sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

EM DIA DE GREVE GERAL - 2025.12.11

EM DIA DE GREVE GERAL
2025.12.11


A greve é um direito, mas trabalhar também o é!

Atirar objectos e garrafas na escadaria da Assembleia da República não é protesto, é incivilidade pura. É a abdicação do diálogo, o desprezo pelas regras que sustentam a convivência democrática. Quem recorre a este tipo de acto não está a desafiar o poder, está a desrespeitar a Casa onde, em nome de todos, se debate o futuro do país. A liberdade exige firmeza, não vandalismo, exige coragem, não gestos gratuitos que apenas mancham a causa que pretendem defender. 

Portugal merece crítica dura e participação activa, nunca este ritual de desprezo e vandalismo, que nada constrói e tudo degrada.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Escolar
2025.12.11

domingo, 7 de dezembro de 2025

IV CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS ENFERMEIROS - II ENCONTRO DE ENFEERMEIROS GESTORES

IV CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS ENFERMEIROS
II ENCONTRO DE ENFERMEIROS GESTORES
FÁTIMA, 4 A 6 DE DEZEMBRO


Há encontros que nos transformam. Há momentos que não apenas nos marcam, mas nos renovam, e a Convenção dos Enfermeiros em Fátima, promovida e organizada pela Ordem dos Enfermeiros, foi exactamente isso, um renascer colectivo.


Nestes dias, rodeados pela luz serena de Fátima, compreendemos que a nossa missão como Enfermeiros, vai muito para além da técnica, do protocolo clínico ou do gesto mecânico. Somos tocadores de vidas. Somos presença no momento da fragilidade. Somos voz quando alguém perde a sua. Somos esperança quando o caminho parece escuro e a presença, quando já mais ninguém está!


“Liderar com Valor, Cuidar com Excelência” não foi apenas um lema, foi um compromisso que fez eco dentro de cada um de nós. Valor, porque liderar é servir com integridade, coragem, empatia e humanidade. Excelência, porque cuidar não é apenas fazer, é SER, ser atento, ser presente, ser dedicado, ser capaz de olhar o outro como único e como Pessoa, numa visão holística, que tanto sabemos fazer.

Aqui, aprendemos uns com os outros. Partilhámos histórias que nos emocionaram, desafios que nos moldaram e aprendizagens que nos fortaleceram. Fomos lembrados de que a enfermagem é feita de ciência, sim, mas também de alma, amor e muita dedicação. E que a cada vida que tocamos, deixamos um pouco da nossa.

Neste encontro, afirmámos também a força silenciosa, mas determinante, dos Enfermeiros gestores, aqueles que, com visão, responsabilidade e humanidade, constroem as condições para que o cuidado aconteça com dignidade. São eles, também, que equilibram recursos escassos, que enfrentam pressões constantes, que inspiram equipas inteiras e que defendem, muitas vezes na solidão dos bastidores, o que é justo para profissionais e utentes. 

Olhando com clarividência e lucidez, reafirmamos, sem hesitação, que o poder político tem o dever ético de respeitar os Enfermeiros, reconhecer o seu papel insubstituível e integrar a sua voz nas decisões que moldam a saúde do país, qualquer que seja o Serviço ou Sistema. Porque cuidar de quem cuida é um acto de responsabilidade nacional.

Ontem, saímos de Fátima com o coração mais cheio e com a consciência mais desperta. Reafirmamos o orgulho de ser Enfermeiros. Reafirmamos o valor de cada passo, de cada turno difícil, de cada lágrima, de cada sorriso arrancado a quem pensava não ter forças. Reafirmamos que, apesar das adversidades, seguimos juntos, mais unidos, mais preparados, mais humanos.

A todos os que participaram, partilharam, ensinaram e inspiraram, obrigado. Obrigado pela entrega, pela coragem silenciosa, pela ternura nos gestos, pela firmeza nas decisões. Obrigado por fazerem da Enfermagem uma arte de cuidar e da liderança, um acto de generosidade.

Que este encontro nos acompanhe nos dias que virão, que não serão fáceis. Que deste compromisso se faça acção e afirmação. Que recordemos e aprendamos com o exemplo dos premiados. 

Que este lema se faça vida. Porque liderar com valor é o caminho. E cuidar com excelência, é a nossa essência.

Obrigado Sr. Bastonário da Ordem dos Enfermeiros por mais esta realização e escrita de mais uma página no livro da Enfermagem Moderna em Portugal e no Mundo.

Obrigado a Todos os Enfermeiros, por terem sabido estar, com Excelência e acrescentado Valor, neste grande evento.

Senhores ENFERMEIROS, seguimos, juntos, sempre!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.12.07










quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A SIDA - 1 Dezembro

DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A SIDA - 1 Dezembro
Data assinalada no âmbito da Saúde Escolar


A Unidade de Cuidados na Comunidade Viana do Castelo (UCC VC), no âmbito da Saúde Escolar e o Agrupamento de Escolas de Stª. Maria Maior, nomeadamente na Escola Frei Bartolomeu dos Mártires, assinalaram o “Dia Mundial de Luta contra a SIDA” que é a 1 de Dezembro, com a realização de sessões, histórias e jogos didáticos, em todas as turmas do 8º. Ano.

O Desenvolvimento destas actividades, já são clássicas e habituais, neste Agrupamento de Escolas, que tem atravessado todos os Alunos, ao longo dos anos lectivos.


A essência destas intervenções é a promoção da Saúde e a prevenção, a educação e formação de Cidadãos de corpo inteiro, com a capacidade de dizer NÃO, quando em causa estão de comportamentos de risco."

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.12.03

terça-feira, 25 de novembro de 2025

A DEMOCRACIA IMPLACÁVEL PARA COM OS QUE SE JULGAM INSUBSTITUÍVEIS

A DEMOCRACIA IMPLACÁVEL PARA COM OS QUE SE JULGAM INSUBSTITUÍVEIS

Fonte: Wikipédia - Democracia em Atenas

Acabou de se comemorar o 25 de Novembro. Aconteceram há poucas semanas, as “Eleições Autárquicas 2025”. Talvez o patamar político, onde a alternância democrática se verifica e mais se sente. Onde castelos se julgavam “indesmontáveis”, caiem e levam consigo vaidades intermináveis, humildades aproveitadoras e ocos estatutos. E talvez por isso, a Democracia na sua “ferocidade”, na sua “clarividência e crueldade serena” e numa justiça fria, impõe-se pela expressão do voto. Quem nela ascende julgando-se insubstituível comete o erro mais elementar de confundir o poder que exerce com a fonte que o concede. A Democracia não pertence a ninguém, e todos pertencem a ela apenas enquanto servem.


Os que se julgam eternos no trono (políticos, líderes, tecnocratas, até salvadores), esquecem que a Democracia vive do desgaste, da alternância, do contraste de ideias e projectos. Ela é uma máquina que se alimenta da substituição. Substituir é o seu instinto natural, o seu modo de garantir que nenhum Homem, por mais brilhante ou popular que seja, possa transformar-se em dono do destino coletivo. Ela não perdoa os que se apoderam e se julgam donos dela.

O erro dos autointitulados indispensáveis é confundir influência com necessidade. Julgam que o país, a região, o concelho, o partido, ou a história desabarão sem a sua presença. Apresentam-se como salvadores, tratam a sua vitória como um baptismo divino e acreditam que o país ou qualquer concelho ou região, gira ao redor da sua vontade. Esquecem, porém, que a Democracia é um sistema que não tolera idolatrias. Esquece depressa os nomes, mas nunca o princípio de que, ninguém está acima da regra, ninguém é maior do que o voto, ninguém é insubstituível.

E quando um desses “insubstituíveis” tenta desafiar a lei da alternância, seja agarrando-se ao cargo, manipulando o discurso ou cultivando a idolatria das massas, a Democracia decide corrigir, fá-lo com frieza e precisão cirúrgica. Expulsa os vaidosos, varre os prepotentes, e arquiva os nomes que outrora julgavam-se eternos. Reage como um organismo que rejeita o corpo estranho. Expulsa-o com o mesmo rigor com que um sistema imunológico elimina o vírus que ameaça o equilíbrio. É uma purga lenta, às vezes dolorosa, mas inevitável. Ela não ama, não venera, não chora. O povo pode aplaudir, mas o “sistema observa”. E no instante em que o “Servidor” se confunde com o “Senhor”, a Democracia faz o que tem de ser feito, destrona-o, esquece-o e segue adiante. Porque mais importante do que qualquer rosto é a permanência do princípio, esse pacto silencioso de que ninguém é dono do amanhã. E quem confunde mandato com posse, quem se acha indispensável à história, cedo ou tarde é corrigido pela força silenciosa do voto e pela frieza da memória coletiva.

Ela vive da renovação, do conflito e da substituição. O político que nela permanece demasiado tempo começa a apodrecer dentro dela. A Democracia é feita para que ninguém se eternize. Não é por virtude, é por sobrevivência. Porque todo o poder prolongado demais deforma-se, e todo o líder que se julga essencial transforma-se, inevitavelmente, em ameaça.

O voto que elege é o mesmo que destrona. A popularidade que embriaga é a mesma que, no dia seguinte, vira indiferença. O povo, quando farto, não hesita, troca, varre, esquece. E é nesse esquecimento que reside a força da Democracia. Ela não precisa odiar para punir. Basta seguir o seu curso natural, o da substituição. E é muito comum, entre os que se julgam insubstituíveis, confundirem autoridade com propriedade. Um líder cai, outro surge, e a vida continua porque o essencial não é quem manda, mas o facto de que pode ser trocado.

Muitos destes “insubstituíveis” acreditam que a máquina do Estado lhes deve lealdade, que o partido lhes pertence, que o povo lhes deve gratidão. Mas a Democracia não deve gratidão a ninguém. Ela é/será o regime da ingratidão institucionalizada e é isso que a torna invencível. Quando chega a hora, não há título, carisma ou legado que salve.

É um sistema impiedoso, sim mas é essa impiedade, que garante a liberdade. Por isso, aos que hoje se olham ao espelho e se veem como indispensáveis, convém lembrar que ninguém é maior do que o voto, ninguém é dono da vontade popular. A Democracia pode ser lenta, mas nunca é cega e, no fim, ela cobra a conta de todos.

Como é implacável a Democracia. Pode tolerar o ego por um tempo, mas nunca o substituirá pela servidão. Quem nela entra pensando ser eterno, nela morre politicamente e sem epitáfio.

Humberto Domingues
Mestre em Sociologia da Saúde
2025.11.25

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

INOVAÇÃO NO CUIDAR EM TEMPOS DIGITAIS

INOVAÇÃO NO CUIDAR EM TEMPOS DIGITAIS

O sector da Saúde vive uma das transformações mais aceleradas das últimas décadas. A convergência entre empreendedorismo e tecnologia tem gerado um ecossistema vibrante, onde startups, centros de investigação, universidades e instituições de saúde colaboram para criar soluções que prometem revolucionar a forma como se cuida, previne e gere a saúde. Contudo, esta revolução tecnológica só será verdadeiramente transformadora se mantiver no centro a pessoa e não apenas, o dispositivo ou o dado.


Vivemos então, uma era em que a tecnologia deixou de ser um instrumento de apoio para se tornar uma presença estruturante nas nossas vidas. A digitalização alcançou praticamente todos os setores, e o cuidar, entendido aqui como o acto de assistir, apoiar, tratar e acompanhar o Utente, numa dimensão, para além do que as palavras significam, não ficou imune a essa transformação. A “inovação no cuidar em tempos digitais”, impõe-se como uma necessidade e, ao mesmo tempo, como uma oportunidade para repensar o que significa ser humano num mundo cada vez mais mediado por algoritmos e ecrãs.


Nas últimas décadas, a relação entre o profissional do cuidar/Profissional de Saúde e o sujeito cuidado/Utente, evoluiu de forma profunda. A introdução de tecnologias de monitorização remota, registos eletrónicos de saúde, inteligência artificial aplicada ao diagnóstico e até robôs de assistência, tem alterado os modos tradicionais de prestação de cuidados. O que antes dependia exclusivamente do toque, da escuta e da presença física, passa agora a ser mediado por dispositivos que prometem precisão, rapidez e eficiência. No entanto, essa transformação traz também desafios éticos e humanos que não podem ser ignorados. Mas também não substitui a importante componente humana do tratar, do cuidar e do escutar.

A inovação digital oferece inegáveis benefícios. Permite, por exemplo, que pessoas em zonas rurais ou com mobilidade reduzida acedam a consultas médicas on-line, que a monitorização de sinais vitais ocorra em tempo real, e que a análise de dados antecipe complicações de saúde antes que estas se tornem críticas. Além disso, os sistemas digitais de gestão de informação melhoram a continuidade dos cuidados, reduzem erros e libertam tempo aos profissionais para se concentrarem no essencial: a relação com o Utente. A tecnologia, quando bem integrada, pode ser uma aliada poderosa no ato de cuidar.

Contudo, esta inovação não é neutra. A crescente dependência das ferramentas digitais levanta questões sobre privacidade, equidade e desumanização. Num contexto em que o toque é substituído por sensores e a escuta por algoritmos, corre-se o risco de o cuidado se tornar uma mera transação técnica. A empatia, a intuição e a dimensão emocional do cuidar são elementos que nenhuma máquina pode replicar plenamente. O desafio, portanto, não está em rejeitar a tecnologia, mas em garantir que ela complemente e não substitua a dimensão humana, nunca!

É preciso, também, reconhecer que a literacia digital é hoje um determinante social da saúde. Quem não domina as ferramentas digitais corre o risco de ficar excluído dos novos modelos de cuidado. A inovação deve ser inclusiva, desenhada com e para as pessoas, respeitando as diferenças culturais, geracionais e cognitivas. Inovar no cuidar é, antes de tudo, inovar na forma como se cria proximidade, mesmo à distância, com o nosso Utente.

Mais do que uma revolução tecnológica, o que vivemos é uma revolução relacional. A tecnologia desafia-nos a redefinir o papel do profissional neste “novo cuidar”: de executor de procedimentos para mediador entre o humano e o digital. Isso requer novas competências, não apenas técnicas, mas também éticas e comunicacionais. O profissional inovador é aquele que sabe equilibrar a eficiência das máquinas com a sensibilidade humana, que entende que cuidar é, no fundo, um acto de presença, mesmo quando essa presença se dá através de um ecrã.

A inovação no cuidar em tempos digitais não se mede apenas pela sofisticação das ferramentas, mas pela capacidade de manter viva a essência do cuidado: o reconhecimento do outro na sua vulnerabilidade e dignidade. Que a tecnologia seja ponte, e nunca muro, entre quem cuida e quem é cuidado. E que não impeça, sempre para benefício do Utente, que através de diferentes plataformas possibilitem acesso à informação clínica, em tempo útil.

Sabemos que a saúde é um setor particularmente sensível à inovação. Mas aqui, o erro tem consequências humanas diretas, e por isso, a ética deve ser o fio condutor de qualquer projeto empreendedor. O ponto comum é a busca e procura de soluções mais eficientes, personalizadas e sustentáveis, capazes de responder aos desafios crescentes de um sistema de saúde pressionado por envelhecimento populacional, escassez de profissionais e aumento dos custos.

Inovar em saúde não é apenas criar novos produtos, mas redesenhar sistemas que promovam dignidade, acesso e sustentabilidade, onde o compromisso ético e deontológico, não falte, em qualquer momento do “percurso”.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.11.06

sábado, 1 de novembro de 2025

O SILÊNCIO DO LÍDER APÓS O SUCESSO

O SILÊNCIO DO LÍDER APÓS O SUCESSO:
A IMPORTÂNCIA DO REFORÇO POSITIVO NA CONSOLIDAÇÃO 
DA CULTURA DA EQUIPA

Fonte: Gestão de Projectos na Prática

Perturba-me, cria-me descontentamento e tristeza, desenvolve-me ansiedade e nervosismo, cria-me desgaste, quando “escuto o silêncio” insensível do líder, numa fuga de pobreza estratégica, e de demonstração de incapacidade, de se dirigir aos seus Colaboradores, num momento de almoço, após um feito de sucesso, que acabou de acontecer.

Dizem os “expert” e está escrito nos livros, que num contexto corporativo ou institucional, a liderança eficaz ultrapassa a mera coordenação de tarefas ou a execução de estratégias. O verdadeiro exercício da liderança revela-se na capacidade de mobilizar pessoas, reconhecer contributos e consolidar o sentido de pertença. Quando, após um momento de sucesso coletivo — como o término de uma conferência bem-sucedida —, o líder/organizador se abstém de expressar reconhecimento, instala-se um silêncio que comunica mais do que a ausência de palavras: transmite desvalorização, distância e falta de atenção emocional.

Segundo Daniel Goleman (1998), a inteligência emocional constitui um dos pilares fundamentais da liderança eficaz. A capacidade de reconhecer o esforço dos outros, de exprimir empatia e de gerar entusiasmo, são competências que distinguem o líder transformador do gestor meramente técnico. O reforço positivo, neste contexto, representa um acto de inteligência emocional aplicada — o reconhecimento da dimensão humana que sustenta o desempenho colectivo.

Durante o almoço entre colaboradores e colegas, que se segue ao evento realizado com sucesso, alguns elementos da equipa esperariam um gesto simbólico de apreço, uma palavra de gratidão ou uma breve reflexão do líder sobre o significado do trabalho realizado (admito que a maior parte dos elementos da Equipa, apenas estava no prazer de uma conversa de futilidades e no degustar de um saboroso almoço). Mas para nós, esta Equipa que estava reunida, a almoçar, não era um Grupo que se juntou, para acidentalmente almoçar, dizer umas larachas, pagar e ir embora. Não! Não era este Grupo, era/é muito mais que isso!

A ausência desse gesto (palavra de gratidão ou uma breve reflexão não para apontar falhas ou desencontros) não é neutra, pelo contrário, mina silenciosamente o capital motivacional do grupo. Peter Drucker (1999) lembrava que “a cultura come a estratégia ao pequeno-almoço”, e, sem reconhecimento, a cultura organizacional tende a resvalar para a apatia e o conformismo, mesmo quando a estratégia é sólida.

A literatura sobre liderança transformadora, designadamente os contributos de James Kouzes e Barry Posner (2007), reforça esta perspectiva ao destacar o papel do reconhecimento como um dos cinco pilares fundamentais da prática de liderança exemplar. Para estes autores, “encorajar o coração” — isto é, reconhecer as contribuições individuais e celebrar os valores e as vitórias partilhadas — é essencial para sustentar o empenho e a confiança mútuos no seio das equipas.

Assim, o silêncio do líder após o sucesso, não é uma mera omissão: é uma falha simultaneamente estratégica e emocional. Frederick Herzberg (1959), ao distinguir entre factores de estratégia e factores motivacionais, já sublinhava que o reconhecimento constitui um dos principais elementos que alimentam a motivação intrínseca. A ausência desse reconhecimento reduz o entusiasmo e fragiliza a ligação psicológica ao trabalho e à organização.

Por fim e em última análise, o reforço positivo não é um ornamento, mas uma ferramenta essencial de gestão e de cultura. A liderança que reconhece o mérito constrói confiança, promove coesão e assegura continuidade. A liderança que se silencia após o êxito desperdiça uma oportunidade de fortalecer o capital humano e simbólico da Equipa/Organização.

Assim, o líder que não fala, comunica — e, muitas vezes, comunica precisamente o contrário do que desejaria: desinteresse, indiferença e afastamento.

O sucesso, para ser sustentável, deve ser partilhado. E a palavra do líder, quando genuinamente reconhecedora, tem o poder de transformar um feito pontual num legado colectivo.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.11.01

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A NÃO PEDAGOGIA DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

A NÃO PEDAGOGIA DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA


O Plenário da Assembleia da República "ofereceu" a todos mais um triste momento, do que ali se passa e que não enobrece ninguém!


Na fase final de discussão do Orçamento de Estado para 2026, assistimos a um engalfinhar de discursos entre os Deputados Eurico Brilhante Dias do PS e André Ventura do Chega, nada digno. Depois todos os apartes dos Senhores Deputados!


Que exemplo!

Que vergonha!

Que imagem alguns Deputados passam para o comum Cidadão de Portugal.

Exemplos destes na Casa da Democracia??? Que pedagogia? Que triste imagem!

Alguns Senhores Deputados, nem respeito mostraram pelo Presidente da AR, que teve que ter nervos de aço, reforçado, para deixar a Democracia funcionar, tendo em atenção, a "liberdade de expressão", de algumas bancadas. E notava-se que, de algumas bancadas, mais exuberantes e com apartes e gestos inadequados, alguns Deputados mostravam-se envergonhados! Foi esta a minha leitura. Foi isto que eu vi!

Quando o Povo votou e elegeu os Seus Deputados de alguns partidos, foi para fazerem estas tristes figuras no Parlamento?

Penso, muito seriamente, que não!

H. D. 2025.10.29






terça-feira, 21 de outubro de 2025

MEDALHA - 25 ANOS INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS ENFERMEIROS

MEDALHA - 25 ANOS 
INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS ENFERMEIROS

 

No passado dia 2025.10.20 teve lugar no Auditório da ULSAM a cerimónia da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, para entrega da "Medalha dos 25 Anos de Inscrição", nesta Organização reguladora da Profissão - Ordem dos Enfermeiros.


A cerimónia contou com a presença da Vice-Presidente da Ordem, Enfa. Ana Fonseca, do Presidente da Secção Regional do Norte, Enf. Miguel Vasconcelos, do Presidente do CA, Dr. José Cardoso e da Enfa. Directora Enfa. Dulce Pinto, da ULSAM, EPE.


Recebi a minha medalha, nesta cerimónia, onde cerca de centena e meia de Enfermeiros, também a receberam.

Foi uma cerimónia muito digna, em que, de certa forma, foram homenageados os Enfermeiros e a demonstração de uma Ordem presente, junto da Classe e na visibilidade e implicação que esta Profissão tem em toda a Sociedade. Não faltou o momento musical interpretado, também por um Enfermeiro. 

Obrigado por este momento, no meu percurso profissional.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
H. D. 2025.10.21

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

II CONVERSAS DE OUTONO DA UCC VIANA DO CASTELO

II CONVERSAS DE OUTONO
DA UCC VIANA DO CASTELO
2025.10.31

A Unidade de Cuidados na Comunidade Viana do Castelo, vai realizar no dia 31 de Outubro, as II Conversas de Outono, cujo programa segue a este texto.

As inscrições são gratuitas, embora com obrigação de inscrição para o e-mail descrito no programa.


Este evento é direccionado para a "Inteligência Artificial" e tudo o que hoje nos envolve, quer na nossa vida profissional, como social e até privada.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.10.13

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

12 DE SETEMBRO - DIA NACIONAL DO ENFERMEIRO DE SAÚDE COMUNITÁRIA E DE SAÚDE PÚBLICA

12 DE SETEMBRO - DIA NACIONAL DO ENFERMEIRO DE 
SAÚDE COMUNITÁRIA E DE SAÚDE PÚBLICA

Fonte: ESSATLA

Todas as profissões merecem ter o seu dia registado no calendário, atribuindo-lhe importância, relevo e pelo menos, para que anualmente, essa efeméride seja lembrada e até comemorada. Nas Ciências Sociais e particularmente na Ciência da Saúde, usa-se/utiliza-se muito esta “saudável metodologia” para homenagear personalidades que se destacaram na ciência, a distinção de determinadas profissões, especialidades ou grupo profissional, doenças que têm um impacto enorme nas Sociedades, etc. A Enfermagem não foge a esta regra. E ainda bem! Por um lado, pela Ciência que é e, por outro, pela importância que representa nos Sistemas de Saúde e relevância que com a sua intervenção, se traduz em ganhos em saúde para o Indivíduo, Família e Comunidade.


Foi retomado o processo (interrompido pela dissolução da AR) para a criação do “Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública”, iniciado anteriormente pelo Colégio respectivo e recuperado agora, com o muito trabalho já feito, e que o Sr. Bastonário concordou e formalizou junto de Sua Excelência o Presidente da Assembleia da República, solicitando e propondo o dia 12 de Setembro para esta comemoração.


No seguimento desta iniciativa e trabalho desenvolvido, teve lugar em Coimbra, nos dias 12 e 13 de Setembro o “Congresso Internacional de Enfermagem Comunitária”, tendo como tema e objectivo do Congresso “A Enfermagem Comunitária, como estratégia política do SNS”. Na avaliação e conclusão do Congresso, levou o seu Presidente, Professor Doutor José Hermínio Gomes a afirmar que “abordámos a intervenção junto das populações mais vulneráveis. Aqui ficou claro que a Enfermagem Comunitária tem um papel insubstituível: olhar para as determinantes sociais da saúde, promover equidade, fortalecer comunidades e ser voz ativa junto dos decisores políticos. Acrescentou ainda que “este congresso termina, mas deixa-nos um legado: a certeza de que a Enfermagem Comunitária e de Saúde publica e de Saúde Familiar está cada vez mais afirmada, visível e reconhecida como pilar estruturante de um Serviço Nacional de Saúde moderno, justo e próximo das pessoas. Vivemos tempos desafiantes, em que os sistemas de saúde enfrentam pressões sem precedentes. Mas também vivemos tempos de oportunidade, em que a prevenção, a proximidade e a equidade são valorizadas como nunca. Cabe-nos a nós, Comunitária e Familiar, transformar esta oportunidade em realidade, com ciência, ética e compromisso.”

Confirmada a importância desta Especialidade de Enfermagem, o Sr. Bastonário Enf. Luís Filipe Barreira referiu na sua missiva que a “A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada, sob a égide da Organização Mundial da Saúde (OMS), a 12 de Setembro de 1978, em Alma-Ata, é uma referência histórica no reconhecimento global da importância dos Cuidados de Saúde Primários enquanto primeiro nível de contacto dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de saúde, evidenciando a necessidade de actuação e compromisso de todos os stakeholders envolvidos, na protecção e promoção da saúde de todos.

O reconhecimento do Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública constitui-se como uma homenagem a estes Enfermeiros, reflectindo o reconhecimento da contribuição indispensável destes profissionais para a saúde global, em conformidade com os princípios da Conferência de Alma-Ata de 1978, da Declaração de Munique de 2000 e pelos princípios de acesso universal e seguro a cuidados de saúde da OMS.

Este dia serviria para celebrar os Enfermeiros Especialistas nesta área, mas também para sensibilizar para a importância de expandir e valorizar a sua função crítica nos Cuidados de Saúde Primários, essenciais para alcançar a cobertura universal de saúde.”

Pensar, governar e gerir a Saúde, sem preocupação de acautelar a dimensão dos CSP, no global e da Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública, em particular, é abdicar de muito que a evidência cientifica demonstra e é continuar a gastar grandes orçamentos de despesa no tratamento da doença e na visão dos cuidados secundários, com urgências e serviços de internamento/cirurgias, incapazes de dar resposta às demandas e solicitações da Comunidade.

Relendo estas declarações, parece-nos que o modus operandi na gestão da Saúde, para alcançar o sucesso terá que ser o aproveitamento da competência e conhecimentos dos Enfermeiros nas várias dimensões do “cuidar e do tratar”, mas essencialmente na dimensão do “prevenir”, investindo-se na acessibilidade de cuidados de saúde, na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na prestação de cuidados continuados e integrados, de forma equitativa na e para a Comunidade.

Voltamos a citar o Presidente do Congresso afirmando que “a Enfermagem Comunitária é futuro. Um futuro que se constrói lado a lado com as pessoas, apoiando famílias, fortalecendo comunidades e defendendo a dignidade humana em todas as circunstâncias.”

Temos para nós, que efectivamente o dia 12 de Setembro é o “Dia Nacional do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública”. Assim a Assembleia da República reconheça esta data histórica e aprove a criação deste dia no calendário Português.

Humberto Domingues
Enf. Especialista em Saúde Comunitária
2025.10.06

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

A "ESTUPIDIFICAÇÃO" DA POLÍTICA AMERICANA

A "ESTUPIDIFICAÇÃO" DA POLÍTICA AMERICANA




A “estupidicação” alastra na política Americana, ao seu mais alto nível, pela boca do Presidente Trump.

Trump alarma a América (e o Mundo?) com as afirmações sobre o “Paracetamol” e as “Vacinas”.

No meu humilde ponto de vista, estas afirmações são completamente descabidas e, para além disso, as mesmas cabem à ciência e aos Investigadores e nunca a um Presidente de uma Nação!

Enfim… confunde-se tudo e, quando a Política entra nestas questões, conspurca a ciência, a investigação, tolda pensamentos e adultera a segurança na ciência médica e farmacológica!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.09.24

terça-feira, 16 de setembro de 2025

ENFERMAGEM COMUNITÁRIA EM CONGRESSO PARA O AMANHÃ DO SNS

ENFERMAGEM COMUNITÁRIA EM CONGRESSO PARA O AMANHÃ DO SNS

Fonte: Ordem dos Enfermeiros

A Enfermagem Comunitária escreveu mais uma página na História da Saúde, reunida em “Congresso Internacional” em Coimbra, promovido pelo Colégio da Especialidade respectiva, da Ordem dos Enfermeiros, tendo como tema “A Enfermagem Comunitária como Estratégia Política do SNS”. E nada mais promissor, do que tudo aquilo que se tratou, falou e demonstrou-se cientificamente, para o “bom amanhã” do SNS. Até porque o SNS comemora 46 anos e a mudança do seu paradigma, é uma realidade que se impõe, apesar dos lóbis que não querem deixar ver, esta mesma realidade, que teve o seu tempo, mas que hoje é diferente.


No aniversário do SNS, é inevitável refletir não apenas sobre os seus alicerces, a razão da sua existência e a quem se dirige, mas também sobre os profissionais que o tornam possível, entre eles os Enfermeiros de Saúde Comunitária. Mais do que cuidadores de proximidade, estes profissionais são guardiões silenciosos da Saúde Pública, actuando nas casas, nas escolas, nas empresas e em todas as comunidades onde a vida acontece, com uma intervenção privilegiada, dedicada à Família!


A Enfermagem Comunitária é, muitas vezes, invisível. Não se vê em grandes cirurgias ou em intervenções hospitalares altamente tecnológicas, mas sente-se na promoção da literacia em saúde, na prevenção de doenças crónicas, no acompanhamento do idoso frágil ou da família em vulnerabilidade social. É a face mais humana de um SNS que, para além de curar, tem a obrigação de cuidar, educar e prevenir. E como referiu no discurso de encerramento, o Presidente do Colégio, Professor Doutor José Hermínio Gomes, “reflectimos sobre a gestão de caso, as doenças crónicas e a continuidade de cuidados, reconhecendo que o acompanhamento de proximidade, a articulação interprofissional e os planos de cuidados personalizados são estratégias essenciais para melhorar a qualidade de vida, reduzir internamentos evitáveis e tornar o sistema mais sustentável. Abordámos a intervenção junto das populações mais vulneráveis. Aqui ficou claro que a Enfermagem Comunitária tem um papel insubstituível: olhar para as determinantes sociais da saúde, promover equidade, fortalecer comunidades e ser voz ativa junto dos decisores políticos. Falámos da autonomia profissional e da prescrição em enfermagem, reafirmando que esta é uma conquista da profissão, uma afirmação de responsabilidade clínica e científica, e um instrumento para aumentar a acessibilidade e a eficiência do Serviço Nacional de Saúde. Debatemos o modelo de internato de especialização, que se revela fundamental para a consolidação das diferentes especialidades de enfermagem. É um caminho de qualificação exigente, mas que garante qualidade, clareza e diferenciação de competências” para benefício também dos Utentes.

Mas a realidade mostra que estes Enfermeiros ainda não têm o reconhecimento institucional e social que merecem. As equipas de Enfermagem Comunitária continuam subdimensionadas, a burocracia consome recursos que deveriam estar no terreno, e os projetos de proximidade enfrentam frequentemente constrangimentos financeiros. Este desinvestimento é curto de vista: ao não reforçarmos a Enfermagem Comunitária, prolongamos internamentos evitáveis, multiplicamos idas às urgências e sobrecarregamos hospitais já em rutura.

Celebrar os 46 anos do SNS deve, por isso, ser também assumir compromissos claros: colocar a Saúde Comunitária no centro das políticas públicas, valorizar os Enfermeiros que a praticam e apostar na prevenção como pilar de sustentabilidade. Porque o futuro do SNS não se joga apenas dentro das paredes dos hospitais, mas sobretudo na Comunidade.

Dar visibilidade e meios à Enfermagem Comunitária não é apenas um ato de justiça profissional, é uma medida estratégica para garantir que, daqui a mais 46 anos, o SNS continuará universal, solidário e próximo das pessoas. Afinal, cuidar da Comunidade é cuidar do país, é economizar muitos milhões de euros e é potencializar a promoção de hábitos de vida saudáveis, diminuir a literacia em saúde e prevenir as doenças, e não o inverso, tratar as doenças como priorização da intervenção.

Ao longo destas décadas, o SNS tem sido sinónimo de esperança, equidade e solidariedade. Mas há uma dimensão muitas vezes invisível, e que é, afinal, a alma do sistema: a Enfermagem Comunitária nas suas 3 grandes dimensões – Comunitária, Saúde Pública e Familiar, onde começa a ser visível “e reconhecida como pilar estruturante de um Serviço Nacional de Saúde moderno, justo e próximo das pessoas”. Este é um marco do presente, que nos convida não só a olhar para o que evoluímos do passado, mas também a projectar o futuro. Queremos ser o rosto que chega antes da doença se instalar e que permanece quando o hospital já não é necessário. Que transforma a proximidade em saúde, a prevenção em futuro e o cuidado em dignidade.

Num tempo em que tanto se fala de sustentabilidade, é na Comunidade que reside a resposta. A prevenção, a literacia em saúde, o acompanhamento dos mais frágeis e o apoio às famílias são sementes plantadas todos os dias pelos Enfermeiros na Comunidade. E essas sementes, discretas mas persistentes, são as que evitam internamentos, reduzem desigualdades e constroem um SNS mais resiliente.

Mas para que essa missão floresça, é preciso mais do que dedicação: é preciso investimento, reconhecimento e visão estratégica. Valorizar a Enfermagem Comunitária não é um luxo, é uma necessidade vital para garantir que o SNS continue a ser universal, solidário e próximo das pessoas.

Conscientes de que, mais do que celebrar o que já conquistámos, devemos assumir um compromisso coletivo: colocar a Saúde Comunitária no centro das políticas públicas e dar voz, meios e visibilidade a quem, todos os dias, cuida de Portugal. Porque o futuro do SNS erige-se não apenas nos hospitais, mas sobretudo no coração das comunidades, e como o Presidente do Colégio referiu “a Enfermagem Comunitária é futuro. Um futuro que se constrói lado a lado com as pessoas, apoiando famílias, fortalecendo comunidades e defendendo a dignidade humana em todas as circunstâncias”, com compromisso e princípios éticos.

A Enfermagem Comunitária é, afinal, a prova viva de que o SNS não é apenas um serviço. É um pacto de cuidado, proximidade e humanidade. E esse é o legado que devemos preservar para as próximas gerações.

Humberto Domingues
Enf. Especialista Enfermagem Comunitária
2025.09.16

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM COMUNITÁRIA

 CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM COMUNITÁRIA

COIMBRA 12 E 13 DE SETEMBRO/2025


Comissão Organizadora e Científica do Congresso 

Promovido pelo Colégio de Enfermagem Comunitária da Ordem dos Enfermeiros, realiza-se de 12 a 13 de Setembro, em Coimbra, o Congresso Internacional de Enfermagem Comunitária, conforme programa no link descrito.

Apesar do link, infra, partilha-se aqui o programa:



O local da realização deste Congresso é no Auditório António Arnaut (Polo B) da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Link:

https://www.ordemenfermeiros.pt/media/40128/programa_congresso-internacional-de-enfermagem-comunit%C3%A1ria-230825_comvf.pdf

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.09.01

domingo, 17 de agosto de 2025

FOGOS FLORESTAIS: UMA LEITURA SOCIOLÓGICA DA CATÁSTROFE RECORRENTE

FOGOS FLORESTAIS: UMA LEITURA SOCIOLÓGICA DA CATÁSTROFE RECORRENTE

Fonte: NEWSAVIA

Os fogos florestais têm sido tradicionalmente interpretados como desastres naturais, intensificados por fenómenos climáticos extremos e também, onde a mão humana, pelo descuido ou pelo crime, têm contribuído para este flagelo. Contudo, uma abordagem sociológica revela que esses “eventos”/acontecimentos são, em grande medida, socialmente construídos. Ou seja, embora dependam de condições ecológicas e climáticas, a sua frequência, intensidade e consequências são moldadas por dinâmicas sociais, políticas e económicas, muito bem conhecidas de todos.


Este artigo de opinião propõe uma análise sociológica da existência dos fogos florestais, centrando-se em quatro eixos principais: Uso e ocupação do solo; Desigualdade social e vulnerabilidade; Políticas públicas e governança; e A relação simbólica e cultural com a natureza.



Uso e Ocupação do Solo: A Modernização Desordenada. A transformação do território é um dos factores estruturais mais importantes na explicação dos fogos florestais. A urbanização acelerada, a expansão de monoculturas (como o eucalipto e o pinheiro bravo em Portugal, por exemplo), e o abandono das práticas agrícolas tradicionais resultaram num território fragmentado e altamente inflamável.


Segundo a sociologia rural e ambiental, a perda de “mosaicos agroflorestais” – compostos por zonas de cultivo, pastagens e florestas diversificadas – aumentou a continuidade do combustível vegetal. As políticas de desenvolvimento que favoreceram o crescimento económico à custa da gestão territorial sustentável criaram paisagens propícias à propagação do fogo. O fogo torna-se, assim, uma externalidade negativa do modelo tradicional de cultivo e de uso da terra.

Desigualdade Social e Vulnerabilidade: Quem Arde Com o Fogo? Os fogos florestais não afectam todas as populações da mesma forma. A sociologia dos desastres mostra que os impactos são mais severos sobre as comunidades mais pobres, isoladas ou envelhecidas, frequentemente deixadas à margem dos investimentos públicos. Estas populações vivem em zonas de risco maior, têm menor capacidade de resposta e são frequentemente ignoradas nos processos de decisão política. Estas Populações vivem momentos de angústia, níveis de stress elevadíssimos e incertezas sobre os dias de amanhã, onde os recursos escasseiam todos os dias.
Além disso, muitos territórios rurais vivem o paradoxo do abandono: por um lado, sofrem com a ausência de políticas de apoio à agricultura familiar e à fixação de pessoas; por outro, são invadidos por interesses económicos ligados à indústria florestal. Assim, o fogo revela e amplifica desigualdades sociais e espaciais pré-existentes e muitas vezes com dificuldade de se vislumbrarem razões, porque acontecem fogos em determinado território...

Políticas Públicas, Estado e Governança: Entre a Reacção e a Prevenção. As políticas públicas em torno dos fogos florestais tendem a privilegiar abordagens tecnocráticas e reactivas, como o reforço do combate e da vigilância aérea. A prevenção estrutural – que exige uma gestão florestal participada, ordenamento do território, e revalorização das zonas rurais– é frequentemente secundarizada, ou até, inexistente! Outra dimensão da Prevenção é olhar para o terreno/território em épocas de menor risco de incêndio e proceder a um planeamento de limpezas, zonas de limitação de propagação e zonas de evacuação.
A sociologia política e institucional crítica a fragmentação das responsabilidades entre diferentes organismos do Estado, a falta de continuidade nas políticas públicas e a captura do debate por interesses económicos e corporativos, instalados nos meandros e bastidores dos corredores e espaços de decisão. A lógica do espectáculo mediático – que valoriza o “herói-bombeiro” e a tragédia pontual – obscurece a discussão sobre os factores sistémicos que perpetuam o problema. Contudo, nunca, de modo algum, podemos ignorar ou minimizar o papel dos Bombeiros, numa luta desigual com o fogo devorador.

Cultura, Simbolismo e Natureza: O Fogo como Fenómeno Social. A forma como as sociedades se relacionam com o fogo e a floresta é também uma construção cultural. Em muitas culturas rurais, o fogo era (e ainda é) uma ferramenta de gestão do território. Contudo, a modernidade urbana demonizou o fogo e marginalizou os saberes locais, criminalizando práticas ancestrais como as queimas controladas.
A sociologia ambiental explora esta dissociação cultural entre sociedade e natureza. A floresta é muitas vezes romantizada como espaço "selvagem", mas é, de facto, um produto social e político. A ausência de envolvimento das comunidades locais na gestão do espaço florestal reflecte uma perda de capital social e cultural essencial à sustentabilidade do território. Não se atribui valor económico à Floresta!

Em conclusão podemos dizer que o fogo não é apenas natural, é-o também social.
Os fogos florestais, longe de serem fenómenos meramente naturais, são resultado de um conjunto de dinâmicas sociais (económicas e políticas) interligadas. A sua análise exige ir além das explicações técnicas e considerar as estruturas de poder, os modos de vida, os modelos económicos e as escolhas políticas que moldam a paisagem. Porque nos falta sabedoria e conhecimento, não abordamos a vertente criminal associada à “Sociologia dos fogos florestais”.

A abordagem sociológica não nega os factores ecológicos ou climáticos, mas sublinha que, sem uma transformação profunda nas relações sociais com o território, os fogos continuarão a ser uma expressão de desigualdade, desordem e conflito. Prevenir fogos é, também, reconstruir comunidades, reformar políticas e repensar a nossa relação com o mundo natural.

Assim o Poder Político e Económico o entendam e queiram transformar!

Humberto Domingues
Mestre em Sociologia da Saúde
2025.08.17

EM DIA DE GREVE GERAL - 2025.12.11

EM DIA DE GREVE GERAL 2025.12.11 A greve é um direito, mas trabalhar também o é! Atirar objectos e garrafas na escadaria da Assembleia da Re...