terça-feira, 17 de junho de 2025

PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES

PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES

Fonte da Foto: Augusta Matos Clínicas

Já se fazem sentir temperaturas muito altas. Esta vaga de calor, levou em alguns casos, as pessoas a exporem-se demasiado e abruptamente ao sol, na praia e esplanadas, provavelmente sem prévia preparação e a horas inapropriadas aos intensos e agressivos raios solares.

Todos nós nos expomos em demasia ao Sol, correndo o risco de sofrermos alguma queimadura dérmica. Assim, numa prespectiva de prevenção, pretendemos deixar neste artigo de opinião, alguns ensinamentos sobre prevenção e protecção de “queimaduras solares”.

A nossa pele é o maior órgão do corpo humano. Este órgão é constituído por 3 camadas: a “Epiderme” de média espessura (face externa), a “Derme” de maior espessura, é a camada intermédia e a “Hipoderme”, é a camada de menor espessura e a mais profunda.

A nossa pele é um órgão sensível, protector e a primeira barreira às agressividades que sofremos, quer sejam através de radiações ambientais, químicas ou outras, nomeadamente, pela agressividade e traumatismo que as roupas, que diariamente usamos, nos provocam (costuras duras, roupas apertadas, muitos fios e fibras sintéticas), os detergentes e sabões que usamos quer na lavagem das roupas, quer na nossa higiene pessoal e por exposição ao Sol e poluentes. A pele é elástica, tem um brilho próprio e tem várias tonalidades, conforme a raça, a matriz genética, a geografia onde vivemos ou somos oriundos e a quantidade de melanina que cada indivíduo possui na sua constituição orgânica. Em média a pele mede +/- 2 m2 e pesa entre 4 e 9 Kg (claro está que, um bebé não possui tanta área corporal e por isso também mede e pesa menos. No inverso, uma pessoa obesa e com grande área corporal alcança limites superiores a estes valores).

A pele precisa de ser bem hidratada para manter todas as suas características saudáveis e de protecção. Esta hidratação pode ser de forma “mecânica” por aplicação manual de cremes e líquidos hidratantes, ou de forma sistémica, com a ingestão de líquidos, principalmente de água e sumos naturais e o consumo de frutas e legumes variados.

Relativamente às radiações solares, estas são, em simultâneo, através de radiações de raios UV (ultravioletas), que se dividem em 3 tipos: A,B e C, conforme o seu comprimento de onda. Ora vejamos:

UVA – É o mais nocivo. Afecta a “Derme”. Penetra mais profundamente na pele, causa envelhecimento e pode provocar cancro da pele, alergias e manchas. Incide na nossa pele mesmo com chuva, névoa ou neve. 95% das radiações solares têm composição dos raios UVA.

UVB – Afecta a “Epiderme”. É o responsável pelos “vermelhões”, ardência e queimaduras solares. É mais intenso entre as 9 e as 16 horas. Penetra facilmente na pele e contribui com 5% na composição das radiações.

UVC – São bloqueados pela camada de ozono e filtrados pela atmosfera terrestre.

Quanto ao Sol, sabemos sobejamente que é muito importante para a Saúde. Ele, “Rei Sol”, contribui para a síntese da vitamina D, fortalece os ossos e articulações, melhora o humor, cria condições para o aumento do bem-estar das pessoas e ajuda a regular os ciclos do sono. Contudo, há algumas regras simples, mas importantes para nos prevenirmos da exposição solar, para que esta não seja nefasta, nomeadamente na praia. Quando a sombra é pequena, é sinal que o Sol está no seu ponto mais alto (a “pique”), por isso sinal de muita intensidade – Perigo. Quando a sombra é maior, sinal que o Sol já mudou a sua orientação, os raios solares já são oblíquos e por isso, menos perigoso. Há um “relógio solar” que deve ser utilizado: horas perigosas entre as 12 e as 16 horas; Perigo intermédio, entre as 11 e 12 horas e 16 e 17 horas. Horas apropriadas/ideais: antes das 11 horas e depois das 17 horas.

Nestes dias de praia e exposição solar, devemos considerar sempre o uso e aplicação de protector solar. Mesmo em dias nublados, deve ser aplicado, como atrás verificamos pela penetração dos raios solares. O protector solar deverá ser aplicado cerca de 30 minutos antes de sair de casa, aplicado no corpo todo e reaplicar de 2 em 2 horas. Reaplicar depois do banho ou de alguma actividade desenvolvida. O protector solar a aplicar, em cada pessoa, tem de ser de acordo com as características da nossa pele e das indicações do fabricante, sendo certo que para as crianças, deve ser sempre o protector com índice de protecção 50+ (cinquenta mais). Devemos ter particular atenção na aplicação no nariz e orelhas e deixar estas áreas bem protegidas. Merecem especial referência, as grávidas, quer na exposição solar, quer no uso de produtos e protectores solares. Outro factor a ter em atenção é o reflexo e a dispersão que os raios solares sofrem, quer na água, quer na areia, porque os raios UV dispersam-se desordenadamente.

Como sabemos que o SOL não tira férias, devemos apostar na protecção usando roupa simples, arejada e de preferência com o menor número possível de fibras sintéticas. O ideal é vestuário de algodão e de cores claras. Beber muitos líquidos, nomeadamente água e frutos naturais, comer fruta e legumes variados, usar óculos com protecção UV e guarda-sol, de preferência com material reflector ou de duplo tecto. Dedicar especial atenção, quer nas ondas de calor, quer nos períodos de maior intensidade, às crianças, grávidas e idosos.

A prevenção e o conhecimento são sempre armas que devemos ter à mão e fazer uso deles. Tenham umas boas férias, mas protejam-se, porque o Sol não tira férias e as lesões cutâneas são muito dolorosas e podem desenvolver problemas /doenças oncológicas.

Com prevenção, o Verão é uma animação!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.06.17

segunda-feira, 2 de junho de 2025

AS "HECATOMBES" DA ESPUMA DOS DIAS

AS "HECATOMBES" DA ESPUMA DOS DIAS


As hecatombes sucedem-se vertiginosamente. Foi a derrota do PS nas Eleições Legislativas 2025 e os 400.000 mil euros pagos pelo SNS em 10 dias a um dermatologista! Não são parecidas, nem têm a mesma importância ou impacto, mas agitam os dias de hoje. Se uma é a Democracia a funcionar, outra é, a debilidade do sistema no SNS que serve, apenas, a alguns!


Se os partidos, colherem fracas votações nos actos eleitorais, são consequência da democracia a funcionar e das escolhas dos Eleitores, se quiserem, do Povo de uma Nação, que conquistou esse direito, de escolher e votar. Já o pagamento de 400.000 mil euros de um Hospital, a um seu funcionário/colaborador em apenas 10 dias de trabalho, levanta muitas questões de índole ética, moral e no limite, até deontológicas. Colocamos a questão: Há ou não aqui, claramente, responsabilidades a vários níveis da hierarquia e gestão deste Serviço do Hospital de Stª. Maria?


A liderança de Pedro Nuno Santos, no PS, foi demolidora, para o partido e para o seu eleitorado! A mensagem não passou, o vazio era grande e o projecto político inconsistente, o programa de governo inexistente face aos desafios necessários para Portugal e gerações vindouras e o passado da governação Socialista também não ajudou a este “presente envenenado”, que acabou por ser a moção de confiança apresentado pelo Governo e que o Grupo Parlamentar do PS, chumbou! Pedro Nuno Santos não conseguiu perceber a “ratoeira”, a sua fragilidade enquanto líder, o alcance e a debilidade com que partia para umas Eleições Legislativas desafiantes e difíceis. E provavelmente, alguns ao seu lado, perceberam, mas quiseram ver o seu líder “chamuscado, grelhado ou queimado”, como aconteceu. Porque às vezes, o que não parece, é! Com toda a certeza que com estes resultados eleitorais, as pernas de Pedro Nuno Santos tremeram mesmo e ele caiu. Não sei como ficaram as “pernas dos Alemães”!!!!


O BE, “naquela esquerda caviar”, nem os seus fundadores e dinossauros conseguiu eleger. Como os tempos e a lucidez do Povo muda! E o mesmo se aplica ao PCP/CDU.


Mas agora, há uma clarificação (?) dos Grupos Parlamentares e o Governo viu o seu programa e governação de 11 meses sufragado positivamente nas urnas, por aqueles que decidem, verdadeiramente, os ciclos políticos. Apesar da ingerência tendenciosa da Comunicação Social e de muitos comentadores/”comentadeiros”.

A expectativa e esperança neste novo Governo é grande. As reformas que se pretendem na Administração Pública são necessárias. Particularmente na Saúde, onde não podem acontecer, seja em CIGIC, seja noutra forma, o pagamento de 400.000 euros em dez dias de trabalho a um só Médico! É preciso auditar este sistema em todos os Hospitais. É preciso perceber quem ganha autênticas fortunas com estes programas, que já vários nomes teve ao longo de 20 ou 25 anos. É preciso auditar e comparar tempos de ocupação de blocos operatórios, rentabilidade destes espaços e tipos de cirurgias que são feitas em programas CIGIC e as de período programado. É preciso clarificar e definir fronteiras entre prestação de serviço público e privado, pelos mesmo “actores”, que também “definem as regras de jogo”. O dinheiro público não pode ser desbaratado em “sindicâncias duvidosas”, sem consequências efectivas. Exige-se coragem aos gestores, aos auditores, às inspecções, aos decisores políticos e ao Ministério da Saúde para pôr fim a estes abusos criteriosos.

Coloca-se a questão: como se sentirão os restantes cumpridores Colaboradores do Hospital de Stª. Maria, face a este pagamento de 400.000 euros a um dermatologista? Como se sentirão os Profissionais de Saúde sérios, com amor à camisola das suas instituições, muitas vezes sem condições, prolongando turnos, onde acabam até por ser questionados, por meia dúzia de euros, que a carga fiscal leva quase metade? A diferenciação de tratamento deste “oneroso dermatologista” foi assim tão grande no relacionamento com os pacientes e seus pares de ofício, que lhe possibilitaram esta disparidade remuneratória, ou apenas foi pela excelência do acto médico, que lhe valeu estes milhares de euros? E numa cascata de responsáveis a validar escalas, listas de espera e produtividade, ninguém questionou critérios, tempos de ocupação e dedicação, frequência dos actos operatórios, etc?

Parece-nos que a Equipa Ministerial terá um grande trabalho a escrutinar e a responsabilizar as Administrações das ULS para estas realidades, que por certo de menor monta monetária, mas que se repetirá em muitos hospitais, de Norte a Sul de Portugal. E que não falte coragem política e decisória à Sra. Ministra da Saúde, para as medidas correctivas que se entenderem como oportunas.

Não é possível pactuar com programas viciados, com largos anos de existência, permitindo só a alguns, avultados rendimentos pecuniários, em prejuízo de tantos outros, do SNS e das finanças públicas, em particular.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.06.02

quinta-feira, 29 de maio de 2025

ARTIGO OPINIÃO - AUTOR: ENFERMEIRO DOUTOR JORGE FREIXO

ARTIGO OPINIÃO
AUTOR: ENFERMEIRO DOUTOR JORGE FREIXO
(Transcrição com conhecimento e autorização do Autor)

"Fazer o melhor com os meios disponíveis / Fazer o máximo 
sem olhar a meios

Esta dicotomia define a linha entre o que deveria ser a missão do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o que se tornou, em muitos casos, uma distorção perversa do programa SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia). Criado para reduzir listas de espera, o SIGIC está a ser instrumentalizado por alguns, não para priorizar doentes, mas para maximizar proveitos próprios. Desvirtua-se o princípio basilar do SNS: dar ao doente o que ele precisa...

Quando o Remédio promove a Doença

O SIGIC, em teoria, é nobre: acelerar cirurgias atrasadas. Na prática, porém, degenerou noutra coisa. Seduzidos por incentivos financeiros, os profissionais focaram-se em produzir atos médicos.

O critério deixou de ser "o que o doente precisa" para passar a ser "o que mais rende". Cirurgias de baixa complexidade (e alto volume) são privilegiadas; doentes complexos, que exigem mais tempo e recursos, ficam para trás. O resultado? Listas de espera artificialmente construídas e 'formalmente' reduzidas.

O sistema é simples: quanto mais atos médicos forem praticados melhor... Procura-se fazer mais, mas estaremos a fazer a coisa certa?

Esta lógica transformou os profissionais de saúde em 'operacionais' de procedimentos cirúrgicos. O doente, nisto tudo, deixa de ser o foco. Pior: o sistema está focado nas intervenções, por vezes desnecessárias, ou que se "fragmenta" um tratamento em múltiplos atos.

Criticar o SIGIC não significa ignorar a necessidade de eficiência. Mas eficiência não é sinónimo de 'volume de procedimentos'. A saúde deve medir o sucesso pela qualidade do cuidado, não pelo número de atos praticados, deve focar 'no que o doente precisa'.

Conclusão: Voltar ao Princípio, acabar com o SIGIC.

Em vez de premiar a 'quantidade', recompensar a 'efetividade':.

Fazer o melhor com os meios que disponíveis em vez de "Fazer o máximo sem olhar a meios".

2025.05.28
Jorge Freixo"


Caro Enfermeiro e Doutor Jorge Freixo, obrigado pelo Teu excelente artigo. 

Concordo com ele, na objectividade e essência primeira do problema/questão, direccionada no âmbito da gestão.

Outras interpretações que possamos fazer, e bem, fazemo-las, a partir do que escreveste e refletiste e do que conhecemos/sabemos do "terreno".

Obrigado por autorizares e permitires que tão excelente texto o possa partilhar no meu blog. Grato por isso.

Grande Abraço

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.05.29

segunda-feira, 12 de maio de 2025

DIA INTERNACIONAL DO ENFERMEIRO - AD

DIA INTERNACIONAL DO ENFERMEIRO


Link:

Hoje, dia 12 de Maio, comemora-se o Dia Internacional do Enfermeiro!

Parabéns a todos os Enfermeiros!

Chamo-me Humberto Domingues e sou Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária.

- Somos nós Enfermeiros o pilar principal e de sustentação de qualquer serviço ou sistema de saúde;

- São os Enfermeiros a maior classe profissional do SNS;

- São os Enfermeiros que acompanham o Ser Humano em todo o seu ciclo vital;

Eu integro a lista da AD do Círculo Eleitoral de Viana do Castelo, para as Eleições Legislativas de 18 de Maio;
  • Enquanto o Governo da AD reconheceu e valorizou os Enfermeiros, o Governo do PS, ignorou-os!
  • Enquanto Luís Montenegro e Ana Paula Martins valorizaram os vencimentos dos enfermeiros, o PS de Pedro Nuno Santos e Marta Temido, insultou e perseguiu os Enfermeiros com sindicâncias;
  • Enquanto o Governo da AD reconheceu as competências e habilitações dos Enfermeiros, o Governo de Pedro Nuno Santos e Marta Temido, ostracizou e insultou os Enfermeiros, perseguindo-os!
Muito há ainda por fazer no reconhecimento e valorização dos Enfermeiros

Eu confio em Luís Montenegro e Ana Paula Martins!



Eu voto AD no dia 18 de Maio. Portugal não pode parar!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.05.12

quarta-feira, 9 de abril de 2025

URGE UM PACTO DE REGIME PARA A SAÚDE

URGE UM PACTO DE REGIME PARA A SAÚDE

Fonte: Cortesia "Report" e elaboração própria

Sentimos já os soundbites das promessas eleitorais de todos os partidos. Mesmo todos. Simplesmente com diferenças acentuadas. As dos partidos do Governo em gestão, responsáveis, criteriosas e exequíveis. As dos partidos da oposição, a velha disputa “de quem dá mais”, e com ênfase do programa socrático do PS.


Interessa, essencialmente, centrarmos a avaliação no maior partido da oposição – o PS. Esteve no Governo de 2015 a Março de 2024 e destes anos, entre 2022 e 2024 com larga maioria absoluta no Parlamento, com 120 Deputados e mesmo assim a Legislatura não chegou ao fim, por demissão do chefe do Governo e Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, a 7 de Novembro de 2023. Governo PS que habitualmente oferece e promete tudo na oposição, mas nivela sempre por baixo, quando é poder e, também, não cumpre promessas das que faz em campanha. Os exemplos são muitos! Aqui se aplica bem uma quadra de António Aleixo: “Tu, que tanto prometeste/enquanto nada podias/hoje que podes, esqueceste/tudo quanto prometias”. A realidade das coisas é que quando o PS deixou o Governo ficou a insatisfação e a agitação social instalada. Prometeu e não cumpriu reconhecer o tempo de trabalho dos Professores, não cumpriu com os Enfermeiros, não cumpriu com as Forças de Segurança PSP e GNR, não cumpriu com os Bombeiros, não cumpriu com os Oficiais de Justiça, etc. Criou uma crise política, com muitos milhares de euros encontrados no gabinete do Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro, e após demissão, o Sr. Presidente da República dissolveu o Parlamento. Eleições realizadas, fragmentou num espartilho as forças com assento parlamentar, dando força a uma extrema-direita irresponsável, sem compromisso e sem dimensão estadista. Deste acto eleitoral saiu um Governo da AD em coligação, minoritário e sem respaldo de maioria parlamentar. Apesar destas dificuldades, constituiu Governo. Assumiu compromissos e promessas e, em negociações hercúleas, pacificou as diferentes Classes Profissionais. Há problemas e dificuldades que permanecem e que são estruturais e não conjunturais, por isso a demora na resolução.

Com eleições permanentes, interrupção de ciclos e mudanças de Ministros, e na Saúde, na última década, tem sido uma “rotatividade” muito acelerada, não há estratégia, projecto ou definição de prioridades que aguente. No cerne da questão, são as políticas públicas a sofrer constantemente interrupções, retirando estabilidade ao sector, diminuindo respostas e pondo em causa a sustentabilidade do mesmo.
Há muito tempo temos dito e escrito, que somos defensores intransigentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este é um Serviço que a Democracia construiu e ofereceu a Portugal. Mas hoje, Portugal e a sua Sociedade estão diferentes, as exigências em Saúde são diferentes, a pirâmide etária sofreu profundas alterações, o SNS perdeu intervenção e capacidade a nível da prevenção, da promoção da saúde e de hábitos de vida saudáveis. Hoje não há “Centros de Saúde”, mas sim “Centros de Doença” desfragmentados em unidades funcionais, onde as USF, unidades de excelência dos Cuidados de Saúde Primários, funcionam a velocidades diferentes, cheias de incentivos monetários, mas que a sua grande intervenção é a actividade curativa e de prescrição de medicamentos e vigilância da doença e pouco ou nada, na promoção e prevenção da saúde. A nível hospitalar/ULS a premiação deveria ser pela capacidade de resposta na promoção da saúde e qualidade de vida e na diminuição da necessidade do número de cirurgias e internamentos.

O SNS precisa de ser refundado, repensado, redesenhado e formatado à imagem, necessidade e planeamento para um presente existente, mas um futuro de inúmeros desafios e assimetrias.Os partidos do “arco do poder e da governação” precisam de ter coragem e olhar para o SNS sem “estados d’alma” e comprometerem-se com um verdadeiro pacto de regime para uma década ou duas.

O ciclo viciante de novos governos, nova “filosofia e prioridades” de intervenção, de governança e promoções nas nomeações sem conhecimento do sector, levará sempre à protecção de alguns em desfavor de outros e à desigualdade de acesso e de oportunidades onde a equidade será sempre uma miragem.

Temos para nós que, enquanto não houver coragem de assumir exclusividades para os Profissionais da Saúde, com os devidos estímulos e incentivos no público, será sempre este a perder os bons profissionais em favor do privado. E se não houver investimentos, modernidade e acapacitação de novas instalações, equipamentos e pessoal, ficarão para o público os casos de doença mais onerosos, difíceis de tratar e mais demorados, implicando taxas de ocupação prolongadas, custos diários e de internamento aumentados invertendo-se papéis, passando o sector público a rectaguarda do privado.

Urge uma mudança de paradigma!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.04.09

quinta-feira, 27 de março de 2025

O POTENCIAL DAS UCC IGNORADO PELO PODER POLÍTICO

O POTENCIAL DAS UCC IGNORADO PELO PODER POLÍTICO
Cortesia e Generosidade: Associação de Unidades de Cuidados na Comunidade

A Associação das Unidades de Cuidados na Comunidade (AUCC) reuniu em Gondomar, nos dias 20 e 21 de Março, cerca de um milhar de congressistas, tendo como tema deste VI Congresso “Integração de Cuidados e Ciclo de Vida”.

Foi um Congresso que agregou uma vasta presença, das mais variadas profissões no âmbito da Saúde e contemplou uma “Mesa-Debate” com os contributos das várias Ordens Profissionais. Contou também em paralelo com vários workshops e apresentações e comunicações livres orais e pósteres a concurso. Incluiu ainda a apresentação de um livro sobre “Saúde Escolar”. Assistiu-se a vários trabalhos e participações, debates e comunicações de uma qualidade extrema e inovadora, onde a evidência científica deram suporte a estes trabalhos. Qualidade esta, que vem em crescendo, de congresso para congresso. Também aqui, para além da qualidade, registou-se um sucesso pleno.

Apesar da demonstração de todo este vasto e hercúleo trabalho e de extrema qualidade na prestação de cuidados de saúde, que os Profissionais das UCC colocam, dão e oferecem na proximidade às Comunidades, o Poder Político continua a teimar, a ignorar e a ser incapaz de reconhecer esta importância de trabalho e realidade, continuando sem alterar a moldura jurídica destas Unidades, deixando o Despacho que lhe dão corpo, para passar a sua constituição assente em Decreto-Lei. De ano para ano, de congresso para congresso, se vem reforçando e repetindo este pedido, esta necessidade e esta reivindicação, mas a resposta, apesar das promessas, esbarra sempre na inconsequência, no adiamento e no esquecimento. Até ao momento constatamos a impotência dos vários Ministros da Saúde para alterar esta legislação. Lamentamos profundamente! Parece-nos que a AUCC, com os seus Associados deveria ser mais consequente e firme com o Governo.

Ao longo do Congresso e na especificidade de alguns painéis, a realidade das ULS e a “secundarização” que estas vem atribuindo aos Cuidados de Saúde Primários (CSP), foi uma evidência numa demonstração clara do desfoque político. E isto porque a legislação “construída e publicada” assim o possibilita. Há, claramente uma inversão e um desfoque real das decisões políticas, que não possibilitam opções sustentadas que diminuam a despesa na Saúde, que aumentem a promoção da qualidade de vida, a adopção de hábitos de vida saudáveis e a prevenção da doença, porque o discurso permanente e a decisão da construção de novos hospitais e de mais camas hospitalares, existe e confirma! E nesta “miopia” de decisões políticas inversas ao que várias Conferências e Declarações Mundiais preconizam, leva quotidianamente à desvalorização do trabalho e dedicação que os CSP fazem em favor das Comunidades.

Trabalhar a prevenção é prioritário, proporciona qualidade de vida, economia em internamentos e evita-se medicação prolongada. Este trabalho tem impacto e apresenta resultados de forma demorada, tardia, muitas vezes uma geração depois, e o poder político não se compadece com isso, quer resultados imediatos e por conta, cria políticas e prioridades, onde o retorno e os resultados são imediatos, hipotecando-se o futuro, traduzindo-se em efeitos políticos, assentando na iliteracia em Saúde e no aumento da despesa pública.

Somos muito críticos sobre o futuro e cuidados de saúde a prestar ao Indivíduo, aos Grupos e à Comunidade, se não houver orçamentos próprios e blindados, direccionados para os CSP, com uma linha de planeamento, de gestão e decisão própria e uma administração que não seja capturada por uma única classe profissional e por lobbies.

De entre os grandes temas abordados – A integração de cuidados, a Saúde Escolar, As Necessidades de Saúde Especiais, O valor acrescentado das UCC nas ULS, a Saúde reprodutiva – o último painel era o que estava a criar maior expectativa, nomeadamente os 8 projectos-piloto relativos às ECCI, no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados. O Prof. Doutor Abel Paiva, Coordenador da Comissão Nacional desta Rede e Projectos deixou antever algumas novidades, mas as dúvidas continuam a gravitar quanto aos incentivos monetários e outros para estas Equipas, nomeadamente para os Enfermeiros, recursos colocados à disposição, poder de decisão e condições na gestão destas admissões na Rede e sua abrangência. A componente da Saúde Mental, pela complexidade que envolve, será tratada posteriormente. E porque se trata de projecto-piloto, as conclusões advirão da experiência adquirida na gestão dos mesmos.

Ganhos em Saúde é o que todos desejamos. A magnitude do trabalho a desenvolver não diminui em nada a ambição das UCC fazerem o que já fazem e passarem a fazer mais e melhor. O trabalho é vasto, engloba complexidade, vulnerabilidade e risco, mas os seus Profissionais estão à altura dos desafios, que são muitos. Assim surjam os investimentos e haja coragem do novo Governo e do novo Ministro da Saúde e, para a prioridade de auscultação, investimento e implementação dos estímulos e decisões que urgem em acontecer nos CSP. Os relatórios estão feitos, as conclusões são conhecidas, faltam apenas as boas e céleres decisões políticas. Mas que não passe pelo encerramento e esvaziamento funcional das UCC.

Quanto à AUCC, felicitar a Direcção e a Comissão organizadora por tão importante e abrangente evento, desejando a sua continuidade no próximo ano com o sucesso já alcançado e dizer, que as temáticas de tão vasto programa, são sempre um farol de clarividência, de intervenção e impacto quer no “Campus do Saber” quer na Comunidade, que os responsáveis do Governo e do Ministério da Saúde deveriam ouvir com toda a atenção e serenidade para daí, orientar as suas decisões.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.03.26

terça-feira, 11 de março de 2025

AS INCERTEZAS DAS ELEIÇÕES, CERTAS!

AS INCERTEZAS DAS ELEIÇÕES, CERTAS!

Fonte e Autor: InaPlavans  - Cortesia e Amabilidade de cedência

Mergulhamos novamente num ciclo eleitoral (Regionais na Madeira, Legislativas, Autárquicas e Presidenciais), que traz consigo uma crise política, devido às Legislativas antecipadas. E era preciso? Em Portugal, poucas são as Legislaturas que se cumprem até ao fim. E esse incumprimento, não é culpa dos milhões de Eleitores, que na maioria dos casos, cumpre o seu dever cívico pelo custo que a Democracia tem.
Não sabemos a quem serve esta “confusão” política, porque a crise não serve a ninguém! Num momento em que, por circunstâncias internas e factores externos, a economia nacional, lá se estava a equilibrar e beneficiando das baixas taxas de juros e com isso benefício para a dívida soberana, eis que se confirma a “queda do Governo”. A gestão corrente do Governo que vai implicar um arrefecimento da economia, dos investimentos e com a incerteza, o adiar de projectos. Fazer com que os investidores adiem ou redirecionem os seus projectos e investimentos para outras latitudes geográficas. O tecido empresarial “doméstico” sofrerá com isso. O PRR que poderia ser a grande alavanca de investimentos públicos, sofrerá, inevitavelmente atrasos e incumprimentos. As reformas estruturais tão necessárias vão parar ou abrandar?

Estas eleições trarão clarificação dos poderes e mandatos num novo “rearranjo da distribuição de forças” e mandatos dos partidos, na Assembleia da República? Acreditamos que sim. Mas essencialmente, parece-nos que é necessária uma “limpeza” dos maus Deputados e dos maus exemplos, do baixo nível e da falta de decoro que as televisões nos transmitem, daquilo que se passa na Casa da Democracia, em plenos debates e trabalhos do Plenário. O insulto, a falta de educação, a linguagem, o mau exemplo. O jogo sujo, prevalece, na ausência de propostas e elevação. A intriga, a chicana política, a vitimização, a acusação e a circulação de falsas notícias, se quiserem fake news, como hoje é chique dizer, sempre aconteceu. Mas daí aos insultos verbais, bem audíveis, e ao uso de calão e brejeirices em plenário, durante os trabalhos e uso da palavra, é mau demais e reprovável.


Quanto às questões políticas que envolvem a situação, adivinhava-se que, num futuro mais próximo ou mais longo, as moções de censura iriam acontecer, perante um Governo minoritário, um Parlamento muito dividido e as necessidades de sobrevivência para alguns líderes e partidos (PS e BE), face aos escândalos que aconteceram nas suas fileiras (Chega). O curioso, ou não, é que foi precisamente a extrema-direita e a extrema-esquerda que no espaço de 15 dias apresentaram duas moções de censura. A verdade é que os extremos tocam-se. Por fim, a “moção de confiança” do Governo, chumbada no Parlamento.

Perante esta crise que se vai agudizar, a gestão corrente que se impõe face à queda do Governo, preocupa-nos e perguntamos como vai evoluir a reforma na Saúde? E os investimentos que são necessários e as dinâmicas nas ULS’s, que exigem celeridade e responsabilidade? Como se vai preparar o plano de Verão? Que critérios e prioridades, de forma atempada, se vão planear e implementar, correndo-se o risco de novo Ministro da Saúde e Equipa, e com isso, um pensar diferente? O SNS não pode passar por mais soluços e incertezas, para bem da sua consolidação e estratégia. Algumas questões destas também se colocarão à Educação, à Justiça e à Segurança Social. Consequências que afectarão, com certeza, quem menos culpa tem destas crises, mas que contribui com o dever cívico de votar e dos seus impostos, para sustentar estes “custos da Democracia” e dos solavancos de um País permanentemente adiado.

Cenários políticos: Com as eleições legislativas antecipadas, estará o Chega com receio de ver diminuído o seu Grupo Parlamentar? Desaparecerá o PAN do Parlamento? Com que Grupo Parlamentar ficará o PCP, depois do péssimo desempenho do seu líder? O BE será penalizado pelas formas e despedimentos com que tratou os seus trabalhadores, contrariamente ao que defende na AR? O CDS conseguirá crescer, ainda que à custa da Coligação com o PSD? A IL será capaz de ser mais clara que o discurso embrulhado do seu líder? O PS conseguirá desembrulhar o novelo de dificuldades e mudança de discurso que se tem visto, pelo seu Líder, da falta de Candidato Presidencial oriundo do Partido e a clarificação no apoio ao mesmo? Serão os fantasmas do “Costismo” uma realidade? E o PSD afirmar-se-á como o maior Partido de Portugal? Quanto “custará esta factura” eleitoral, traduzida em votos e mandatos ao Partido? Ficará adiado o reaparecimento de Pedro Passos Coelho? Luís Montenegro sairá reforçado e mais líder?

Como ficará a imagem para a história, do Presidente da República como o maior “dissolvente” da Assembleia da República, nestes seus dois mandatos?

Voltamos à pergunta: Quem beneficia destas crises políticas? Porque pagar, sabemos que é o Povo que as paga!

Uma coisa é certa e aconteceu: a pacificação social de várias classes profissionais. O diálogo social constituiu-se como um parceiro real e activo nas negociações. A valorização remuneratória de bombeiros, polícias, professores, enfermeiros, médicos, oficiais de justiça, etc., aconteceu. Beneficiando de várias conjunturas nacionais e internacionais, registou-se a diminuição da dívida pública, a baixa de juros, a diminuição da inflação e a diminuição do desemprego. Serão todos estes trunfos para o Governo e coligação da AD para sair de vencida nas Eleições Legislativas antecipadas? Só o soberano escrutínio do Povo o dirá.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.03.11

sábado, 1 de março de 2025

MOÇÃO DE CONGRATULAÇÃO - Assembleia Regional Secção Regional do Norte - Ordem dos Enfermeiros

 MOÇÃO DE CONGRATULAÇÃO

Assembleia Regional Secção Regional do Norte-Ordem dos Enfermeiros

Bragança - 2025.02.28


Na Assembleia Regional da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, que decorreu em Bragança, nas instalações do Instituto Politécnico desta Cidade, apresentei a seguinte Moção de Congratulação, que posta à votação, foi aprovada por unanimidade, pelos Enfermeiros presentes nesta Assembleia.

Link:
https://www.ordemenfermeiros.pt/media/37607/ata-minuta-plusmo%C3%A7%C3%A3o-congratula%C3%A7%C3%A3o.pdf


Transcrevo de seguida todo o texto da Moção de Congratulação:

1- Congratulação pela realização da “Convenção dos Enfermeiros em Fátima”:

  1. Pela excelente representação científica, cultural e etnográfica, da Secção Regional do Norte dos Enfermeiros, neste evento; 
  2. Pelo nível científico que o evento teve; 
  3. Pelas excelentes participações e moderações nas mesas e painéis, deste evento, por Membros desta Secção Regional, partilhando saberes e tornando visível e possibilitando a discussão científica em torno de um vasto trabalho que se desenvolve nas inúmeras dimensões e vectores, no âmbito da Saúde;
  4. Pela demonstração, que a Inteligência Artificial está aí, que será um parceiro importante da Enfermagem, mas que não a substituirá.
2- Congratulação pelo árduo trabalho do Digníssimo Bastonário, todo o Conselho Directivo Nacional e Regional:

  1. Na elevação com que têm realizado a vasta representação da Ordem dos Enfermeiros; 
  2. Pela afirmação da Enfermagem: 
  • No trabalho de diplomacia e de influência que fazem;
  • Na pressão para nomeação de Enfermeiros, para lugares de relevo e de decisão, nos diferentes Órgãos; 
  • Na afirmação do magnânimo trabalho de Enfermagem, junto de todas as Forças Políticas e Entidades; 
  • No trazer para a agenda mediática, diária e política dos problemas da Classe e a defesa da Enfermagem, que directamente afectam o SNS e o Sistema de Saúde
  • Pela presença na Comunicação Social, esclarecendo sempre os menos informados e marcando posição em favor da Enfermagem, diminuindo a iliteracia em Saúde;
                     
3- Congratulação pela aquisição de Nova Sede Nacional

a. Porque vem trazer dignidade à Ordem e aos Enfermeiros;

b. Na modernidade que representa e se pretende;

c.  Na visibilidade em que se vai traduzir para a Classe de Enfermagem;

d. Na facilidade de trabalho e “Campus do Conhecimento” ao se possuir uma Sede

contemporânea, que os tempos modernos nos colocam como desafio e exigem a

nossa vasta participação;


4- Criação do “Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Saúde Comunitária e de Saúde Pública – 12 de Setembro”

Congratulação pela proposta do Colégio Enfermagem Comunitária e da Ordem dos Enfermeiros pelo Sr. Bastonário, à Assembleia da República, sustentada na “Conferência de Alma-Ata de 12 de Setembro e da Declaração de Munique de 2000”, para a criação do “Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Saúde Comunitária e de Saúde Pública – 12 de Setembro”, porque:

a. Promove a visibilidade da Enfermagem na generalidade e da Saúde Comunitária

e Saúde Pública, em particular;

b. Pela importância desta Especialidade no âmbito dos CSP;

c. Pelo registo efectivo em calendário, desta data – 12 de Setembro – possibilitando referenciais de trabalho, de investigação, de prémios e de afirmação da Enfermagem.


Bragança, 28 de Fevereiro de 2025
O Proponente
Enf. Humberto José Pereira Domingues
Membro 10167

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.02.28

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

DIA NACIONAL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM SAÚDE COMUNITÁRIA E DE SAÚDE PÚBLICA

DIA NACIONAL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM 
SAÚDE COMUNITÁRIA E DE SAÚDE PÚBLICA

Fonte: Escola Superior de Saúde Atlântica (Generosidade, cortesia e cedência)

Todas as profissões merecem ter o seu dia registado no calendário, atribuindo-lhe importância, relevo e pelo menos, para que anualmente, essa efeméride seja lembrada e até comemorada, possibilitando referências de trabalho, de investigação e de prémios.

Nas Ciências Sociais e particularmente na Ciência da Saúde, usa-se/utiliza-se muito esta “saudável metodologia” para homenagear personalidades que se destacaram na ciência, a distinção de determinadas profissões, especialidades ou grupo profissional, doenças que têm um impacto enorme nas Sociedades, etc.
A Enfermagem não foge a esta regra. E ainda bem! Por um lado, pela Ciência que é e, por outro, pela importância que representa nos Sistemas de Saúde e relevância que com a sua intervenção, se traduz em ganhos em saúde para o Indivíduo, Família e Comunidade.
Por iniciativa do Colégio da Especialidade de Enfermagem Comunitária, foi elaborado um trabalho, que resultou numa proposta fundamentada apresentada ao Sr. Bastonário e Conselho Directivo da Ordem dos Enfermeiros, para a criação do “Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública”. Esta proposta mereceu a aprovação e assim, o Sr. Bastonário enviou uma missiva a Sua Excelência o Presidente da Assembleia da República e a todos os Grupos Parlamentares e Deputados não inscritos, propondo e solicitando a criação do dia 12 de Setembro, data esta de comemoração da adopção da “Conferência de Alma-Ata” de 1978, promovida e realizada sob a égide da Organização Mundial de Saúde, “uma referência histórica no reconhecimento global da importância dos Cuidados de Saúde Primários”(CSP), para dia destes Enfermeiros Especialistas.
Tem particular importância a proposta de criação do dia supracitado, até pela actualidade que vivemos, pela secundarização que as políticas governamentais estão a atribuir aos CSP, em favor de uma visão “hospitalocentrica”. Parece-nos, infelizmente, que as opções políticas, a governança das ULS’s e os lobbies instalados na Saúde, abdicam da priorização dos CSP. Assim nos CSP, o volume de trabalho que a passar e a ser responsabilidade dos Enfermeiros, em muito diminuiria estes orçamentos exorbitantes e o consumismo de consultas, libertando o importante trabalho médico para outro nível de intervenção e tratamentos.

Entendemos como oportuno transcrever os seguintes parágrafos da missiva do Sr. Bastonário, porque reflectem a importância desta Especialidade de Enfermagem, na conjugação com a “Conferência de Alma-Ata/1978” e “Declaração de Munique/2000”:

“A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada, sob a égide da Organização Mundial da Saúde (OMS), a 12 de Setembro de 1978, em Alma-Ata, é uma referência histórica no reconhecimento global da importância dos Cuidados de Saúde Primários enquanto primeiro nível de contacto dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de saúde, evidenciando a necessidade de actuação e compromisso de todos os stakeholders envolvidos, na protecção e promoção da saúde de todos.

O reconhecimento do Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública constitui-se como uma homenagem a estes Enfermeiros, reflectindo o reconhecimento da contribuição indispensável destes profissionais para a saúde global, em conformidade com os princípios da Conferência de Alma-Ata de 1978, da Declaração de Munique de 2000 e pelos princípios de acesso universal e seguro a cuidados de saúde da OMS.

Este dia serviria para celebrar os Enfermeiros Especialistas nesta área, mas também para sensibilizar para a importância de expandir e valorizar a sua função crítica nos Cuidados de Saúde Primários, essenciais para alcançar a cobertura universal de saúde.”

Os CSP onde a Enfermagem continua a desempenhar e a desenvolver a sua vasta e importante intervenção na Comunidade, assentam e “está intrinsecamente alinhada com os princípios de Alma-Ata”. Pensar, governar e gerir a Saúde, sem preocupação de acautelar a dimensão dos CSP, no global e da Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública, em particular, é abdicar de muito que a evidência cientifica demonstra e é continuar a gastar grandes orçamentos de despesa no tratamento da doença e na visão dos cuidados secundários, com urgências e serviços de internamento/cirurgias, incapazes de dar resposta às demandas e solicitações da Comunidade.

Relendo estas declarações, parece-nos que o modus operandi na gestão da Saúde, para alcançar o sucesso terá que ser o aproveitamento da competência e conhecimentos dos Enfermeiros nas várias dimensões do “cuidar e do tratar”, mas essencialmente na dimensão do “prevenir”, investindo-se na acessibilidade de cuidados de saúde, na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na prestação de cuidados continuados e integrados, de forma equitativa na e para a Comunidade.

Assim a Assembleia da República reconheça esta data histórica e aprove a criação deste dia no calendário Português.

Humberto Domingues
Enf. Especialista em Saúde Comunitária
2025.02.25

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

DIA MUNDIAL CONTRA CANCRO - A CARTA QUE NUNCA TE ESCREVI!

DIA MUNDIAL CONTRA CANCRO
4 DE FEVEREIRO
A CARTA QUE NUNCA TE ESCREVI!

Fonte: Generosidade e Cedência: Santander

A propósito do “Dia Mundial do Cancro”, que se assinala a 4 de Fevereiro, sendo uma doença que assusta e afecta muitas pessoas, com taxas de mortalidade ainda altas em alguns géneros de cancro, mas felizmente com sucesso e esperança de vida aumentada em muitos mais, temos exemplos tocantes de Pessoas que “tiveram, viveram e sobreviveram à doença”, numa “viagem” dolorosa, de muitas lágrimas, sofrimento, angústias e tristeza, mas onde a força de viver, o encarar e o assumir positivamente a doença, trouxe, com toda a certeza, ganhos e grandes vitórias.

A crónica de hoje, tem um “quê de especial”, por ser enquadrada nesta data e ser dirigida a uma figura pública, que venceu o cancro e partilhou essa dolorosa experiência de vida, com uma serenidade e coragem tocante.

Ana Rita Cavaco escrevo para Ti e hoje trato-te assim, mas nunca o fiz desta forma, apesar de várias vezes insistires, para não te tratar por Bastonária, mas sim por Ana Rita.
Conhecemo-nos, pessoalmente, pela primeira vez, quando cruzamos no Congresso do PSD em Espinho. Apresentei-me e tu escutaste-me como se me conhecesses há muito tempo. Deste-me toda a atenção, apesar de ter concorrido, numa lista opositora à tua, no teu primeiro mandato. O Tempo foi passando, fomo-nos cruzando nas lutas e manifestações dos Enfermeiros, onde sempre estiveste, apoiaste e lideraste. Tiraste tantas selfies, deste tantos beijinhos e recebeste tantos abraços. Envolveste os “Teus Enfermeiros”. Tal como a mim, já de cabelos grisalhos e perda de algum, como a tantos Enfermeiros, trataste sempre pelo nome e na maioria das vezes precedido por “meu Querido”.

Foste polémica, estremeceste “alicerces de tantos edifícios” que se julgavam intocáveis. Desacomodaste os acomodados da Enfermagem. Criaste inimigos, suscitaste invejas, suscitaste confrontos ideológicos, políticos e estados de alma. Provaste que os mais fracos investidos em lugares de poder e de governo, perseguissem os Enfermeiros criando falsos “atoleiros” em torno da Ordem dos Enfermeiros, demonizando, insultando, desvalorizando e perseguindo-os, tentando lançar esta instituição no lamaçal. Trouxeste a Enfermagem para a agenda do dia. Houve também momentos menos bons e difíceis para a Classe. Mas muitas das “primeiras páginas” dos jornais, eram precisas que acontecessem. Possibilitaste, com certeza, com o contributo de tantos outros Enfermeiros, que a nossa Sociedade fosse melhor tratada, mais respeitada e até elegesse a palavra “ENFERMEIRO”, como palavra do ano.

Tiveste uma Equipa de Enfermeiros e Colegas fantásticos que souberam criar a diferença e que o olhar para a doença, para os lares, Centros-de-Dia/ERPI, fosse também um foco, na demonstração da carência de cuidados de saúde, por enfermeiros, adequados e humanizados, onde os seus Utentes eram maltratados, descuidados e amontoados em divisões sem condições e dignidade à vida humana.

E… mais uma vez, no “Dia Mundial do Cancro”, partilhaste um pequeno vídeo, de uma mensagem avassaladora, fabulosa, da tua vivência com o “Cancro da Mama”. Um vídeo pequeno no tempo -poucos segundos- mas de uma grandeza e magnanimidade e generosidade, num exemplo, que ficamos quase sem palavras… Quanta coragem expressa em poucos segundos de um filme, “num caminho”, por certo, longo e doloroso. Emocionado, agradeço esta partilha de coragem, de exemplo de vida, de abnegação e que vale a pena lutar. Foste/és uma heroína.

Escreveste ao Primeiro-Ministro alertando para a necessidade de baixar no limite inferior de rastreio para o cancro da mama. Deste o teu exemplo. O Primeiro-Ministro ouviu-te, atendeu o teu pedido e alerta e determinou essa mudança. Passou a ser dos 45 aos 74 anos de idade.

Muitos de nós sabem, porque “sentiram na pele”, ou porque tratam destes doentes, como é longo o trajecto num calvário que deixa muitas marcas, coloca muitas perguntas e dúvidas, questionando a Deus e ao Divino, resumindo-se “porquê a mim? Porquê comigo? Porquê eu?”

Um caminho de pedras, de várias fases e etapas, de exames, de cirurgias, de recuperação e momentos também traumáticos advindos da agressividade da quimioterapia, radioterapia, causando fadiga, disfagia, alterações das características da pele, astenia, etc. Quis o destino que fosses um exemplo da intervenção do saber dos Homens e da Ciência, da força na fé inabalável do Divino e do espírito de luta pela vida, da alegria de viver e da não acomodação.

Obrigado Ana Rita Cavaco, por este fabuloso exemplo de abnegação, no assinalar desta data – Dia Mundial do Cancro. Consigamos todos nós receber esta mensagem positiva e de lutar como lutaste! Obrigado!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.02.11

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

COMUNICAÇÃO EM SAÚDE. UMA FERRAMENTA ÚTIL?

COMUNICAÇÃO EM SAÚDE. UMA FERRAMENTA ÚTIL?

Gentileza: contabeis.com.br

Vivemos na modernidade, na geração das tecnologias, dos ecrãs, na afirmação e ocupação do espaço social e outros, pela Inteligência Artificial (IA). Na Saúde como noutras disciplinas, a IA é útil, rápida e instrumento gerador de dados, metadados e indicadores, muito actual e aliada da gestão. Ninguém tem dúvida disso! Mas comunicação é comunicação e até para nos “relacionarmos” com as máquinas, precisamos de comunicar através de uma linguagem muito própria, onde algoritmos e fórmulas matemáticas, marcam o passo, desta forma “científica”, actual.

Comunicar entre as pessoas é inato. Saber comunicar é mais difícil, mais trabalhoso e varia conforme os contextos, percebendo-se sempre e com suporte a definições sociológicas que “a Comunicação refere-se à transferência de informação de um indivíduo ou grupo de indivíduos para outro, quer pela fala, quer através de outro meio”. Poderemos falar de sinais de fumo, do rufar dos tambores, ao uso do papiro desde o tempo dos Romanos, até ao papel de hoje, mais ou menos brilhante e múltiplas cores, nas comuns folhas A4, por SMS, ou “post” das novas tecnologias. Isto é Comunicação! E o Mundo pela teoria do filósofo e teórico da comunicação Marshall McLuhan, tornou-se na “aldeia global” com o uso dos meios de comunicação social electrónicos.
Nada se faz sem Comunicação! E esta tem de ser adequadamente trabalhada de acordo com o que queremos comunicar e onde queremos comunicar. Quem são os receptores da mensagem. Em que contexto estamos a comunicar.


A “Comunicação em Saúde”, é por isso difícil, desafiante e uma ferramenta imprescindível na relação entre os próprios Profissionais e Equipas de Saúde e os Pacientes e Familiares, destes. Para além de difícil é multifacetada, assente muitas vezes em diagnósticos, linguagem técnica sofisticada, ideias e sentimentos, entre todos os seus intervenientes. Muito do sucesso ou fracasso e adesão ao tratamento inicia-se precisamente com uma boa ou má comunicação. A relação de confiança está aqui presente e inserida.

Perante estas realidades, esta Comunicação exige uma série de parâmetros para a tornar eficaz, quiçá eficiente: clareza e objectividade, empatia, a escuta activa, adaptação à linguagem e ao contexto.

Temos para nós 3 exigências inamovíveis que devem estar presentes: A relação do Profissional de Saúde com os pacientes; As campanhas de informação claras e objectivas para o que se pretende, em termos de Saúde Pública; E na gestão de crises e catástrofes na Saúde – temos como exemplo desastroso, a má comunicação, cheia de ruídos e de “vários actores”, durante a Pandemia Covid-19, o que não deve acontecer! Assim, esta deve ser muito específica, objectiva e clara.

A “Comunicação em Saúde” encontra inúmeras barreiras que dificultam muitas vezes o sucesso ou melhores resultados e indicadores, começando pela falta de tempo dos Profissionais, decorrente do volume e sobrecarga de trabalho, com momentos menos personalizados. A ansiedade e o medo presente pode influenciar a compreensão e o reter de informação pelo paciente/familiar. A falta de empatia e o sobranceirismo dos Profissionais podem motivar distanciamento, dificultando a comunicação. As incertezas de diagnósticos, refugiando-se em linguagem e termos técnicos, para não demonstrar insegurança ou ignorância, ou qualquer outro sentimento. As possíveis patologias ou limitações inerentes à idade, como a diminuição da acuidade visual ou auditiva podem efectivamente limitar a compreensão do que é transmitido. E as diferenças culturais, cada vez mais presentes, nesta “aldeia global”, onde crenças e valores enraizados, atribuem significados diferentes ao que é comunicado. E como ponto importante destas barreiras, a falta de treino em comunicação de forma a torná-la mais clara, efectiva e assertiva, é um grande obstáculo a ultrapassar.

O respeito pelas diferenças e o reconhecimento das limitações são passos importantes na dignificação da relação entre todos, pacientes incluídos, para o sucesso da Comunicação em Saúde.

Na Saúde pretende-se e é necessária que a comunicação seja humanizada, eficaz, centrando-se no paciente, trazendo ou construindo-se uma melhoria da qualidade de vida, deste.

Assim, a Comunicação em Saúde, assume-se como uma estrutura de suporte central na “construção de um edifício” que não pode/não deve “sofrer abalos”, para uma confiança e sistema mais claro, humano e de eficiência, para os objectivos a atingir.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.01.29

PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES

PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES Fonte da Foto: Augusta Matos Clínicas Já se fazem sentir temperaturas muito altas. Esta vaga de calor, le...