Dr.
Luis Montenegro – “A Força Que vem de Dentro”
Dr.
Miguel Pinto Luz – “O futuro diz Presente”
Dr.
Rui Rio – “Portugal ao Centro”
Permitam-me esta carta aberta
dirigida a Vªs. Exªs. que a breve trecho, levará um dos Senhores a líder do PSD
e no imediato, ao papel de líder da oposição e um dia quem sabe, de eventual
Primeiro-Ministro.
Esta carta aberta tem o intuito
de alertar e proporcionar uma reflexão, no âmbito político, sobre a Classe de
Enfermagem, sua Carreira, remunerações e importância no seio das Equipas de
Saúde, seja no SNS, no Privado ou no Social.
No final da legislatura passada
o Governo, unilateralmente, aprovou uma Carreira Especial de Enfermagem (DL
71/2019 de 27/05, que altera o regime da Carreira Especial de Enfermagem e o
Regime da Carreira de Enfermagem, nas entidades públicas empresariais e nas
parcerias em Saúde). A Carreira então publicada, que apenas introduz pequenas
alterações à anterior, continua a ser redutora, não satisfaz, não traz
valorização aos Enfermeiros e ainda por cima, não dignifica nem a própria
carreira, nem a profissão. E através dela, os Enfermeiros sofrem a mais
desagradável e agressiva desvalorização remuneratória, profissional e até
social. Para além disso, não dá resposta às inúmeras reivindicações dos
Enfermeiros que implica, também, nas necessidades do Serviço Nacional de Saúde
(SNS).
Apesar do Dec.-Lei 71/2019, vir
repor novamente a categoria de Enfermeiro Especialista, e voltar a ser uma
carreira pluricategorial (tricategorial neste caso), encontramos ainda muitos
constrangimentos desta “nova” Carreira de Enfermagem:
- Há claramente um condicionamento enorme na progressão para outras categorias;
- Há, paralelamente, um constrangimento enorme para que possa acontecer uma progressão remuneratória;
- A tabela salarial e remuneratória é desajustada à realidade, responsabilidade e habilitações profissionais e académicas que hoje os Enfermeiros possuem, o que se traduz numa desmotivação e não valorização destes profissionais;
- As grandes lacunas e desigualdades criadas, ou melhor, mantidas e continuadas, da diferenciação em CIT e CTFP, infelizmente estão bem presentes;
- A contagem de tempo de serviço e a forma preconizada é outro revés e constrangimento, traduzido em inúmeros obstáculos para uma efectiva progressão na Carreira de Enfermagem;
Na campanha eleitoral para as
Legislativas 2019, o PSD esteve ausente e foi incapaz de chamar a si este
assunto, que merecia melhor cuidado, estudo e acompanhamento político, face aos
inúmeros protestos e manifestações de descontentamento que os Enfermeiros protagonizaram,
principalmente desde 2017 e, com isso, auscultar esta Classe Profissional e
confrontar o Governo da Geringonça, com esta realidade. Apesar de missivas
endereçadas ao Grupo Parlamentar do PSD, o retorno foi zero!
Lembrar que o próprio SNS está
em situação muito precária, que mereceu um reforço do Orçamento na ordem dos
800 milhões de euros e levou o Sr. Primeiro-Ministro a fazer a comunicação de
Natal ao País, com base no SNS. Uma verdadeira confissão e assumir de culpas e
responsabilidade pelo estado calamitoso do SNS.
Aproveito esta carta aberta
dirigida a Vªs. Exªs., para expressar que os Enfermeiros são a maior Classe
Profissional do SNS. Os Enfermeiros merecem respeito e merecem ser valorizados
pelo trabalho insubstituível que desenvolvem, precisamente a cuidar de Pessoas
que são Cidadãos e que estão fragilizados, doentes, quer seja nas camas dos
Hospitais, do Social, Privado ou no próprio domicilio onde são prestados
cuidados de Saúde/de Enfermagem de muita qualidade, durante as 24 horas do dia
e 365 dias por ano!
Lembrar Vªs. Exªs. que o SNS
não é só Hospitais, é também Cuidados Primários (Centros de Saúde e Unidades
Funcionais) que são a base deste SNS e a porta de entrada para este Serviço Nacional.
Quem discutir/conferenciar sobre Saúde e ignorar estas variáveis e os seus
Recursos Humanos, estará inevitavelmente num caminho errado e a enganar os
Portugueses.
Infelizmente tem-se constatado
que, nos debates em que o PSD participa ou em comunicações livres e por
iniciativa própria, sobre Saúde ou SNS, persiste numa ignorância profunda sobre
a existência dos Enfermeiros, o seu importante desempenho e coparticipação nas
Equipas multiprofissionais e o seu verdadeiro desempenho profissional, o que
abarca e engloba neste desempenho. Estimados Senhores Candidatos a Líder do
PSD, os Enfermeiros fazem muitíssimo mais que “dar injecções e fazer pensos”!
Permitam-me a ousadia, mas deixo a sugestão que se informem junto de fontes
credíveis, para diminuírem a iliteracia sobre a Classe de Enfermagem. Uma coisa
é certa, a partir deste momento não poderão mais Vªs. Exªs. argumentar que não
foram alertados para a realidade que vivem os Enfermeiros nos seus variados
serviços, da sua limitada e desajustada Carreira, as condições em que
trabalham, as sobrelotações dos Serviços e a falta do cumprimento das dotações
seguras e rácios de Enfermagem, nos serviços, pondo em perigo e segurança, quer
os Cidadãos doentes, quer os próprios Profissionais.
Em nossa opinião, carece o PSD
de descer ao País real, avaliar, tomar conhecimento das situações e não
desperdiçar oportunidades políticas, como as que foram desperdiçadas, para
efectivamente participar de forma activa e bem informada na alteração para
melhoria de diplomas, das condições de trabalho e remunerações, quer seja em
Comissões Parlamentares de Saúde, quer no Plenário da Assembleia da República
ou em outros espaços e momentos onde se faça e decida “Administração em Saúde”.
Esperamos que de forma isenta,
mais informada e disponível, possam Vªs. Exªs. contribuir para a valorização
dos Enfermeiros, nas iniciativas Governamentais ou Parlamentares que possam
surgir, em contraponto com as efémeras declarações políticas sobre esta Classe
Profissional. Agora o silêncio, a ignorância e a desvalorização, não serão com certeza
aceites e tolerados pelos Enfermeiros!
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saude Comunitária
2020.01.02 - 19h00
Parabenizo o Amigo e Colega Humberto Domingues pela oportuna e relevante mensagem de reflexão e preocupação sobre o estado atual dos profissionais de Enfermagem que, em carta aberta, a dirigiu e bem aos candidatos a presidente do maior partido da oposição. Percebo bem o momento e a oportunidade da carta aberta a quem ser eleito, o PSD/PPD tem história no percurso da Enfermagem Portuguesa e tem muitos militantes enfermeiros que podem neste processo eleitoral influenciar o resultado. O candidato que nesta campanha eleitoral tiver a coragem de falar olhos nos olhos aos seus militantes enfermeiros e assumir com esses, compromissos de melhoria e dignificação da classe, será o justo vencedor e terá no futuro um universo muito maior de apoiantes e eleitores. Aguarda-se por esse candidato, amigo Humberto!
ResponderEliminarCaríssimo amigo e colega, concordo e e subscrevo. Muito obrigado
ResponderEliminarParabéns senhor enfermeiro Humberto Domingues. A sua chamada de atenção aos candidatos do PSD à presidência do partido, sobre a necessidade de os enfermeiros serem minimamente respeitados pelo "poder".
ResponderEliminarEu diria aos candidatos que vejam a legislação deixada pela então ministra da saúde Leonor Beleza. Esse quadro legislativo contemplava a ação dos em todos os níveis da organização do ministério da saúde. Os lugares de direção e chefia eram ocupados por concursos públicos, e portanto por direito. Quem tem medo dos concursos públicos?