UM
25 DE ABRIL QUE DEVERIA SER ESPECIAL
Comemora-se o 46º
aniversário do 25 de Abril de 1974.
Esta data é um
marco histórico muito importante para Portugal como Nação e da nossa Sociedade,
como Povo Milenar, descobridor, aventureiro, mas também de brandos costumes.
O 25 de Abril/74
foi uma revolução protagonizada por muitos homens e mulheres. Uns, pela
postura, coragem e abnegação, tornaram-se pessoas ímpares que se traduziram em figuras
importantes da nossa história contemporânea. Outros, ao abrigo do oportunismo,
ocuparam lugares que lhes valeu subvenções vitalícias. E uma outra grande
maioria, de forma anónima, tornaram o 25 de Abril realizável, para a conquista
e instauração da democracia.
Esta Comemoração
do 25 de Abril de 2020, deveria ser especial por várias razões: Porque a
“Pandemia SARS-CoV-2 COVID-19” veio criar limitações enormes à nossa Sociedade,
à socialização dos Cidadãos e do Povo, criou pobreza, desemprego, dificuldades
e se quiserem, alterou também as habituais comemorações e cerimónias inerentes
a este dia.
Como lamento, que
perante a gravidade desta Pandemia, alguns irresponsáveis políticos, dão sinais
e procedem de forma enganadora com a Sociedade Portuguesa, infelizmente,
pervertendo o sentido e a responsabilidade de confinamento exigido ao comum
Cidadão. Parece até, que a liberdade dos Srs. Deputados, é mais importante que
a dos outros Cidadãos!
Por ser uma data
especial para Portugal, desejava que a comemoração deste ano do 25 de Abril se
traduzisse no reconquistar da liberdade perdida, no reganhar da confiança, na
esperança de dias melhores, que esta luta/batalha contra o SARS-CoV-2 COVID-19
veio retirar.
- Que
a “liberdade de Abril”, num momento de dificuldades para a Sociedade
Portuguesa, trouxesse ao Poder Político no seu todo, a capacidade de olhar o
SNS como um grande Serviço de Saúde e num pacto de regime, entre as diferentes
forças políticas e governos, merecesse este SNS investimento efectivo;
- Que
a liberdade de discutir e comemorar Abril, levasse Deputados e Governo a
legislar em favor dos Enfermeiros e contra as reais carências e problemas que
afronta a Classe de Enfermagem, nomeadamente, carreira e remunerações;
- Fosse
um 25 de Abril, onde as palmas aos Profissionais de Saúde não fossem forçadas
por uma Pandemia que de supetão nos bateu à porta, mas fossem genuínas e
sentidas;
- Face
à liberdade que uma democracia impõe, que a Ministra da Saúde não insultasse os
Enfermeiros e que nem o Governo os “perseguisse”. E já agora, lhes pagasse os
aumentos, como pagou aos outros Funcionários;
·
E
que esta grande Nação se orgulhasse dos Profissionais de Saúde que tem e que
fazem um grande SNS;
Para finalizar,
gostava que a leviandade da comemoração do 25 de Abril na Assembleia da
República fosse apenas um mero exercício de possibilidades e que o Sr.
Presidente da República, o Sr. Presidente da Assembleia da República, o Sr.
Primeiro-Ministro e os Srs. Deputados, reflectissem sobre o insulto velado, que
vão fazer aos Profissionais de Saúde e aos Cidadãos, nesta dispensável cerimónia
e que o custo da mesma, fosse canalizada para material de segurança dos
Profissionais de Saúde e equipamento hospitalar.
Por certo que,
com esse exemplo, o mesmo seria pedagógico, mais útil e mereceria o respeito de
todos nós. Se assim não for, que cada um faça a sua avaliação e tire as
conclusões que a sua consciência permitir. Contudo, se antes não se poderia
admitir, a partir de agora não se poderá tolerar mais, a falta de meios,
recursos, EPI’s e Profissionais de Saúde, no combate aos princípios de
prevenção e normas emanadas das autoridades de saúde/Saúde Pública e isolamento
social desejável.
A “pandemia” veio
relembrar aos mais velhos, ensinar aos mais novos e explicar aos distraídos, o
que pode ser um Povo confinado, sem liberdade, com deslocações e passos
controlados e a restrição de acesso a bens, que, entretanto, se esgotaram.
“Perdemos” a liberdade de ir tomar um café, de fazer uma refeição no
restaurante, de caminhar na avenida ou na praia, de ir à pesca, etc. E quando
parados ou controlados numa operação stop, tivemos de mostrar um
“salvo-conduto”. Dá para pensar! Mete medo! Lutemos então e sempre pela
liberdade.
Que neste dia de
conquista/reconquista da liberdade fique para sempre claro que as Pessoas e as
Famílias merecem estar sempre primeiro!
Humberto
Domingues
Enf. Espec. Saúde
Comunitária
2020.04.24