quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

REALIDADES, CONTEXTOS E DESILUSÕES


REALIDADES, CONTEXTOS E DESILUSÕES


  1. INFECÇÃO CORONAVIRUS/COVID-19

A Sociedade mundial foi outra vez surpreendida pela agressividade de um vírus, que causou inúmeras mortes na China e algumas noutros países, decorrente de contágio que hoje, neste mundo global da fácil e rápida mobilidade, se circula num intervalo de poucas horas, de um continente, para outro.

O “Coronavirus/Covid-19” veio acima de tudo demonstrar que apesar da evolução tecnológica e de investigação médica, biológica e farmacêutica, e apesar de ser um coronavírus (novo) há outros conhecidos há alguns anos (“Em anos anteriores foram identificados alguns coronavírus que provocaram surtos e infeções respiratórias graves em humanos. Exemplos disto foram: entre 2002 e 2003 a síndrome respiratória aguda grave (infeção provocada pelo coronavírus SARS-CoV) e em 2012 a síndrome respiratória do Médio Oriente (infeção provocada pelo coronavírus MERS-CoV – Fonte DGS)”, pode a qualquer momento surgir um microrganismo, com uma agressividade tal, que pode ser letal.

Em nossa opinião, para além de suspeitarmos, podemos dizer que são factores adjuvantes: a fraca imunidade, espaços degradados, saturados e sobrelotados, promiscuidade, produtos e hábitos alimentares e de higiene descuidados, acrescido de possível facilidade do contacto com o(s) reservatório(s) deste vírus (animais)? Poderão ser estas, eventualmente, explicações para os contágios ocorridos (infecção respiratória/pneumonia)?
Já várias outras situações, num passado recente “assustaram” o mundo e colocaram a comunidade científica em alerta, despoletando investigações profundas e urgentes, na procura de uma vacina, a fim de dar resposta a estas epidemias/pandemias que nos afectaram – Ébola, Gripe A e Dengue, por exemplo.
Face a estes e outros factos, a Sociedade Mundial precisa de estar desperta para a prevenção e adopção de hábitos e comportamentos de vida saudáveis. As medidas salutogénicas devem ser implementadas e estendidas às diferentes Sociedades. As vacinações das populações devem ser encaradas muito a sério, pelos diferentes Poderes Políticos dos Países, Uniões e Confederações de Estados e Nações, como “forte arma” de defesa. A imunidade individual e de grupo, conforme a abrangência e características, no combate aos microrganismos agressores, são importantíssimas.
A massificação das cidades, hábitos de higiene pessoais e alimentares descuidados e desequilibrados, populações desnutridas, transportes e espaços públicos superlotados, pouco ventilados e saturados, não vacinação, iliteracia em saúde e comportamentos descuidados, levarão no futuro, em nossa humilde opinião, ao surgimento/aparecimento de “velhas e novas” pandemias, que causarão milhares de vítimas espalhadas pelo mundo.
A Prevenção e a Literacia em Saúde têm que passar a fazer parte do nosso quotidiano. A simples lavagem das mãos com sabão deve ser um cuidado permanente e repetido.

2. DESPENALIZAÇÃO DA EUTANASIA PELO PARLAMENTO

Os Deputados na Assembleia da República aprovaram os 5 projectos de lei, propostos pelos vários partidos da esquerda, para legalizar a “Eutanásia”.
As democracias têm destas coisas… à custa de agendas políticas e sobrevivências governativas, as prioridades passam para segundo plano, particularmente na Saúde.
Lamento, pessoalmente, que este passo tivesse sido dado, sem uma ampla discussão na Sociedade Civil. Lamento também, que a cobardia dos partidos, não tenham incluído nos seus programas eleitorais este sensível assunto, e quem o fez, não tivesse proporcionado, claramente, a sua discussão. O PS utilizou o “comboio da esquerda” para depois se afirmar contra o referendo, quando nem sequer no seu programa eleitoral incluiu o tema. E o PSD, que apesar de ter sido aprovada por larga maioria no Congresso de Viana do Castelo, uma moção para referendar a “Eutanásia”, vem o seu líder dizer que o referendo não está em cima da mesa.
Lamento ainda mais, pelo facto de não haver investimento na formação de verdadeiras equipas em paliativos, quer a nível hospitalar, quer nos Cuidados de Saúde Primários/na Comunidade e a clara falta e inexistência de suficientes camas de retaguarda, para tratar/cuidar dos Cidadãos doentes, que necessitem de cuidados paliativos e cuidados continuados. Não posso deixar de lamentar também, as confusões e imprecisões de conceitos e definições, em múltiplas afirmações na Comunicação Social de políticos e comentadores.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2020.02.27 – 17h30

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