O VALOR RELATIVO DE UMA DEMOCRACIA QUE EXPLORA OS
POBRES E PROTEGE OS RICOS E CORRUPTOS!
Estamos às portas de celebrar 45 anos sobre o 25 de
Abril de 1974.
Uma revolução, que ao longo de vários episódios
seguintes, instaurou a Democracia em Portugal.
Uma democracia que nos levou à Europa, à
modernização e à melhoria da qualidade de vida dos Portugueses. Uma democracia
que possibilitou, passados 5 anos, a criação e o nascimento de um Serviço
Nacional de Saúde (SNS), que nos orgulha e enobrece perante o Mundo. E como o SNS,
tantas outras realidades que possibilitaram aos Portugueses e a Portugal
modernizar-se e afirmar-se na Europa e no Mundo, seja através das
Universidades, da indústria, da construção naval ou outras disciplinas.
Mas hoje, passados esses 45 anos, que valor tem esta
democracia que vivemos? Tem um valor absoluto, ou um valor relativo?
É indiscutível a pluralidade de opiniões que os
cidadãos podem ter e emitir. É indiscutível, as condições de vida, de forma genérica,
que a população alcançou e tem. Melhorou o acesso à Saúde e Educação. E tantos
exemplos se poderiam dar….
Mas… também, nesta pluralidade de pensamento, de
atitudes e comportamentos, o que já vivemos?
- Três situações de bancarrota, com necessidade de recurso ao Fundo Monetário Internacional (FMI);
- Corrupção que abala o sistema político, económico e financeiro. Levando até à prisão de um Primeiro-Ministro;
- Tráfico de influências;
- Populações que morrem queimadas e indefesas, onde o Estado falhou na defesa dos seus Cidadãos. E depois tarda ou nunca aparece a indemnizar e a ajudar as pessoas que ainda vivem agarradas às raízes da esperança, num interior desertificado, mas onde sepultaram lágrimas, familiares e anos de vida;
- Chegamos a ver, nas diferentes classes, desde as mais indiferenciadas, às mais especializadas, num determinado tempo, os seus proventos resultado do trabalho, melhorarem e aumentarem. Mas depois estagnou esta valorização salarial e os impostos foram “comer” ainda mais os aumentos que todos os anos aconteciam;
- Com o tempo, começamos a ver que a “casta de políticos”, desde o poder local, ao poder central, deputados e outras variáveis destes acomodados ao sistema, melhoraram substancialmente os seus proventos, as suas condições económicas, a sua qualidade de vida e o seu património;
- Deputados legislaram em seu próprio proveito, isentando de impostos e outros custos, subsídios, ajudas de deslocação, de integração, etc., etc., etc.
- A Justiça tornou-se mais cara e inacessível a qualquer cidadão, quando deveria ser um baluarte de uma democracia moderna. Os Cidadãos ou ficam depauperados para poder reclamar e exigir na justiça, os seus direitos, ou não tendo proventos para o fazer, não reivindicam os seus reais direitos;
- As Finanças e o Estado que é lesto em cobrar impostos aos seus Cidadãos, numa justiça cega, e lento ou lentíssimo no devolver o que cobrou a mais ou não deveriam ter cobrado ao “pobre” Cidadão;
- Políticos, banqueiros e outros abastados cidadãos, veem os seus processos arrastarem-se nos Tribunais, com recursos atrás de recursos, com advogados pagos a peso de ouro a defendê-los. E o comum Cidadão?
- Vemos amnistias a serem aplicadas a grandes empresas. Falência, inércia e incompetência na cobrança de impostos aos poderosos;
- Vemos o petróleo nos mercados internacionais a fixarem o preço e com ligeiras flutuações. Em Portugal sentimos todos na carteira, o custo exorbitante dos combustíveis, pagos indiferenciadamente por ricos e pobres. Esta sim uma das “galinhas de ovos de ouro” do governo e do Estado gastador sem restrições;
- Vemos e sentimos um desinvestimento brutal na Educação e na Saúde. Listas para primeiras consultas de especialidades e cirurgias, também de várias especialidades, com anos e anos de atraso;
- Vemos aumentos substanciais nas carreiras dos políticos e em contraponto, desvalorização salarial e das carreiras de funcionários públicos, sejam eles Enfermeiros, Professores, ou outras classes profissionais;
- Vemos e sentimos as injecções de milhares de milhões de euros numa banca falida, mas para onde aparece sempre orçamento, à custa do comum Cidadão que atempadamente e com sacrifício, paga os seus impostos;
Perante tantos e tantos exemplos que poderíamos dar
e escrever, perguntamos novamente, se esta Democracia tem um valor absoluto, ou
um valor relativo?
Todos temos com certeza uma opinião! Mas estaremos,
nós Cidadãos, cada vez mais indefesos, quando, numa perspectiva sociológica,
vemos o desaparecimento da classe média, o empobrecimento e envelhecimento de
uma Sociedade, disponíveis e satisfeitos a pagar estes e outros custos de uma
democracia como a que temos? Uma democracia que sustenta 230 deputados, cuja
justificação deste número é muito discutível. Uma Democracia que sustenta um
sem número de generais de um exército sem guerra, de um número infindável de
políticos com poucos anos de contribuição e desempenho profissional a auferirem
chorudas reformas e subvenções vitalícias. E ao comum cidadão, é aumentado cada
mais, o número de anos de trabalho e contribuição para uma Segurança Social,
que serve outros interesses, e cujo valor de aposentação destes contribuintes
está em causa e com valores reduzidos, depois de uma vida de árduo trabalho,
sacrifícios e limitações.
É esta a Democracia e o estado de um Estado e de uma
Nação, que sonhamos e construímos todos os dias, quando produzimos trabalho e
riqueza, no nosso posto de trabalho?
Quem hoje, de nós todos, se vê bem representado
neste Estado burocrático, dificultador e impessoal, cobrador abruto de
impostos, que pouco retorno dá aos seus Cidadãos, e num poder político desfasado
da realidade e do país real?
Carece a nossa Democracia de uma refundação, de uma
reflexão profunda e de uma reforma? Digo-o sem qualquer dúvida, que sim. Uma
refundação social, politica, económica e financeira, porque os afectos já não
são suficientes e transportam um vazio, populismo bacoco e lágrimas de
crocodilo, que não escapam ao mais distraído Cidadão.
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.04.17 – 21h30
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