quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

COMUNICAÇÃO EM SAÚDE. UMA FERRAMENTA ÚTIL?

COMUNICAÇÃO EM SAÚDE. UMA FERRAMENTA ÚTIL?

Gentileza: contabeis.com.br

Vivemos na modernidade, na geração das tecnologias, dos ecrãs, na afirmação e ocupação do espaço social e outros, pela Inteligência Artificial (IA). Na Saúde como noutras disciplinas, a IA é útil, rápida e instrumento gerador de dados, metadados e indicadores, muito actual e aliada da gestão. Ninguém tem dúvida disso! Mas comunicação é comunicação e até para nos “relacionarmos” com as máquinas, precisamos de comunicar através de uma linguagem muito própria, onde algoritmos e fórmulas matemáticas, marcam o passo, desta forma “científica”, actual.

Comunicar entre as pessoas é inato. Saber comunicar é mais difícil, mais trabalhoso e varia conforme os contextos, percebendo-se sempre e com suporte a definições sociológicas que “a Comunicação refere-se à transferência de informação de um indivíduo ou grupo de indivíduos para outro, quer pela fala, quer através de outro meio”. Poderemos falar de sinais de fumo, do rufar dos tambores, ao uso do papiro desde o tempo dos Romanos, até ao papel de hoje, mais ou menos brilhante e múltiplas cores, nas comuns folhas A4, por SMS, ou “post” das novas tecnologias. Isto é Comunicação! E o Mundo pela teoria do filósofo e teórico da comunicação Marshall McLuhan, tornou-se na “aldeia global” com o uso dos meios de comunicação social electrónicos.
Nada se faz sem Comunicação! E esta tem de ser adequadamente trabalhada de acordo com o que queremos comunicar e onde queremos comunicar. Quem são os receptores da mensagem. Em que contexto estamos a comunicar.


A “Comunicação em Saúde”, é por isso difícil, desafiante e uma ferramenta imprescindível na relação entre os próprios Profissionais e Equipas de Saúde e os Pacientes e Familiares, destes. Para além de difícil é multifacetada, assente muitas vezes em diagnósticos, linguagem técnica sofisticada, ideias e sentimentos, entre todos os seus intervenientes. Muito do sucesso ou fracasso e adesão ao tratamento inicia-se precisamente com uma boa ou má comunicação. A relação de confiança está aqui presente e inserida.

Perante estas realidades, esta Comunicação exige uma série de parâmetros para a tornar eficaz, quiçá eficiente: clareza e objectividade, empatia, a escuta activa, adaptação à linguagem e ao contexto.

Temos para nós 3 exigências inamovíveis que devem estar presentes: A relação do Profissional de Saúde com os pacientes; As campanhas de informação claras e objectivas para o que se pretende, em termos de Saúde Pública; E na gestão de crises e catástrofes na Saúde – temos como exemplo desastroso, a má comunicação, cheia de ruídos e de “vários actores”, durante a Pandemia Covid-19, o que não deve acontecer! Assim, esta deve ser muito específica, objectiva e clara.

A “Comunicação em Saúde” encontra inúmeras barreiras que dificultam muitas vezes o sucesso ou melhores resultados e indicadores, começando pela falta de tempo dos Profissionais, decorrente do volume e sobrecarga de trabalho, com momentos menos personalizados. A ansiedade e o medo presente pode influenciar a compreensão e o reter de informação pelo paciente/familiar. A falta de empatia e o sobranceirismo dos Profissionais podem motivar distanciamento, dificultando a comunicação. As incertezas de diagnósticos, refugiando-se em linguagem e termos técnicos, para não demonstrar insegurança ou ignorância, ou qualquer outro sentimento. As possíveis patologias ou limitações inerentes à idade, como a diminuição da acuidade visual ou auditiva podem efectivamente limitar a compreensão do que é transmitido. E as diferenças culturais, cada vez mais presentes, nesta “aldeia global”, onde crenças e valores enraizados, atribuem significados diferentes ao que é comunicado. E como ponto importante destas barreiras, a falta de treino em comunicação de forma a torná-la mais clara, efectiva e assertiva, é um grande obstáculo a ultrapassar.

O respeito pelas diferenças e o reconhecimento das limitações são passos importantes na dignificação da relação entre todos, pacientes incluídos, para o sucesso da Comunicação em Saúde.

Na Saúde pretende-se e é necessária que a comunicação seja humanizada, eficaz, centrando-se no paciente, trazendo ou construindo-se uma melhoria da qualidade de vida, deste.

Assim, a Comunicação em Saúde, assume-se como uma estrutura de suporte central na “construção de um edifício” que não pode/não deve “sofrer abalos”, para uma confiança e sistema mais claro, humano e de eficiência, para os objectivos a atingir.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.01.29

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

ASSEMBLEIA GERAL DO COLÉGIO DE ESPECIALIDADE DE ENFERMAGEM COMUNITÁRIA

ASSEMBLEIA GERAL DO COLÉGIO DE ESPECIALIDADE 
DE ENFERMAGEM COMUNITÁRIA
2025.01.25
INSTITUTO JEAN PIAGET


Decorreu nas instalações do Instituto Jean Piaget de Gaia, a 2a. Assembleia Geral do Colégio de Especialidade de Enfermagem Comunitária, onde fiz uma intervenção antes da Ordem do Dia, sustentada em 3 pontos, a saber:



Congratulação pela realização da Convenção dos Enfermeiros, em Fátima, pela:
  • Forma brilhante como decorreo o evento;
  • Pelo facto dos Membros da Mesa deste Colégio terem moderado mesas e painéis e pelo que trouxeram à discussão, visibilidade do trabalho, que fazemos no terreno e na Comunidade;
  • Pela demonstração da Inteligência Artificial (IA) será um parceiro da Enfermagem, mas não substituirá a Enfermagem;

Congratulação pelo trabalho do Digníssimo Bastonário, Enf. Luís Filipe Barreira
  • Na elevação com que tem realizado toda a representação da Ordem dos Enfermeiros;
  • Pela afirmação da Enfermagem:
    • Trabalho diplomático e de influência;
    • Junto de todas as forças políticas e outras entidades;
    • Na defesa permanente da Enfermagem e na afirmação desta junto da Comunidade;
    • Pela presença na Comunicação Social, sempre esclarecendo e defendendo a Enfermagem;


Congratulação pela aquisição da nova sede para a Ordem dos Enfermeiros
  • Porque vem trazer dignificação aos Enfermeiros e Ordem;
  • Na modernidade que se pretende;
  • Na visibilidade que se vai traduzir;
  • Na facilidade de trabalho ao se ter uma Sede moderna, porque se vai traduzir num grande passo para a afirmação e visibilidade da Ordem e da Enfermagem.
Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.01.27

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

CASO ANTÓNIO GANDRA D`ALMEIDA


CASO ANTÓNIO GANDRA D`ALMEIDA

INTERESSES E FALTA DE PUDOR?
A POLÍTICA NO SEU PIOR!


Não consigo perceber, nem aceito que uma personalidade, escolhida e escrutinada (imaginem se não fosse) como o Dr. António Gandra D'Almeida, ao que parece, com estas melindrosas e condenáveis sobreposições/promiscuidades, a serem confirmadas, seja nomeado para um importante lugar, de uma entidade do SNS (DE), pondo em causa, o melhor que se pretende e deseja, no âmbito da Saúde.

Interesses e falta de pudor? A política no seu pior!

Não aceito!

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.01.21

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

A SAÚDE ESCOLAR NA PREVENÇÃO E NA INCLUSÃO

A SAÚDE ESCOLAR NA PREVENÇÃO E NA INCLUSÃO

A Saúde Escolar (SE) é um parceiro activo, de trabalho, de intervenção, de ajuda na reflexão, na promoção da saúde e hábitos de vida saudáveis e prevenção da doença, na vida dos Agrupamentos Escolares/Escolas não agrupadas/Escolas Privadas e Escolas Profissionais. Esta parceria atravessa diversos programas e projectos, desde a sexualidade a várias dimensões da prevenção: infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), Vírus do Papiloma Humano (HPV), gravidez indesejada na adolescência, saúde mental, violência no namoro, no consumo de substâncias aditivas, na alimentação, etc…...

As Escolas face à dimensão que hoje têm, estabelecidas em Agrupamentos ou não, deixaram de ser as Escolas de Outrora, com as suas virtudes e defeitos num contexto próprio da época, para passarem a ser uma “Comunidade Escolar” com as vicissitudes que as comunidades têm e potenciam. A sua População discente é, e por isso, em muitos casos, uma fiel representação de toda a Comunidade que está na abrangência/influência do Agrupamento Escolar do seu território.

Os Agrupamentos Escolares/As Escolas não são todas iguais. E ainda bem! Têm projectos pedagógicos diferentes, prioridades diferentes e visões diferentes, sobre o território e a sua Comunidade. Enquadrados em diferentes realidades onde se inserem, urbanas, do litoral ou do interior, as oportunidades também são diferentes. E por isso, também, a importância da SE.

A SE rege a sua intervenção assente no “Programa Nacional de Saúde Escolar” (PNSE). As intervenções desta devem ser numa metodologia de projecto e com prévio diagnóstico de necessidades para “mostrar e encontrar” e definir as prioridades. Longe vai o tempo em que a SE era o “toca e foge” em sessões avulsas, às vezes pouco estruturadas e de utilidade discutível. Intervir na Escola e na sua Comunidade, é estabelecer uma relação com/no Individuo, na Família e no Grupo. Daí que, a SE é um trabalho delicado, multifacetado, com fronteiras não perceptíveis à primeira vista, e que pode tocar em questões sociais ou societais minuciosas e sensíveis a pensamentos, formatos e juízos. Trabalhar a Comunidade Escolar é também trabalhar, não só com os Discentes e Corpo Docente, mas também outros activos, similarmente importantes, como a Associação de Pais e Encarregados de Educação. Hoje começam a emergir diferentes credos e religiões no seio da Comunidade, que podem, para o bem e para o mal, turvar ou desfocar as intervenções em/de Saúde, particularmente, a nível da sexualidade.

Está a ser ultimado um novo PNSE. Resta-nos aguardar para saber “que roupagem nova” vai trazer e quem o vai implementar no terreno e com que recursos.

Daquilo que conhecemos, grande parte da SE é feita no largo, amplo e útil trabalho, pelos Enfermeiros, através das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC), com alguma colaboração da vertente da Saúde Pública e onde, em honrosos casos também, tem a Autarquia Municipal como parceiro.

Há um vasto trabalho de dedicação, de projectos, de inovações, feito e implementado no terreno, ao longo do território, que só é possível, face ao conhecimento, carolice e parceria da Enfermagem, da Saúde Comunitária no global, em todos os tipos de Escolas, atrás referidas. Para realizar tão vasto trabalho de articulação entre todos os Profissionais da Saúde, da Educação das Forças de Segurança/Escola Segura e outros “Actores Sociais”, é necessário conhecer bem o processo, colocar dedicação, empenho e investimento, confrontado muitas vezes, com a falta de recursos humanos, materiais, viaturas para a deslocação e a não valorização do trabalho de Prevenção e de diminuição da literacia em Saúde que aqui está implícito. A ignorância, por vezes, leva a questionar a “estratégia, sem se conhecer a táctica” e a razão de intervenção!

O Presente e todo o caminho e percurso já feito diz, que é necessário investir mais na SE. É preciso proporcionar às Equipas mais recursos, perceber o que são rácios e dotações seguras para responder a um universo exigente e tão grande de alunos, nos diferentes estadios de crescimento, evolução e aprendizagem. É preciso compreender a grandeza de todo este trabalho e possibilitar/criar Equipas multidisciplinares, reais, com alocação de horas necessárias para respostas efectivas. É necessário investir na formação de Profissionais especializados e idóneos para trabalhar esta área na educação destas crianças e jovens adultos para torná-los capazes de tomarem decisões com base no conhecimento e informação, face aos desafios e tentações que “se oferecem” todos os dias. Que sejam capazes e saibam dizer NÃO!

Promover a investigação em SE é modernizar e valorizar tão amplo trabalho. Possibilitar que cada Agrupamento Escolar ou Escolas, conforme a sua dimensão, possua um Enfermeiro e que este “não passe” na Escola, mas “esteja na Escola”. E que da mesma forma que há um Psicólogo para as Escolas, passe também a haver um Assistente Social, face a uma dimensão de carências, necessidades e de inclusão que existe, aumentado pela mobilidade geográfica de Indivíduos, Famílias e Comunidades, que se instalam nos territórios, fugindo às guerras, procurando trabalho ou deslocados por outras razões.

Tratar hoje das Comunidades Escolares é investir para se conseguir um futuro inclusivo, tolerante, multicultural, mas essencialmente, saudável e informado.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.01.16

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

DESINFORMAÇÃO OU PRECONCEITO? UMA RESPOSTA A HENRIQUE RAPOSO

DESINFORMAÇÃO OU PRECONCEITO?
UMA RESPOSTA A HENRIQUE RAPOSO

Os enfermeiros não são heróis acidentais nem coadjuvantes no palco da saúde. São protagonistas indispensáveis, cuja dedicação vai além de qualquer reconhecimento superficial
10 janeiro 2025 11:27

Recentemente, Henrique Raposo, cronista do Expresso há longos anos, publicou um texto intitulado “Recuso ser visto por um médico que só quer fazer 150 horas extraordinárias”, em que, a dado momento, escreveu: "Sem o trabalho além do horário de funcionário, um médico não será um médico, será um enfermeiro com mais galões no ombro."

Esta afirmação não só reflete uma visão desinformada sobre a profissão de enfermeiro, como perpetua preconceitos que são ofensivos e desrespeitosos para uma profissão central em qualquer sistema de saúde.

E não é a primeira vez que Henrique Raposo adota um tom depreciativo em relação aos enfermeiros. Poderíamos, simplesmente, interpretá-lo como fruto de ignorância ou falta de compreensão sobre o que realmente significa ser enfermeiro, mas é importante que se aborde esta questão através de uma dimensão mais ampla: o papel dos enfermeiros no sistema de saúde, a evolução da profissão e a visão, ainda distorcida, de alguns segmentos da sociedade.

Aquela frase carrega, implicitamente, a ideia, completamente errada, de que os enfermeiros seriam uma versão "menor" de médicos. Ora, a enfermagem é uma profissão autónoma, regulamentada e baseada em evidências científicas, com um corpo de conhecimentos próprio que a diferencia de qualquer outra profissão de saúde.

Ser enfermeiro não é "um passo a menos" para ser médico, é uma escolha consciente e uma vocação que exige competências específicas e um olhar distinto sobre a saúde. Os enfermeiros não querem ser médicos. Não porque lhes falte qualquer capacidade, mas porque escolheram uma profissão que está enraizada em algo que vai além do diagnóstico e do tratamento: o cuidado humanizado, contínuo e integral, que coloca o doente no centro de todos os atos.

Além disso, a ideia de que a enfermagem pode ser "funcionalizada" — ou seja, limitada a horários rígidos de trabalho — também mostra uma total falta de compreensão sobre a realidade. Os enfermeiros dedicam-se a um trabalho que não é compatível com um horário normal, acompanham o doente em todos os momentos da vida, da entrada à saída do sistema de saúde, da prevenção à reabilitação. Contudo, este compromisso não pode ser confundido com esgotamento ou exploração laboral.

Na enfermagem, o trabalho fora do horário normal é uma realidade comum, mas deve ser encarado como um esforço excecional e não como norma. Aliás, os enfermeiros são os campeões das horas extraordinárias no SNS, um reflexo da carência crónica de recursos humanos e da crescente pressão sobre o sistema de saúde. Estas horas, realizadas frequentemente em condições de exaustão física e emocional, representam muito mais do que números em folhas de cálculo: são um testemunho da dedicação de quem, muitas vezes, sacrifica o seu bem-estar e vida pessoal para garantir a continuidade dos cuidados prestados aos doentes. O verdadeiro compromisso com a saúde não se mede em horas extraordinárias, mas na capacidade de manter a excelência sem comprometer a saúde mental e física do profissional.

A romantização do trabalho extenuante, destacada por Henrique Raposo, revela uma visão perigosa sobre as profissões de saúde. Não se é melhor enfermeiro ou médico pelo número de horas extraordinárias realizadas, mas pela competência, ética e pela capacidade de oferecer um cuidado seguro e eficaz. Exigir que profissionais de saúde se submetam a um esgotamento extremo para provar o seu valor é, no mínimo, uma irresponsabilidade que coloca em risco os profissionais e os doentes.

Nos últimos 50 anos, a enfermagem passou por uma evolução exponencial, tanto em Portugal como no mundo. Hoje, é uma área de alta especialização, com enfermeiros a assumir funções autónomas e a desempenhar papéis fundamentais em todas as áreas clínicas e também na gestão de serviços de saúde, docência, investigação, etc.

É importante que os mais desatentos saibam que, atualmente, os enfermeiros portugueses lideram projetos de inovação em saúde, desenvolvem investigação científica e participam na formulação de políticas públicas de saúde. Esta evolução, bem como a dedicação de gerações de enfermeiros que lutaram por educação de qualidade, regulamentação profissional e condições dignas de trabalho, contribuiu para um maior reconhecimento social da profissão.

Apesar deste avanço, ainda há um caminho a percorrer. A sociedade, embora cada vez mais consciente do papel essencial dos enfermeiros, continua a precisar de ser esclarecida, como demonstra o texto de Henrique Raposo.

A enfermagem é uma profissão nobre, cuja dedicação é direcionada exclusivamente para o bem-estar do outro. Subestimar o valor de um enfermeiro é, em última análise, desrespeitar todos aqueles que diariamente contribuem para salvar vidas e melhorar a saúde dos portugueses.

Quem minimiza o trabalho dos enfermeiros, ignora a complexidade da sua intervenção, o impacto que tem na vida dos doentes e o esforço diário necessário para exercer a profissão. A crítica, baseada numa visão distorcida, revela, afinal, mais sobre a falta de conhecimento de quem a profere do que sobre a realidade da enfermagem.

Os enfermeiros não são heróis acidentais nem coadjuvantes no palco da saúde. São protagonistas indispensáveis, cuja dedicação vai além de qualquer reconhecimento superficial.

Comentários como os de Henrique Raposo não diminuem a força, a grandeza ou a importância da enfermagem. Mas, ainda assim, seria bom que se pudesse retratar junto dos seus leitores.

Por fim, a todos enfermeiros portugueses que se sentiram ofendidos, e foram muitos, quero dizer-vos que são insubstituíveis. O vosso papel não é menor, é único e essencial. A dignidade da profissão de enfermeiro merece ser respeitada, valorizada e, acima de tudo, compreendida. E, mesmo diante de visões distorcidas, jamais desistam de lutar por um futuro mais humano e justo para todos.

Bastonário da Ordem dos Enfermeiros
Enf. Luís Filipe Barreira
2025.01.10

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

QUE DESAFIOS 2025 PODE TRAZER PARA A SAÚDE?

QUE DESAFIOS 2025 PODE TRAZER PARA A SAÚDE?


Não é pela passagem de ano que os factos se alteram por si só. Muito menos na Saúde!

Porque falamos mais sobre Saúde; Porque questionamos mais sobre as consequências ecológicas, económicas e sociais na Saúde; Porque os recursos são sempre escassos, face a tantas solicitações, de problemas do passado por resolver e novos que surgem a cada momento; Porque a Saúde está mais politizada, como nunca esteve e porque nos toca pessoalmente; A Saúde está na agenda política e do quotidiano de cada Cidadão.


Há questões da Saúde que são cada vez mais globais e não deste ou daquele País, desta ou daquela região e a mobilidade e a “Geografia da Saúde”, são cada vez mais demonstrativas dessa realidade.



Acreditamos que 2025 será um ano muito preenchido com questões da Saúde. Por um lado na implementação e consolidação de prioridades, governança na Saúde e opções do Governo, na mudança de Conselhos de Administração e alteração de filosofia de trabalho que as Unidades Locais de Saúde (ULS) estão a impor. Por outro lado, as inovações tecnológicas, avanços científicos e Inteligência Artificial (IA), nas mudanças demográficas e o que isto pode impactar nas condições de saúde e no acesso aos cuidados. E ainda, a importância dos Recursos Humanos, que cada vez mais escasseiam, emigram e mudam de profissão, face aos baixos salários, ao desgaste emocional e físico a que estão permanentemente sujeitos, e à falta de uma carreira que estimule a fixação destes profissionais, com maior preponderância para Enfermeiros e Médicos.


Vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, um olhar diferente sobre todas estas e outras questões da “Saúde” em particular e, da “Saúde Pública”, em geral. Poderemos atrever-nos a reflectir brevemente sobre algumas.

Doenças Crónicas e envelhecimento das Populações:
A População Portuguesa e também a mundial estão a envelhecer de forma acelerada. A “esperança de vida” vai aumentando e a natalidade diminuindo, com particular registo nos países desenvolvidos. Mas associada a esta realidade, há uma prevalência aumentada de doenças crónicas e toda a comorbilidade em torno da “diabetes tipo 2” das doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e neurodegenaritivas (ex: Alzheimer, Parkinson).

Saúde Mental e o bem-estar das Populações:
No estadio em que vivemos, podemos chamar à Saúde Mental, como a “patologia e a preocupação da modernidade”, porque esta afecta de forma crescente e preocupante, a População das diferentes faixas etárias.
As solicitações ao desempenho são muitas, o stresse é constante, a competitividade desde tenra idade está presente em cada momento, potenciando transtornos mentais, depressões, ansiedades e angústias.
O consumo de medicação, substâncias aditivas e estimulantes, está cada vez mais presente e afecta as Pessoas de hoje e de amanhã.
Será muito desafiante a resposta da “Saúde Mental” às necessidades dos Cidadãos e Populações, numa solução efectiva, mais próxima, numa abordagem terapêutica sem estigmas e onde o despertar para a doença mental, consciencialize em termos de “Saúde Pública”, esta existência e realidade.

A Eco-Saúde, a Saúde Ambiental e as Mudanças Climáticas:
A “Saúde” é de tal forma necessária, abrangente, exigente e multifactorial, que é sujeita a inúmeras pressões, criando a outras disciplinas a importância e implementação de inovações ao nível do pensamento, das atitudes e na obtenção de resultados.
As “mudanças climáticas” através das alterações de temperaturas, poluição do ar e da água, inundações e secas prolongadas, têm impacto directo nas condições de saúde das Populações, facilitando múltiplas doenças, infecções respiratórias e de vários foros. Noutro contexto importa um olhar minucioso e cuidado sobre a segurança alimentar, a qualidade dos produtos e o acesso ao consumo de água potável.
O comportamento colectivo do Cidadão e Nações, pode contribuir e muito, para a estagnação do aquecimento global, a diminuição dos gases e efeito de estufa e a consciencialização para o fortalecimento e implementação de políticas públicas de “Saúde Ambiental”.

Desigualdades no Acesso aos Cuidados de Saúde – O papel da IA e da Tecnologia:
A existência de condicionalismos geográficos, sociais e económicos, condiciona e muito o acesso aos cuidados de saúde, criando um fosso de desigualdades entre Cidadãos e Regiões. Esta é uma barreira difícil de transpor. Poderá a tecnologia, a IA e as teleconsultas facilitar e tornar mais integrador, os cuidados de saúde? Diminuir as diferenças no acesso e a realização de exames de diagnóstico?
A confiança assenta no potencial da tecnologia para esbater estas diferenças. A IA está aí para ajudar no tratamento de dados, nos diagnósticos mais precisos e rápidos e essencialmente, o mais desejável, que ajude a trabalhar a “Prevenção”.
Contudo, por mais que haja tecnologia moderna, IA cada vez mais presente, serão sempre precisos e necessários Profissionais de Saúde, com especialização diferenciada, com proximidade e humanismo, junto dos doentes e Famílias. Para além disso, outros desafios geográficos, bélicos, tecnológicos e ambientais se colocarão, no pensamento estratégico e de planeamento em Saúde a adoptar.

Para o cuidar e tratar de todas estas patologias, que exigirá um acompanhamento contínuo, implicará muitos Recursos Humanos e materiais, a ampliação dos cuidados domiciliários e o aproveitamento das novas tecnologias e IA para a monotorização dos doentes, desde o seu domicílio ou região. O modelo integrador, acessível e personalizado por um lado e, por outro, a promoção do bem-estar, das condições de saúde e a Prevenção, poderão ser a “chave” para responder a novos e velhos desafios e dar oportunidade ao potencial aproveitamento da inovação da ciência, pondo-a ao serviço do Cidadão.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2025.01.01

URGE UM PACTO DE REGIME PARA A SAÚDE

URGE UM PACTO DE REGIME PARA A SAÚDE Fonte: Cortesia "Report" e elaboração própria Sentimos já os soundbites das promessas eleito...