quinta-feira, 29 de maio de 2025

ARTIGO OPINIÃO - AUTOR: ENFERMEIRO DOUTOR JORGE FREIXO

ARTIGO OPINIÃO
AUTOR: ENFERMEIRO DOUTOR JORGE FREIXO
(Transcrição com conhecimento e autorização do Autor)

"Fazer o melhor com os meios disponíveis / Fazer o máximo 
sem olhar a meios

Esta dicotomia define a linha entre o que deveria ser a missão do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o que se tornou, em muitos casos, uma distorção perversa do programa SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia). Criado para reduzir listas de espera, o SIGIC está a ser instrumentalizado por alguns, não para priorizar doentes, mas para maximizar proveitos próprios. Desvirtua-se o princípio basilar do SNS: dar ao doente o que ele precisa...

Quando o Remédio promove a Doença

O SIGIC, em teoria, é nobre: acelerar cirurgias atrasadas. Na prática, porém, degenerou noutra coisa. Seduzidos por incentivos financeiros, os profissionais focaram-se em produzir atos médicos.

O critério deixou de ser "o que o doente precisa" para passar a ser "o que mais rende". Cirurgias de baixa complexidade (e alto volume) são privilegiadas; doentes complexos, que exigem mais tempo e recursos, ficam para trás. O resultado? Listas de espera artificialmente construídas e 'formalmente' reduzidas.

O sistema é simples: quanto mais atos médicos forem praticados melhor... Procura-se fazer mais, mas estaremos a fazer a coisa certa?

Esta lógica transformou os profissionais de saúde em 'operacionais' de procedimentos cirúrgicos. O doente, nisto tudo, deixa de ser o foco. Pior: o sistema está focado nas intervenções, por vezes desnecessárias, ou que se "fragmenta" um tratamento em múltiplos atos.

Criticar o SIGIC não significa ignorar a necessidade de eficiência. Mas eficiência não é sinónimo de 'volume de procedimentos'. A saúde deve medir o sucesso pela qualidade do cuidado, não pelo número de atos praticados, deve focar 'no que o doente precisa'.

Conclusão: Voltar ao Princípio, acabar com o SIGIC.

Em vez de premiar a 'quantidade', recompensar a 'efetividade':.

Fazer o melhor com os meios que disponíveis em vez de "Fazer o máximo sem olhar a meios".

2025.05.28
Jorge Freixo"


Caro Enfermeiro e Doutor Jorge Freixo, obrigado pelo Teu excelente artigo. 

Concordo com ele, na objectividade e essência primeira do problema/questão, direccionada no âmbito da gestão.

Outras interpretações que possamos fazer, e bem, fazemo-las, a partir do que escreveste e refletiste e do que conhecemos/sabemos do "terreno".

Obrigado por autorizares e permitires que tão excelente texto o possa partilhar no meu blog. Grato por isso.

Grande Abraço

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.05.29

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