ENFERMEIROS
PORTUGUESES NÃO PODEM FICAR CALADOS
FACE
AOS INSULTOS QUE LHES SÃO DIRECCIONADOS
ESTRANHAMOS
ALGUMAS POSSÍVEIS CORRELAÇÕES DE ACONTECIMENTOS!
Desde que os ENFERMEIROS PORTUGUESES tomaram em suas mãos a defesa da
Classe e se emanciparam dos tradicionais Sindicatos, gerou-se uma revolução
silenciosa, que lhes provocou a “perda de medos”, as negociações com os
Sindicatos deixaram de ser tabus, como qualquer coisa intocável. Os movimentos de
ENFERMEIROS afirmaram-se, a união entre a classe foi-se afiançando. A Ordem dos
Enfermeiros, com a Bastonária Ana Rita Cavaco, colocou-se sempre ao lado dos
ENFERMEIROS. Tornou-se mais mediática, interventiva e colocando-se ao mesmo
nível que outras Ordens Profissionais, provocando dissabores a essas Ordens
Profissionais que até então se julgavam apenas elas detentoras do espaço
mediático, de opinião e do pleno e único saber. Já aí começaram os ataques.
Com toda esta movimentação, afirmação, visibilidade e clarificação, os
Sindicatos cristalizados no tempo e no espaço, ficaram sem espaço, sem
sindicalizados, com a sua credibilidade a diminuir aos olhos da sua Classe
Profissional. A insatisfação era tanta, e o espaço do vazio tornou-se ainda
maior, que possibilitou o surgimento de dois novos Sindicatos, com outro
protagonismo e afirmação. Uma lufada de ar fresco.
O gigante adormecido começou a acordar, a movimentar-se, a suspirar e a
estremecer alicerces daqueles que se julgavam seguros e cimentados em cima e à
custa de uma Classe Profissional trabalhadora, dedicada, responsável e
insubstituível no seio de todas as Instituições de Saúde e do próprio Serviço
Nacional de Saúde (SNS).
Passaram-se das greves suaves de um dia ou dois, para uma semana,
entrega de cédulas por parte dos ENFERMEIROS especialistas, megamanifestações e
“revolução de cravos brancos”. Muitas negociações a fazer de conta, outras um
pouco mais sérias. O que é certo, é que o Governo estremeceu e este estado de
coisas, levou à queda de um Ministro da Saúde.
Face à inoperância do Ministério da Saúde, cativações do Ministério das
Finanças, adiamentos e mais adiamentos de compromissos já assumidos, os
ENFERMEIROS PORTUGUESES, de forma espontânea, organizam-se e criam a angariação
de um fundo (crowdfunding) para a “Greve Cirúrgica 1” com mais de 300.000€. Em
2019 continuam com a iniciativa para financiar a “Greve Cirúrgica 2” e juntam
mais de 420.000€. A iniciativa surpreende tudo e todos. O Gigante tomou
proporções nunca antes imaginadas. Os ENFERMEIROS dos Blocos Operatórios de
vários Centros Hospitalares e dois Sindicatos – ASPE e SINDEPOR – tornam possível
o que nunca antes a Classe de ENFERMAGEM tinha conseguido. Escreveram novas e nobres
páginas na rica história da ENFERMAGEM. Os ENFERMEIROS começaram a perceber a
dimensão do seu puder.
Chegados aqui, a nova Ministra da Saúde e o Governo “encostados
completamente às cordas”, recorrem a todas as armas, apesar de algumas
enferrujadas e impensáveis num Governo de esquerda. Nem o parecer da PGR lhe
foi favorável. Os insultos vêm pela própria boca de uma Senhora, Ministra da
Saúde, de nome Profª. Doutora Marta Temido. Como se não bastasse, o Sr
Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, usa a sua linguagem doméstica e apelida a
GREVE CIRÚRGICA de “Selvagem e Totalmente ilegal”.
Na impotência de chegarem a acordo com os ENFERMEIROS PORTUGUESES,
através dos Sindicatos, o Ministério da Saúde e o Governo encerram as
negociações unilateralmente e rompem compromissos já anteriormente assumidos.
Mas ao longo destas “Greves Cirúrgicas” a comunicação social é
manipulada, as inverdades foram e são mais que muitas em todos os telejornais,
em espaços públicos de notícias, em editoriais e artigos. Painéis de
comentadores nos vários formatos, ou a solo, todos sabem falar de ENFERMEIROS,
mas não falam de ENFERMAGEM. Falam do que não sabem e afirmam as maiores
barbaridades. Confundem Serviço de Saúde com Serviço Nacional de Saúde. São produzidas
ferozes afirmações em torno dos ENFERMEIROS, como se tudo e todo o serviço,
programação, escalonamento de doentes e cirurgias fossem da responsabilidade
destes profissionais. Veio ao de cima toda uma ignorância embalada em belos
fatos, gravatas e outros adornos, de actores e vendidos sabe-se lá a quê e a
que favores, e de raciocínios esvaziados de conteúdos e saberes, sobre a
verdadeira razão das reivindicações dos ENFERMEIROS PORTUGUESES.
Houve vozes responsáveis que souberam perceber o que estava em causa e
com honestidade assumiram e afirmaram, que não sabiam como lidar com esta nova
realidade. E face a todos os prejuízos que estavam a somar-se e que se
vislumbravam no futuro, era importante o Ministério da Saúde e o Governo chegar
a acordo com os ENFERMEIROS PORTUGUESES. Não foi o que aconteceu. A factura vai
ser elevada, concerteza!
Com todos estes acontecimentos, desde o mais mediáticos e visíveis aos
mais sórdidos e encobertos e de aproveitamento político e de fragilidades, há
algumas correlações que vislumbramos:
- Conferência de Imprensa da Ordem dos Médicos, versus a rotura de relações institucionais do Sr. Secretário de Estado Francisco Ramos com a Ordem dos Enfermeiros;
- Sr. Secretário de Estado da Saúde Dr. Francisco Ramos, faz declarações e lança suspeições, sem concretizar as mesmas, versus, à moda do Sr. Primeiro-Ministro Dr. António Costa, não concretiza as acusações;
- Acusações e cancelamentos de reuniões com a Ordem dos Enfermeiros por parte do Governo tentando provocar o desgaste da Bastonária Enfª. Ana Rita Cavaco, versus, as Eleições para os Orgãos Sociais da Ordem dos Enfermeiros, que vão ocorrer neste final de ano de 2019;
A realidade, quer se queira, ou não, é que os Governo está
completamente perdido, face à onda de agitação que aí vem, num ano de eleições
Europeias e Legislativas. São os Professores, são os Técnicos Superiores de
Diagnóstico e Terapêutica, são os Assistentes Operacionais da Saúde, são os
Enfermeiros, vão ser, concerteza os Médicos e os Funcionário Públicos no seu
todo. Enfim, muita agitação social!
Será à espera desta agitação social, que o PCP e o Bloco de Esquerda,
vão tentar ir buscar algum eleitorado e contestar o Governo? Porque agora, com
o Governo a por em causa a “Greve Cirúrgica” nem se ouviram estes “defensores
paladinos” dos trabalhadores. Nem da “toca” saíram!
ENFERMEIROS PORTUGUESES constatamos que o nervosismo é de tal forma,
que até afirmam que o corte de relações com a Ordem dos Enfermeiros, até é só
do Secretário de Estado e não do Governo! Como se o Secretário de Estado da
Saúde, não fosse deste Ministério da Saúde e deste Governo!
Bom, aguardemos mais episódios de algum humor, desconcerto e falta de elevação
e estatuto destes governantes. O que pensarão ex-responsáveis do PS e da nação,
como Jorge Sampaio e António Guterres, Cavaco Silva e General Ramalho Eanes, sobre
este governo e estas “habilidades toscas” de fazer política.
Constatamos que, por todas as vias, responsáveis governamentais estão a
tentar descredibilizar, dividir, insultar os ENFERMEIROS PORTUGUESES e as suas
Organizações, manipular a opinião pública. Mas não podemos admitir, tolerar ou
condescender este comportamento de pessoas, governantes e responsáveis, que
hoje ocupam os lugares do governo e amanhã estarão novamente na rua a pedir o
voto e a fazer promessas vãs, ocas e oportunistas. Somos uma Classe
Profissional com dignidade, com História, e merecemos respeito. Não toleramos
indignidades, venham elas de onde vierem!
Urge uma conferência de Imprensa colectiva, com todas as Organizações
representativas dos ENFERMEIROS PORTUGUESES, no registo de seriedade que temos
vivido e lutado, para esclarecer a Sociedade Portuguesa e o País, sobre os
atropelos que estão a ser levados a cabo e a manipulação da verdade.
Aguardemos pelo futuro próximo, que talvez nos surpreenda a todos.
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES! Assim o saibamos e queiramos sê-lo.
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2019.02.05 – 21h30
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