A HIPOCRISIA DE CULPAR OS
ELEITORES PELA ABSTENÇÃO
Em
todos os actos eleitorais a abstenção obtém uma “maioria reconfortante” e com
tendência sempre a aumentar.
Em
todos os painéis de comentadores, sondagens e estudiosos sobre a matéria, direcionam
e vertem todas as culpas para os eleitores, que não foram às urnas. Se por um
lado é verdade, por outro não deixa de ser uma profunda hipocrisia.
Uns
porque se recusaram mesmo a votar, talvez a maioria, outros por estarem
deslocados do seu local de recenseamento, outros eleitores fantasma, mas
realmente, representa uma percentagem enorme, neste universo de eleitores com
direito a voto. Aqui há matéria para várias teses de doutoramento relativas a
este fenómeno sociológico.
Antes
do acto eleitoral acontecer, ouvimos os líderes dos partidos, chefes de governo
e até chefes de estado, como foi o caso das Eleições Europeias, virem apelar ao
voto, na tentativa de diminuir a abstenção. Com os resultados apurados, logo se
ouvem os “sábios das estatísticas e sondagens” dizerem que a abstenção
aumentou. Os líderes partidários preocupados com a taxa de abstenção, etc., etc.,
etc.!
Mas
perante esta abstenção crescente, já se ouviram os partidos e/ou os seus
líderes e políticos assumirem a responsabilidade por tais resultados e porque
se afastaram dos eleitores? Já se viram ou ouviram os políticos assumirem que,
quando no desempenho das suas funções para que foram eleitos, realmente, não
corresponderam ao prometido aos eleitores? Assim fica claro o afastamento entre
eleitos e leitores!
Julgo
que qualquer eleitor espera ser dignamente representado, conferindo e
transferindo por isso, uma responsabilidade para que, o político eleito, seja
um representante desse mesmo eleitor, desse Povo que espera ser honradamente representado
e não insultado. O que na maior parte das vezes não acontece nesta
representação.
Quando
os assuntos vão a votação, por exemplo na Assembleia da República, os deputados
são do círculo eleitoral por onde foram eleitos, ou são Deputados da Nação?
Nessa mesma votação, quando estão em causa questões e interesses
regionais/locais, estão a defender verdadeiramente o que prometeram,
respectivamente, em cada um dos seus círculos eleitorais, ou seguem as
directivas e disciplinas de voto dos seus partidos e líderes?
Não
sendo noutra altura, é nos actos eleitorais que os eleitores têm a oportunidade
de expressar a sua vontade, face ao que o governo, ministros, deputados,
fizeram, implementaram ou possibilitaram. E não se pode desperdiçar esta “arma”
– um eleitor, um voto – por isso nos tempos que correm é importantíssimo votar.
Veja-se
a hipocrisia do Dr. António Costa, perante a gestão acidentada que foi nesta
legislatura, o Ministério da Saúde, com sérias consequências
para o SNS, vir agora prometer o melhor de dois mundos para o SNS na próxima
legislatura. Esqueceu-se do que prometeu há quatro anos aos Enfermeiros?
Esqueceu-se da manipulação das listas de espera?
No
próximo acto eleitoral de 6 de Outubro, os Enfermeiros Portugueses têm razão,
mais que justificada, para penalizarem e não votarem nos partidos deste “Governo
geringonçado”, por tudo que fizeram de mau a esta Classe Profissional. Diria
mais até, que no Círculo Eleitoral de Coimbra, os Enfermeiros e os Técnicos
Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, pelo menos, têm sobejas razões para
não votar PS, uma vez que a cabeça de lista é a actual Ministra da Saúde,
Doutora Marta Temido e foi uma das maiores agressoras a estes Profissionais da
Saúde e ao SNS.
Desejo
que a nossa classe profissional continue a ter dignidade, responsabilidade e
altruísmo, e tem, mas essencialmente que não perca a memória, perante aqueles
que manipularam, insultaram, agrediram e tentaram enxovalhar os Enfermeiros
Portugueses.
“Unidos
venceremos, divididos cairemos”, Esopo.
Humberto
Domingues
Enf.
Espec. Saúde Comunitária
2019.09.03
– 20h00
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