domingo, 7 de julho de 2019

INCOMPETÊNCIA E INCONGRUÊNCIA DE UM MINISTÉRIO DA SAÚDE E DE UM GOVERNO GERINGONÇADO


INCOMPETÊNCIA E INCONGRUÊNCIA DE UM MINISTÉRIO DA SAÚDE
E DE UM GOVERNO GERINGONÇADO


O final da legislatura está a demonstrar que a gestão da Saúde por este Governo da geringonça foi desadequada, incompetente, não respondeu às necessidades dos Cidadãos, não percebeu a importância e desafios do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e não soube negociar, satisfazer e diminuir fossos que há mais de década e meia afrontam, desvalorizam e insultam os seus Profissionais, nomeadamente os Enfermeiros.

António Arnaut percebeu esta incompetência do actual Governo, e nos últimos dias da sua vida apelou ao Secretário-Geral do PS e Primeiro-Ministro, Dr. António Costa pedindo-lhe para salvar o SNS!


O presente Verão vai ser “tórrido” e fértil em episódios que em nada abonarão em favor do SNS. E, infelizmente, o que a Ordem dos Enfermeiros anda a alertar há cerca de 4 anos e, agora também, a Ordem dos Médicos, começa a concretizar-se em prejuízo dos Cidadãos, das grávidas, das crianças e adultos doentes oncológicos, do aumento das listas de espera de cirurgias, falta de camas e mais gravoso ainda, a falta de recursos humanos para colmatar as carências existentes, cumprindo-se as necessárias e exigentes dotações seguras, mas também, satisfazendo as respostas, com qualidade, face ao aumento de esperança de vida e ao que esta realidade representa para a Sociedade Moderna.


Os Enfermeiros, particularmente, desde 2017 têm encetado várias formas de luta, não apenas na tentativa de melhorar o seu estatuto e remuneração profissional, mas também, para alertar e demonstrar a caótica situação em que se estava a transformar o SNS. Poucos ou nenhuns, incluindo políticos, Governo, Comunicação Social, concordaram com os sinais que eram evidentes e demonstrativos do inadequado e desordenado caminho que estaria a percorrer o SNS. Hoje, algumas dessas classes e Ordens, que no passado, de forma cínica e muito pouco solidária contrariaram o que vinha sendo dito pela Bastonária e Ordem dos Enfermeiros, são os mesmos que a reboque dos acontecimentos, também eles fazem greve, dão voz ao estado de desmantelamento que o SNS está a atravessar e reforçam a demonstração de incompetência do Ex-Ministro e actual Ministra da Saúde do Governo “Geringonçado”.


O Ministério da Saúde mostrou-se incompetente com os Enfermeiros, como o fez também com outras Classes Profissionais, e sentiu-se encurralado com a realidade que vinha sendo demonstrada e com as greves, sinal evidente do descontentamento destes profissionais. O Governo acossado da situação partiu para o insulto gratuito, contrariou leis, produziu actos ilegais, criou factos e “bonecos políticos”, adulterou listas de espera, manipulou prioridades cirúrgicas e deliberou sindicância à Ordem dos Enfermeiros, em actos autênticos de um fundamentalismo ditatorial, próprios de quem perde a razão democrática, quer encobrir a realidade dos factos e usa as instancias e o poder do Governo “comprando” comentadores, Orgãos da Comunicação Social e instituições subservientes, para tentar esmagar e fazer calar vozes incómodas. Será a vivência de uma Venezuela em Portugal?

Tenho para mim, que a maioria dos comentadores políticos, avençados do Estado e de interesses menos visíveis, demonstraram não conhecer o que é o SNS na sua essência. Não sabem e não foram capazes de destrinçar entre Sistema de Saúde (SS) e Serviço Nacional de Saúde (SNS). Desconhecem o estatuto, as remunerações e as actividades profissionais das diferentes classes da saúde e por isso não compreendem que hoje as equipas são multidisciplinares e há dimensões do Cidadão doente, que não só a sua situação de doença clínica, que precisa de ser atendida e tratada.


Ficou desta legislatura o insulto barato e infundado aos Enfermeiros. A publicação de uma “Carreira de Enfermagem” que não respeitou a palavra do Governo, não fez justiça às reivindicações dos Enfermeiros e contributos honestos, leais e oportunos ao momento perdido pelo Governo, de demonstrar competência e vontade de estimular o reconhecimento e importância de uma Classe de Enfermagem que muito dá ao SNS, à Sociedade e que não se enreda na corrupção e interesses fraudulentos que a Comunicação Social vão noticiando e trazendo a público.


Perante esta realidade inequívoca de que o SNS está em pré-ruptura, não se conhece nenhum posicionamento público e claro de Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Lembrar que cabe ao Presidente da República na qualidade de Supremo Magistrado da Nação, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Por isso perguntar a Sua Excelência o que terá a dizer sobre os direitos constitucionais dos cidadãos – grávidas, bebés e doentes oncológicos – relativamente ao acesso aos serviços de proximidade e das Unidades e Hospitais do SNS? Fica a pergunta!


Os Enfermeiros demonstraram de que, quando unidos, são capazes de parar o SNS, encurralar o Governo, mas apesar disso, estar sempre junto do Cidadão, porque estão à cabeceira 24 horas por dia, durante todo o ano e não deixam ninguém sozinho!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.07.07 – 22h00

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