopo)
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.11.26
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