sexta-feira, 26 de julho de 2024

PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES

PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS SOLARES


O Verão já chegou e com ele, temperaturas muito altas. Esta vaga de calor, levou em alguns casos, as pessoas a exporem-se demasiado e abruptamente ao sol, na praia e esplanadas, provavelmente sem prévia preparação e a horas inapropriadas aos intensos e agressivos raios solares.

Todos nós nos expomos em demasia ao “Rei Sol”, correndo o risco de sofrermos uma queimadura dérmica. Assim, numa prespectiva de prevenção, pretendemos deixar neste artigo de opinião, alguns ensinamentos sobre prevenção e protecção de “queimaduras solares”.

A nossa pele é o maior órgão do corpo humano. Este órgão é constituído por 3 camadas: a “Epiderme” de média espessura (face externa), a “Derme” de maior espessura, é a camada intermédia e a “Hipoderme”, é a camada de menor espessura e a mais profunda.

A nossa pele é um órgão sensível, protector e a primeira barreira às agressividades que sofremos, quer sejam através de radiações ambientais, químicas ou outras, nomeadamente, pela agressividade e traumatismo que as roupas, que diariamente usamos, nos provocam (costuras duras, roupas apertadas, muitos fios e fibras sintéticas), os detergentes e sabões que usamos quer na lavagem das roupas, quer na nossa higiene pessoal e por exposição ao Sol e poluentes. A pele é elástica, tem um brilho próprio e tem várias tonalidades, conforme a raça, a matriz genética, a geografia onde vivemos ou somos oriundos e a quantidade de melanina que cada indivíduo possui na sua constituição orgânica. Em média a pele mede +/- 2 m2 e pesa entre 4 e 9 Kg (claro está que, um bebé não possui tanta área corporal e por isso também mede e pesa menos. No inverso, uma pessoa obesa e com grande área corporal alcança limites superiores destes valores).

A pele precisa de ser bem hidratada para manter todas as suas características saudáveis e de protecção. Esta hidratação pode ser de forma “mecânica” por aplicação manual de cremes e líquidos hidratantes, ou de forma sistémica, com a ingestão de líquidos, principalmente de água e sumos naturais e o consumo de frutas e legumes variados.

Relativamente às radiações solares, estas são, em simultâneo, através de radiações de raios UV (ultravioletas), que se dividem em 3 tipos: A,B e C, conforme o seu comprimento de onda. Ora vejamos:

UVA – É o mais nocivo. Afecta a “Derme”. Penetra mais profundamente na pele, causa envelhecimento e pode provocar cancro da pele, alergias e manchas. Incide na nossa pele mesmo com chuva, névoa ou neve. 95% das radiações solares têm composição dos raios UVA.

UVB – Afecta a “Epiderme”. É o responsável pelos “vermelhões”, ardência e queimaduras solares. É mais intenso entre as 9 e as 16 horas. Penetra facilmente na pele e contribuem com 5% na composição das radiações.

UVC – São bloqueados pela camada de ozono e filtrados pela atmosfera terrestre.

Quanto ao Sol, sabemos sobejamente que é muito importante para a Saúde. Ele, “Rei Sol”, contribui para a síntese da vitamina D, fortalece os ossos e articulações, melhora o humor, cria condições e aumenta o bem-estar das pessoas e ajuda a regular os ciclos do sono. Contudo, há algumas regras simples, mas importantes para nos prevenirmos da exposição solar, para que esta não seja nefasta, nomeadamente na praia. Quando a sombra é pequena, é sinal que o Sol está no seu ponto mais alto (a “pique”), por isso sinal de muita intensidade – Perigo. Quando a sombra é maior, sinal que o Sol já mudou a sua orientação, os raios solares já são oblíquos e por isso, menos perigoso. Há um “relógio solar” que deve ser utilizado: horas perigosas entre as 12 e as 16 horas; Perigo intermédio, entre as 11 e 12 horas e 16 e 17 horas. Horas apropriadas/ideais: antes das 11 horas e depois das 17 horas.

Nestes dias de praia e exposição solar, devemos considerar sempre o uso e aplicação de protector solar. Mesmo em dias nublados, deve ser aplicado, como atrás verificamos pela penetração dos raios solares. O protector solar deverá ser aplicado cerca de 30 minutos antes de sair de casa, aplicado no corpo todo e reaplicar de 2 em 2 horas. Reaplicar depois do banho ou de alguma actividade desenvolvida. O protector solar a aplicar, em cada pessoa, tem de ser de acordo com as características da nossa pele e das indicações do fabricante, sendo certo que para as crianças, deve ser sempre o protector com índice de protecção 50+ (cinquenta mais). Devemos ter particular atenção na aplicação no nariz e orelhas e deixar estas áreas bem protegidas. Merecem especial referência, as grávidas, quer na exposição solar, quer no uso de produtos e protectores solares. Outro factor a ter em atenção é o reflexo e a dispersão que os raios solares sofrem, quer na água, quer na areia, porque os raios UV dispersam-se desordenadamente.

Como sabemos que o SOL não tira férias, devemos apostar na protecção usando roupa simples, arejada e de preferência com o menor número possível de fibras sintéticas. O ideal é vestuário de algodão e de cores claras. Beber muitos líquidos, nomeadamente água e frutos naturais, comer fruta e legumes variados, usar óculos com protecção UV e guarda-sol, de preferência com material reflector ou de duplo tecto. Dedicar especial atenção, quer nas ondas de calor, quer nos períodos de maior intensidade, às crianças, grávidas e idosos.

A prevenção e o conhecimento são sempre armas que devemos ter à mão e fazer uso deles. Tenham umas boas férias, mas protejam-se, porque o Sol não tira férias e as lesões cutâneas são muito dolorosas e podem desenvolver problemas /doenças oncológicas.

Divirtam-se, com prevenção!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2024.07.25

quarta-feira, 10 de julho de 2024

MOMENTOS, SENTIMENTOS E EMOÇÕES…

MOMENTOS, SENTIMENTOS E EMOÇÕES…


Muito se tem falado e escrito sobre os momentos, as emoções, as prestações, o vedetismo, os egos, as vaidades, o maquiavelismo das opções, os protegidos, os intocáveis, os dispensados, os não utilizados e muitas outras qualificações e adjectivos, dirigidos aos jogadores e selecionador da Equipa/Selecção Portuguesa, no decorrer do Europeu 2024 de futebol, na Alemanha.

Começamos por dizer que esperávamos muito mais da prestação da Selecção de Futebol neste Europeu. Também, com satisfação, apreciamos o aparecimento de novos valores e jogadores com muita garra demonstrada dentro de campo, no mais alto nível de “combate desportivo”, entre actores deste entusiástico desporto, que o fizeram com elevado profissionalismo e dedicação.

Porque perdemos, foram questionadas as decisões e as estratégias adoptadas e aplicadas à equipa. Se ganhássemos, pelo menos no “embate” com a França, questionaríamos da mesma forma as decisões e estratégias implementadas? Não sabemos, mas provavelmente, não!

Assistimos, via televisão, a alguns momentos nos jogos, de um egoísmo brutal de alguns jogadores. Jogadas bem construídas, mas que, se passassem a bola para o companheiro de equipa no imediato, poderia, com segurança, resultar em golo. Mas não… conservou-se a bola nos pés e, quando foi passada, segundos depois, já era tarde, ou quando preferiu rematar, já a defesa estava composta e sem condições de alojar a bola no fundo das redes. É o mundo do futebol!

Assistimos também a emoções fortes, abraços intermináveis, lágrimas cheias de sentimento e de dôr. Rostos marcados com traços de frustração, de responsabilidade e de metas por atingir.

Percebemos, sobejamente, que a gestão de recursos humanos é necessária e deve assumir-se como uma disciplina parceira, nos grandes e pequenos momentos, no desporto de alta competição, ou na mais simples e humilde equipa, de um serviço ou de uma empresa. A emoção, o estatuto, o “nome” por vezes tolda-nos a clarividência e leva-nos a não tomar decisões, ainda que difíceis, ou quando as tomamos, vão em sentido contrário ao desejado, para o alcance de um maior desempenho e melhores resultados em favor do colectivo.

Falou-se e escreveu-se muito sobre o momento e a oportunidade das lágrimas de Ronaldo e da explosão de tristeza das de Pepe. Do abraço entre ambos. Dos braços caídos de Félix e da sua solidão, em campo. A dimensão galáctica de Diogo Costa, o brilho de Vitinha, Francisco Conceição, Rafael Leão e todos os outros. O futebol é mesmo isto, leva-nos a um caldo de emoções, na avaliação, muitas vezes injusta, de momentos únicos que nos apaixonam.

Na difícil gestão de uma selecção, de uma equipa, de uma empresa, com níveis de stresse e de exigência altíssima, é preciso alguém que cuide e previna a exposição desses jogadores/colaboradores, a esse stresse provocado por emoções muito fortes, na vitória ou na derrota, exaltando desgaste aos seus “intérpretes”. A lucidez e o pragmatismo da decisão, são cruciais em “momentos chave”. Provavelmente, no desempenho desta selecção deste Europeu, isso não aconteceu tão assertivamente!

Porque a emoção e a desilusão foram grandes e a memória é curta (serve para lembrar os feitos em Saúde, por exemplo, da prestação dos Enfermeiros na Pandemia, em que foram enormes e insubstituíveis e que hoje já foram esquecidos), julgamos o imediato e esquecemos o processo do caminho percorrido, o processo permanente de construção, das dificuldades do trajecto, da dimensão dos obstáculos e só avaliamos o hoje! Esquecemos o passado! Quem foi grande no passado que conseguiu trazer este “Património” para que no presente fosse valorizado, porque amanhã, será passado outra vez, fica muitas vezes olvidado.

Tanta irracionalidade na avaliação e nos comentários que se lê e escutam, por aí, que parecem não ter memória de quem os produz. A memória deveria ser uma ferramenta muito útil e ser usada por todos, a cada minuto, e depois dizer, neste caso, obrigado a quem vestiu a camisola das 5 quinas, lhe deu dignidade e grandeza, lutou com galhardia, voltou a por o nome de Portugal no Mundo, nos ecrãs da 5ª. avenida dos EUA, rompeu fronteiras e se tornou galáctico, tal como noutros tempos, sem redes sociais, sem mediatismos imediatos, heróis descobridores navegando em caravelas, colocaram padrões, cruzeiros, e marcas em pedras pelo Mundo fora, por terras que descobriram de aquém e além mar, onde fundearam, povoaram e civilizaram. Só a título de comparação de orgulho e sentido de pertença, se Espanha tivesse um Ronaldo, com certeza que o idolatrava, e nunca o destruiria, tornando-o num ícone, num ídolo, num “produto” de uma mais-valia enorme. Portugal, não o sabe fazer! Como não o soube fazer no passado, com outros ícones.

O “falhanço”, o errar, o não acertar para uns, é o acertar de outros, foi o que Diogo Costa fez e fez bem, acertou! A “experiência do falhar” é de quem fez algo e deveria ser sempre visto, como uma possibilidade de aprendizagem, para o próprio mas também, para quem gere e decide em organizações e equipas. Servir de exemplo.

Sentimentos e emoções espelham uma linguagem não-verbal de significância profunda. Estas manifestações não são só de pessoas pobres, de fora das passadeiras vermelhas ou das televisões. São também dos grandes desportistas, políticos e estadistas.

Não gostamos de ver sorrisos cínicos, de sentir abraços falsos e cumprimentos hipócritas.

Mas damos valor e sentimo-nos abraçados, por figuras públicas, que apesar de fortes, não escondem as suas emoções, as suas fraquezas e frustrações e, no estrelado como na tristeza, evocam com orgulho o suporte, a presença e apoio da Família. Não esquecem o percurso e o passado mais sombrio, que lhes forneceu oportunidades e lhes possibilitou o caminho para chegar à plenitude do “HOJE”.

Um Homem/Mulher sem emoções nem sentimentos, é um ser incompleto! E acreditem, as emoções não se compram, vivem-se!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2024.07.10

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