A Sociedade de hoje, a que chamamos moderna e evoluída, obriga-nos a questionar termos, relações, estudar estados e reflectir razões, universos e o individuo de hoje, nesta malha tecida por stresses, materialismos, prazeres imediatos, onde o insucesso terá que começar a ser visto e estudado como momento útil, de aprendizagem e essencial para a formação do indivíduo, do técnico e do gestor.
Com satisfação verificamos que a Unidade de Cuidados da Comunidade (UCC) de Viana do Castelo – Unidade Local de Saúde do Alto-Minho, vai realizar as suas IIªs. Jornadas no dia 12 e 13 de Abril, cujo tema vai versar precisamente a “Parentalidade: Desafio ou Oportunidade”.
Caro Leitor, se lhe colocasse esta questão, saberia responder-me? E se lhe perguntasse em que faixa etária colocaria a “Parentalidade”, o que me responderia?
Efectivamente, parece simples, mas numa reflexão mais profunda, é muito mais complexo do que julgamos, mas necessário e oportuno, fazer esta reflexão. E o termo “Parentalidade” terá só um significado? Ou para cada disciplina das Ciências Sociais, atribui-lhe um significado diferente?
Numa das perspectivas da Saúde, esta é uma temática que merece ser debatida, esclarecida e partilhada, para uma Sociedade cada vez mais fechada em si, quando cada indivíduo, Homem de um mundo global e digital, ligado ao universo sem fronteiras, mas vivendo isolado, fechado, “pregado” ao monitor, “algemado” ao android ou teclado.
O mediatismo do “eu” figura, transformado um mega bite ou gigabyte de uma fotografia efêmera, que circula vertiginosamente nas redes, mas que tem tirado o afecto, os laços de socialização e de partilha, nas soleiras das casas, nas escadas da rua, no lajedo da praça ou em torno do pelourinho ou cruzeiro, nos aparta o toque de gerações, ou a carta “batida” na mesa, ou o conto de histórias de antanho.
Parece-nos muito oportuno, uma unidade de saúde, proporcionar a discussão, ouvirem-se os peritos, as visões e perspectivas de vários ângulos e o questionar a “Parentalidade”, quando a esperança de vida aumenta e não se sabendo bem estimar, que impacto decorrente do aumento da duração média de vida, vai acontecer? Quando os laços e definições de Família se alteram, quando a pirâmide etária, aceleradamente, toma outros contornos e configuração, quando as necessidades consumistas são como nunca, a “indiferença moderna” se instala e a vivência da sã vizinhança é desconfiada, algo impessoal e muitas vezes institucionalizada.
Que desafios, recursos, oportunidades e alternativas encontramos nas instituições públicas e de saúde, na rede social, nas IPSS e nas relações de vizinhança, para dar resposta a todos os desafios que a “Parentalidade” nos coloca. Que complexidade, sob o ponto de vista sociológico, a “Parentalidade nos coloca? Como “cuidar a espera” de um futuro incerto? Que destino Social dos indivíduos? Que laços de sociabilidade? Qual a integração das populações rurais de parcos recursos na mediação da “Parentalidade”? Que implicações da “Parentalidade” nas migrações de Povos?
Quer reflectir connosco? Nós gostaríamos!
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.03.20 – 21h00
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